domingo, 30 de outubro de 2011

Zooterapia: uma relação de Simbiose ou Parasitismo?


Seguindo o pensamento do post anterior e uma reflexão levantada pelo Grito do Bicho gostaria hoje de refletir sobre a Zooterapia. Zooterapia é o nome dado para terapias humanas que têm o animal como objeto de cura esteja ele vivo, morto ou apenas algumas partes do seu corpo. Há quem não concorde com esse “uso”, pois considera que há uma exploração do outro animal que passa a existir apenas para servir o homem. Há porém outros pontos de vista que vêm a relação como uma simbiose e que ambos se beneficiam dos momentos juntos. Inúmeros estudos têm mostrado que o convívio com os outros animais traz inúmeros benefícios para saúde física, mental, social e espiritual do homem, facilitando as relações sociais e aumentando a sobrevivência. A interação com outros seres sem dúvida nenhuma nos traz elementos essenciais para nosso bem-estar e talvez negligenciados por muitos. As sensações táteis, sonoras, odoríferas e visuais, a empatia, a resposta, a sensação de ser apreciado e compreendido por alguém, enfim, são muitos os benefícios oriundos dessa relação. Existem diferentes tipos de Zooterapia: Ingestão de animais como medicamentos; uso de sanguessugas para melhoramento da circulação; uso de larvas para retirada de tecidos necrosados e tratamento de feridas; a apiterapia que usam abelhas vivas para picarem os pascientes; peixes que fazem massagem nos pés ao retirar células mortas; cães podem auxiliar depoimentos estressantes; auxiliar no tratamento fonoaudiológico; cães que são utilizados como guias; A Hipoterapia (cavalos) para pessoas com problemas físicos e mentais e a psicoterapia a cavalo e a bototerapia (botos e golfinhos). Em Curitiba um projeto da prefeitura leva coelhos, pintinhos, patinhos, porquinhos-da-índia, hamster, furões, tartarugas, jabutis e cobras para crianças e idosos que não conseguem ir até o zoológico, assim como cães de voluntários visitam crianças em hospitais em diversas regiões do Brasil . A Terapia Assistida por Animais (TAA) se originou na Inglaterra no século XVIII para tratamentos de doentes mentais, e se caracteriza por intervenções direcionadas, individualizadas e com critérios específicos em que um animal é parte integral do processo do tratamento. Vários estudos tem apontado que o convívio com os animais é extremamente benéfico e melhora o sistema imunológico, diminuindo estresse e aumenta a qualidade de vida de idosos em asilos Atualmente são disponibilizados Cursos de Zooterapia on line. E você o que acha? Conheces algum caso interessante de zooterapia... conte-nos!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Inaceitável Zoofilia que de “amiga” dos animais não tem nada!


Estamos discutindo recentemente vários atos inaceitáveis do homem com relação aos animais e já deixei bem claro a minha posição contrária ao uso de animais para o entretenimento do homem, inclusive a cada dia os animais utilizados em programas de TV tem me irritado profundamente. Mas a bomba mais recente é a matéria publicada no site da matéria no site da revista Void chamada “tirem os filhotes da sala” de autoria de Gabriela M. O, a qual incentiva e vangloria a zoofilia. A matéria causou uma grande repercussão (veja a lista abaixo) e várias pessoas têm se manifestado, inclusive disponibilizando o contato da autora e da revista. A autora além de ensinar técnicas para atrair diferentes animais justifica a prática dizendo que é um ato de bem-estar animal, uma vez que irá proporcionar prazer para o animal. No curso de BEA uma aluna nos trouxe informações que na Europa já é comum pessoas comprarem cães adestrados para fazerem sexo, uma forma de obter prazer sexual sem a necessidade de se expor a relacionamentos fracassados? Considerando o número de pessoas frustradas, solitárias e com sérios problemas de relacionamento, essa pode ser tornar uma prática comum daqui a pouco tempo, caso algo não seja feito. O sexo interespecífico vem de longa data, todos nós já ouvimos relatos (principalmente de pessoas que vivem na área rural) e o ato é explorado pela indústria pornográfica que cultiva o chamado “sexo bizarro”. Eu mesma me lembro de que esse foi o tema de uma das primeiras palestras que assisti em um Congresso Brasileiro de Zoologia e muito me chocou os relatos com animais como golfinhos e peixes. E o que foi feito esse tempo todo? No caso do “capiau”... havia uma recriminação moral.. Eu mesmo conheço um caso de uma pessoa que se suicidou depois de flagrada fazendo sexo com uma égua. Enquanto que a indústria pornográfica está sendo tolerada ou estão sendo feitas negações para uma prática que pode se tornar comum. Essa prática é legal? De acordo com a revista ANDA, a zoofilia, também conhecida como bestialidade pode ser considerada como crime previsto na Lei Ambiental e qualquer pessoa que porventura tenha conhecimento dessas práticas escabrosas pode registrar ocorrência policial ou, se preferir, encaminhar representação ao Ministério Público Estadual. Deve-se considerar também que a prática pode ser considerada uma patologia (veja essa entrevista abaixo) ou um certo desvio moral e social. De qualquer forma é bem claro para nós que os animais não devem ser usados para o divertimento do homem, uma vez que são subjugados, humilhados e tratados como objetos inanimados. A ciência já avançou bastante e já sabemos bastante a respeito de suas emoções e sentimentos. Agora precisamos fazer esse link entre a academia, a sociedade e o poder público.

