segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Se você pudesse salvar apenas uma coisa, o que salvaria?

Eu estava revivendo os acontecimentos da semana para escrever o post e de tudo o que vivi e vi, o que não sai dos meus pensamentos é a foto de Ceso Azevedo que rolou essa semana no facebook e que me levou a refletir nos nossos “bens materiais” tão preciosos que insistimos em acumular...

Começando do início, nossos antepassados nômades não tinham condições de acumularem muitos bens, possuiam uma ou outra ferramenta, alguns utensílios e ornamentações. O bem mais precioso que o homem primitivo poderia cultivar estava dentro dele mesmo, o seu cérebro. Há uma teoria que acredita que a nossa “inteligência” deu esse salto tão grande devido a uma seleção sexual promovida pelas fêmeas na busca pelo macho que ao invés de bens, acumulava devedores. Esses devedores em algum momento foram beneficiados pela inteligência de poucos machos, que lhes ofereceram proteção, comida ou que de alguma forma os convenceram de que deveriam lhes serem gratos. Os leitores de mente e os enganadores dos leitores formaram uma co-evolução que resultou na nossa espécie. Nesta época as relações sociais eram os bens mais preciosos. Com o aprimoramento de técnicas para domesticar plantas e animais o homem passou a ter residências fixas em terras férteis, isso a cerca de 12.000 anos (o que é muito recente perto dos nossos cerca de 200.000 anos). A partir desse momento o homem deixou de usar suas armas para alimentação e passou a usá-las para defender seus bens, transformando-se de caçador para guerreiro (essa é a ideia passada pelo filme a dez mil anos). O aprimoramento das moradias e dos métodos de defesa transformou o homem em acumulador de coisas. Todos os mecanismos biológicos, etológicos e psicológicos relacionados com o comportamento natural da territorialidade, são transferidos para objetos. Inclusive se mata e se morre por coisas bem estranhas.

Com o decorrer do tempo os objetos ganharam formas e valores distintos e quanto mais objetos diferentes são criados, mais o homem quer tê-los e guardá-los. Se você der uma olhada bem rápida no seu armário vai se surpreender com tantas coisas que você possui, coisas que você não precisa e coisas que você nem sabe que tem. E a cada dia você compra novas coisas. Não joga fora, nem doa as antigas, pois cada uma delas tem um valor intrínseco, mas qual é o valor? Inclusive existe algumas psicopatologias relacionadas com esse comportamento. Agora até me lembrei de outra coisa que tenho percebido. As pessoas estão tão preocupadas em acumularem coisas que quando fazem uma viagem ou vão a uma festa, mais importante que a experência é juntar coisas que as façam lembrar do momento que nem foi vivido de fato. A revista mente e cérebro de dezembro trouxe uma nota do psicólogo Christian Ingo Lenz Dunker sobre a diferença entre vivência e experiência que caracteriza bem a minha percepção. Hoje temos avós, pais, amigos de facebook. As pessoas se econtram para tirarem fotos e postarem se rotulando como modelos exemplares, que existem apenas nas fotos. O que estamos acumulando? ? ?

Estamos no verão, e isso no Brasil significa? Chuva! e chuva significa? Enchentes! Mortes! Perdas! Hoje vi uma reportagem dos animais de estimação que são deixados para trás. Lógico! É preciso salvar o carro, a geladeira e as roupas. Essa mesma semana soube de alguns “conhecidos” que estão ganhando uma grana preta, fazendo o quê? Vendendo cachorrinhos, uma ninhada atrás da outra, muitos mil reais no bolso, desgaste físico e mental total da fêmea. Parece confuso? Pessoas criam cachorrinhos, que são comprados com preço de objetos e obviamente têm valor de objetos, que no momento da escolha do maior valor, não serão colocados no início da lista. E novamente pergunto por que acumulamos tantas coisas? Quando eu era pequena as vezes pensava se pegasse fogo na minha casa e eu pudesse pegar apenas uma coisa minha, o que pegaria? Hoje gostaria de fazer essa pergunta a você: Se você hoje só pudesse pegar uma coisa sua e levar contigo, o que pegaria?

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