Avanços da Bioacústica





Série Ensaios: Aplicando a Etologia no dia-a-dia

Avanços da Bioacústica

Por Helyn Barddal

A bioacústica é uma ciência que consiste no estudo dos sons emitidos por animais. Os sons representam sinais de comunicação e têm, portanto, um papel fundamental no comportamento das espécies que os usam. Ela combina a biologia, física, engenharia entre outras áreas para investigar a produção sonora, sua dispersão e recepção pelos aniLinkmais, incluindo os homens. O resultado dessa interdisciplinaridade nos dá alguma evidência acerca da evolução dos mecanismos acústicos e comportamentais, e a partir disso, consegue-se discutir evolução. Indícios de estudos de uma bioacústica primordial foi observado na expedição Langsdorf (1825-1829) com Hercule Florence, que registrou o canto de pássaros a partir de transcrições musicais, sendo esse um modo de transcrição que foi adaptado para o método de “Zoophonia (Vielliard 1993 apud Vielliard & Silva, s/d). A partir de 1960, graças à comercialização de gravadores portáteis, pode-se captar, guardar e recriar os sons dos animais e com o crescente acervo de captações, houve necessidade de criação de uma sonoteca, que abriu caminho para o desenvolvimento de outras linhas de pesquisa, como a filogenia, etologia e mais tarde a neurociência. Reconhecida então, como ferramenta de pesquisa, a bioacústica teve contribuição direta na descrição dos sinais de comunicação sonora e dos contextos comportamentais dos animais como respostas a tendências evolutivas e adaptativas. Atualmente a bioacústica proporciona estudos com aprendizagem e memorização, fisiologia da comunicação, estrutura de comunidades e adaptações ambientais, propagação e identificação de sinais. Isso tudo com a ajuda de aparelhos altamente sofisticados e técnicas de campo.No processo de captação, o som é captado por um microfone e registrado num gravador com fita cassete. A escolha do microfone e o ângulo de captação determinam as características da gravação, como a freqüência, partindo-se do pressuposto que muitas espécies não somente emitem sons de freqüências altas, mas também modulações rápidas que exigem um microfone de alta sensibilidade e baixa inércia como a parabólica ou um modelo eletrodinâmico, mais robusto e mais barato (Vielliard & Silva, s/d). Ainda existe o suporte da tecnologia digital, que oferece programas de computador de edição de som como o Canary e várias opções de mídia de gravação, como sistemas com discos (mini-discos ou discos rígidos-HD) ou cartões de memória (gravadores solid state) e para que a gravação tenha caráter fidedigno e possa ser incorporada a um acervo, deve-se atentar a lista de dados essenciais que precisa acompanhar cada gravação, conforme o padrão internacional estabelecido em 1990 (Vielliard & Silva, s/d). A análise dos sons gravados é realizada principalmente por um sonógrafo digital, introduzido por volta de 1980 Ele produz uma representação gráfica, ou sonograma, dos três parâmetros sonoros, freqüência, tempo e intensidade. Sabendo-se que o repertório vocal é uma informação extremamente valiosa para entender o comportamento de uma espécie, começou-se a utilizar a técnica do play-back. Essa técnica consiste em emitir um som Linkpreviamente gravado e avaliar a resposta do animal, considerando-se o ciclo biológico e que respostas são dadas a partir de um padrão de adaptação e sobrevida. A bioacústica continua avançando e pode ser aplicada em diversas áreas. Consegue-se hoje determinar a ocorrência de uma espécie num determinado local utilizando-se a ecolocalização ou se estimar a biomassa da flora marinha com o infrassom ou sonar, que também é usado na ictiologia onde o som propagado é usado para comunicação e localização.É importante saber usar essa ciência para obter dados científicos ou relevantes e para não causar estresse ao animal, pois ela tende a continuar avançando e trazendo benefícios e responsabilidades ao mundo científico.

Esse ensaio foi baseado nas obras

http://www.aultimaarcadenoe.com/bioacustica.htm

Vielliard, J. (1993). A Zoophonia de Hercule Florence. Edit. Univ., UFMT, Cuiabá.