Assinem a petição pública contra a zoofilia

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=zoofilia

Vejam essa prova aplicada em Curitiba - inacreditável

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1069336


MOVIMENTO PARA CRIAÇÃO DE LEI ESPECÍFICA CONTRA A ZOOFILIA NO BRASIL - http://www.supertau.com/auqmia/?conteudo=20


A repercussão:

Abuso de animais - Publicação em defesa da zoofilia choca e mobiliza internautas e ativistas Por Fernanda M. Pereira http://www.reporteranimal.com.br/noticias/index.php?id=1103&tipo=2035

Publicação em Defesa da Zoofilia Choca e Mobiliza Internautas e Ativistas - http://programaterritorioanimal.com/2010/04/01/publicacao-em-defesa-da-zoofilia-choca-e-mobiliza-internautas-e-ativistas/

http://www.anda.jor.br/2010/04/01/publicacao-em-defesa-da-zoofilia-choca-e-mobiliza-internautas-e-ativistas/

http://bolhanarede.blogspot.com/2010/03/polemica-local-revista-void-incentiva.html

http://redebichos.ning.com/forum/topics/materia-faz-apologia-e-defende?commentId=3060656%3AComment%3A53487&xg_source=activity

http://adotapraiagrande.blogspot.com/2010/04/zoofiliao-lado-doentio-e-do-ser-humano.html

Site com relatos de Noticias http://subjudice.net/2011/03/moralistas-esperneiem-o-quanto-quiserem-mas-zoofilia-nao-e-crime/

Amor ao Filhote – O que pode levar os pais a arriscarem a vida pelos filhos

Série Ensaios: Sociobiologia


Por André M. Pelanda, Paulo Henrique Utumi e Patrick Afornali



Todo comportamento, materno ou paterno, de cuidado com a prole, até que ela alcance a independência física, é chamado de cuidado parental. O cuidado parental é constituído por um repertório de comportamentos exibidos pelos pais para com sua prole com o objetivo de assegurar a sobrevivência de seus descendentes. Todavia, o custo com o cuidado parental pode reduzir a capacidade dos pais em investir em outras proles. Investimento parental é qualquer comportamento dos pais que aumenta a probabilidade de um filhote sobreviver até a reprodução, às custas da capacidade dos pais de gerarem outros filhotes (TRIVERS 1972). Contudo, se a sobrevivência da prole estiver ameaçada, então o macho deverá se beneficiar ignorando outras possibilidades de acasalamento e investindo em cuidados coma prole. Nas espécies com cuidado parental, o número de descendentes produzidos com sucesso numa estação reprodutiva não é, normalmente, limitado pelo número de indivíduos que uma fêmea pode colocar, mas pelo número de descendentes que os pais podem alimentar (LACK 1968).

Em humanos, os bebês em geral, despertam ternura e comportamentos de cuidado nas pessoas. Para guiar a discussão sobre os diversos fatores que estão relacionados aos sentimentos afetivos direcionados aos infantes, tomaremos como base as quatro questões propostas pelo etólogo Nikolaas Tinbergen link para o estudo do comportamento. Segundo Tinbergen (1963/2005), existiriam quatro perspectivas diferentes para compreender e estudar o comportamento, as quais se remetem a explicações independentes, mas complementares (Alcock, 2001; Izar, 2009).

Assim, as quatro questões se referem a: 1) Mecanismos causais do comportamento, ou seja, mecanismos fisiológicos (neurais, sensoriais, hormonais e motores) envolvidos no comportamento, bem como estímulos que o desencadeia; 2) Desenvolvimento, isto é, a origem ontogenética do comportamento e fatores ambientais envolvidos; 3) Função adaptativa, que diz respeito ao valor do comportamento para a sobrevivência e reprodução; e 4) História evolutiva, que faz referência a como o comportamento se desenvolveu na espécie estudada e por que ele seguiu certo processo evolutivo.

No mundo animal, é possível encontrar alguns exemplos de neotenia. Por exemplo, o axolotle, conserva durante toda a vida brânquias externas e mantêm em geral a morfologia larvar. Quando em cativeiro, ovos originários destas "larvas adultas" conseguem desenvolver-se normalmente e sofrer metamorfose, originando animais adultos "normais", mas não é possível induzir as larvas gigantes a desenvolver a morfologia típica de um adulto.Entre muitos animais de estimação é perceptível a retenção de traços infantis nos indivíduo

s adultos, o que ajuda a promover o sentimento de amabilidade que temos em relação aos mesmos (Archer, 1997 ). Algumas raças de cachorro, como porexemplo, o Maltês e o Yorkshire Terrier , parecem ter sofrido um processo de seleção artificial para o favorecimento da neotenia.

Comparando aos demais primatas, o recém-nascido humano é mais imaturo fisicamente, tanto no aspecto motor como perceptivo (Bjorklund, 1997; Hrdy, 2001). Em muitas espécies de primatas, os filhotes apresentam a pele ou os pêlos coloridos, os quais mudam de cor ao longo da vida e possuem a função de atrair o cuidado de adultos (Gerald, Waitt, & Maestripieri, 2006).

Em uma extensa revisão de literatura, Alley (1980) assinala várias evidências que apontam para a significativa função da coloração infantil entre várias espécies de macacos do velho mundo (Cercopithecidae) e entre grandes macacos (Pongidae). Segundo este autor, dados sobre a ecologia de primatas, além de observações de indivíduos em campo ou cativeiro, indicam que a coloração da pelagem de filhotes pequenos pode estar relacionada à atenção, proteção, tolerância e cuidado por parte de conspecíficos, sendo utilizada para distinguir filhotes dependentes daqueles que já são mais velhos e mais independentes (Treves, 1997 ). Em macacos rhesus (Macaca mulatta), por exemplo, um estudo aponta que fêmeas passam mais tempo com filhotes com faces cor-de-rosa, que é o padrão do recém-nascido nos primeiros dias de vida (Higley, Hopkins, Hirsch, Marra, & Suomi, 1987 ).

O que leva uma mãe rejeitar seu filhote, abandoná-lo ou até mesmo matá-lo? Algumas tendências conhecidas atualmente como o abandono de crianças, o aborto e o infanticídio mostram claramente esse repudio da mãe pelo seu filhote. Quando se fala no tema aborto logo nos vemos de cara com uma serie de conceitos éticos, legais, morais, religiosos que repudiam a sua prática. Esse tema envolve o paradoxo vida versus morte provocada, em uma abrangência que chama a atenção de diversas áreas do conhecimento humano, envolvendo aspectos científicos, religiosos, jurídicos, filosóficos, políticos e, sem dúvida, de saúde pública.

O infanticídio é a pratica de se causar a morte a um recém-nascido. Causar a morte de uma criança que ainda não se formou é algo que geram grandes polêmicas pelo ato de crueldade e causar a morte a uma criança que acaba de nascer consegue ser ainda mais cruel. Podemos ver tamanha atrocidade em alguns casos ocorridos no Brasil e ate mesmo fora dele, como no caso no Estado de Minas Gerais onde uma mãe de 21 anos atirou sua criança após o nascimento em um rio que passava ao lado de sua casa.

Atos como esses ou até mesmo matar seus filhotes deixam pessoas perplexas com tamanho ato de crueldade. Mas talvez possamos explicar isso devido à mãe ter sofrido algum motivo de que levasse ela a cometer essa atrocidade, como por exemplo pisicoses pós-parto, algum tipo de violência, ou até mesmo para sua própria sobrevivência (pensando no sentido de escassez de alimento e um filhote aumentaria mais a competição). No mundo animal não é raro isso acontecer, alguns animais matam suas crias devido a pressão ambiental sofrida por esses animais. Em 2006, o jornal folha online publicou uma matéria sobre uma onça que sofreu pressão ambiental no parque das emas, em Goiás, devido ao isolamento, pois o parque é cercado por plantações de soja, e a superpopulação gerada no local.

Quando o amor se torna uma psicose: Quando este amor é tratado em excesso e quando isso se torna uma doença, mãe e filho sofrem por uma invasão, intransigência, rigidez, descontrole, agressividade, entre outros comportamentos. Quando o amor vira interesse e uma propriedade com excesso de severidade, rigidez, excesso de exigências e imposições, invasão de privacidade entre outros aspectos. Em qual ponto ceder ao apego após crescimento do filho(te). Aspectos que fazem o filho(te) permanecer com a mãe depois de crescer. Amor ao filho(te) adotado. A opinião do grupo que o amor ao filhote se baseia, em sua grande parte, em questões fisiológicas já no início da gravidez com o contato mãe-bebê, esta ligação vai cada vez aumento. Com o passar do tempo, durante o contato físico na hora da amamentação, contato pele com pele, esta atração se intensifica e o cuidado com o filhote também. Mas muitas vezes este cuidado se torna algo forte demais e doentio, atrapalhando assim o desenvolvimento do filho(te).

O presente ensaio foi baseado nas obras:

ALCOCK, J. (2001). Animal behavior: an evolutionary approach (5a ed.). Sunderland: Sinauer Associates.

ALLEY, T. R. (1980). Infantile colouration as an elicitor of caretaking behaviour in old world primates. Primates, 21(3), 416-429.

ARCHER, J. (1997).Why do people love their pets? Evolution and Human Behavior, 18(4), 237-259.

BJORKLUND, D. F. (1997). The role of immaturity in human development. Psychological Bulletin, 122(2), 153-169.

CAMPBELL (Ed.). Sexual Selection and the Descent of Man. Chicago, Aldine, 378p.

CLUTTON-BROCK, T.H. 1991. The Evolution of Parental Care. Princeton, Princeton University Press, 368p.

de CARVALHO, L., OTTA, E.. Interação mãe-filhote em macacos-aranha (Ateles paniscus). Interação em Psicologia, América do Norte, 2, mar. 2007. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/7648/5454. Acesso em: 14 Set. 2011.

GERALD, M., WAITT, C., & MASTRIPIERI, D. (2006). An experimental examination of female responses to infant face coloration in rhesus macaques. Behavioural Processes, 73(3), 253-256.

GUELLER, A., S.. Falhas na operação transitivista materna na síndrome de Münchhausen por procuração. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 12, n. 2, p. 276-284, junho 2009. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v12n2/v12n2a03.pdf. Acesso em: 14 Set. 2011.

HRDY, S. B. (2001). Mãe Natureza: uma visão feminina da evolução. Maternidade, filhos e seleção natural (A. Cabral, Trad.) Rio de Janeiro: Campus.

HIGLEY, J. D., HOPKINS, W. D., HIRSCH, R. M., MARRA, L. M., & SUOMI, S. J. (1987). Preferences of female rhesus monkeys (Macaca mulatta) for infantile coloration. Developmental psychobiology, 20(1), 7-18.

IZAR, P. (2009). Ambiente de adaptação evolutiva. In E. Otta & M. E. Yamamoto (Orgs.), Psicologia Evolucionista(pp. 22-32). São Paulo: Guanabara Koogan.

LACK, D. 1968. Ecological Adaptations for Breeding in Birds. London, Methuen, 409p.

MAYNARD SMITH, J. 1977. Parental investment: a prospective analysis. Animal Behaviour, London, 25: 1-9.

PROTA, F,. Estudo dos laços afetivos entre pais psicóticos e seus filhos: Como os filhos lidam com esse “louco amor”?, Dissertação de mestrado em Enfermagem Psiquiátrica, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-09032010-162738/publico/FernandoDelGuerraProta.pdf. Acesso em: 14 Set. 2011.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vantagens na vida social?

Série Ensaios: Sociobiologia

Vantagens na vida social?

Por Laura Mohtadi e Lina Clasen

A formação de grupos na natureza é muito comum e traz diversos benefícios e facilidades para os indivíduos pertencentes a esses, pois em grupos as chances de proteção aumentam, há mais facilidade na obtenção de alimentos e maior chance de reprodução, tudo isso favorece as taxas de sobrevivência (BURNHAM & PHELAN, 2002). Em animais, como os gorilas é possível encontrar uma boa variedade genética entre as mesmas espécies. Já em humanos, isso não é quase visto, devido ao fato dos grupos não terem ficado isolados por muito tempo, o que gerou uma baixa variedade entre nós. Sendo assim o preconceito sobre as raças de humanos é infundada, pois somos praticamente clones um dos outros, geneticamente falando (BURNHAM & PHELAN, 2002). Em todo caso, os grupos costumam se tornar muito territorialistas, disputando espaço com outros, o que costuma gerar conflitos entre eles. Como no caso dos chimpanzés, os quais vasculham o território alheio e se houver uma vantagem numérica podem atacar os vizinhos. Essa cooperação entre grupos específicos de chimpanzés é vista desde cedo (Vídeo: Chimp Patrol). Conseguimos ver essa cooperação presente nos humanos também, desde a descoberta da agricultura, onde grupos que usufruíam dela tinham mais facilidade em se alimentar e assim maior chance de sobrevivência do que os que viviam da caça e produtos naturais. Porém, vale ressaltar que com o aumento exagerado de grupos a competição por recursos também se eleva e assim mais disputas são traçadas (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). No entanto, observa-se que na maioria dos animais, inclusive o humano, esses conflitos não costumam ser exagerados, nem durar eternamente, havendo momentos de tréguas e cooperação, como no caso dos morcegos-vampiros, vídeos que ilustrem, os quais regurgitam seu alimento para oferecer ao semelhante caso este não tenha conseguido o seu próprio. Os animais em geral são um pouco egoístas, caso façam algum favor entre si, espera-se algo em troca, algum benefício por estarem se esforçando pelo semelhante em um momento, esperando que esse favor seja retribuído algum dia (especialmente o humano), nos outros animais essa troca de favores costuma ocorrer com mais freqüência entre parentes. Ao imaginarmos que numa caça um grupo em conjunto conseguiria uma presa maior vemos a importância de atitudes em conjunto, no caso do morcego-vampiro, ao regurgitar sua comida para outro esse ajuda a fazer com que seu grupo continue grande, aumentando as chances de reprodução (BURNHAM & PHELAN, 2002) O que comprova a necessidade de ganharmos algo em troca fazendo um favor a outro, nunca estamos pensando somente no outro, algum tipo de satisfação em nossas ações precisamos ter, buscando sempre um equilíbrio entre os favores. O ser humano também tem um senso de justiça muito ativo, buscando direitos iguais, no sentido de que conseguimos ignorar alguns impulsos que muitas vezes nos levariam a atitudes egoístas. A formação de grupos se dá então principalmente pela necessidade de compartilhar benefícios para alimentação e reprodução. Porém fica clara a obrigatoriedade de se ver vantagem no outro e que regras são necessárias para o bom funcionamento dessa sociedade que é formada. Dentro da sociedade humana, sua formação sempre apresentou inúmeros fenômenos que surgiram no decorrer de seu desenvolvimento à partir de diferenças e semelhanças entre indivíduos do mesmo grupo, criando diferentes relações de poder (BURNHAM & PHELAN, 2002). A partir do momento em que um homem precisou do auxílio de outro, a partir do momento em que se aperceberam ser útil a um só possuir provisões para dois, a igualdade desapareceu, a propriedade introduziu-se, o trabalho tornou-se necessário, e as vastas florestas transformaram-se em campos vicejantes que foi preciso regar com o suor dos homens, e nos quais logo se viu a escravidão e a miséria germinarem e crescerem com as colheitas. (J. J. Rousseau, 1755/1989, pp.92-93). Na argumentação de Rousseau pode-se concluir que à escravidão e à miséria auxiliaram de forma conjunta o surgimento do preconceito e do racismo. Com efeito, o preconceito e o racismo parecem ser tão antigos quanto são as relações assimétricas de poder entre os homens e a concomitante necessidade de justificação dessas relações fonte. Estudos históricos afirmam que já existia preconceito na antiguidade greco-romana, embora este não fosse um preconceito de base racial, uma vez que não existiam divisões e hierarquias raciais naquela época; mas sim um preconceito de base cultural fonte (Snowden, 1983, 1995). Um fenômeno social muito comum na atualidade é o chamado bullying, que vem da tradução literal do termo bully que significa ameaçar, intimidar, dar trote, fanfarronar e bravatear (Vídeo: Formação de grupos nas escolas pode ser motivo de bullying). As pesquisas sobre bullying são recentes e ganharam destaque a partir dos anos 1990, principalmente com Olweus, 1993; Smith & Sharp, 1994; Ross, 1996; Rigby, 19963, os quais observaram que este ocorre com mais frequência em escolas e locais de trabalho. A prática do bullying consiste em colocar apelidos pejorativos, ofender, intimidar, assediar, amedrontar, discriminar e agredir, podendo ser considerado como uma prática de preconceito, sendo executada dentro de uma relação desigual de poder. O sentimento de superioridade ao ver o outro sofrer não é algo muito compreensível, pois a disputa é por uma questão criada pela sociedade humana do que é considerado um padrão comum, o que não estiver dentro deste padrão imposto é visto como errado e pessoas que necessitam se afirmar menosprezando os outros. Os animais formam grupos para que objetivos sejam alcançados mais facilmente, buscando maior adaptação ao ambiente em que vivem. Esses auxílios não costumam ocorrer apenas pela boa vontade do companheiro e/ou vizinho, e sim pelas vantagens que virão, como, maior proteção, facilidade na obtenção de alimento, maior chance de reprodução, entre outras. Apesar de não ser o moralmente correto, isto tem base genética, é feito com intuito de aumentar as chances de sobrevivência.

Esse ensaio foi baseado nas obras:

BURNHAM, T. & PHELAN, J., A Culpa é da Genética. Tradução C. I. Costa. Rio de Janeiro: Sextante, 2002, 240 p.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: E. Rodrigues, 2001. 328 p.

http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n3/a02v09n3.pdf

http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa06.pdf

Avanços da Bioacústica





Série Ensaios: Aplicando a Etologia no dia-a-dia

Avanços da Bioacústica

Por Helyn Barddal

A bioacústica é uma ciência que consiste no estudo dos sons emitidos por animais. Os sons representam sinais de comunicação e têm, portanto, um papel fundamental no comportamento das espécies que os usam. Ela combina a biologia, física, engenharia entre outras áreas para investigar a produção sonora, sua dispersão e recepção pelos aniLinkmais, incluindo os homens. O resultado dessa interdisciplinaridade nos dá alguma evidência acerca da evolução dos mecanismos acústicos e comportamentais, e a partir disso, consegue-se discutir evolução. Indícios de estudos de uma bioacústica primordial foi observado na expedição Langsdorf (1825-1829) com Hercule Florence, que registrou o canto de pássaros a partir de transcrições musicais, sendo esse um modo de transcrição que foi adaptado para o método de “Zoophonia (Vielliard 1993 apud Vielliard & Silva, s/d). A partir de 1960, graças à comercialização de gravadores portáteis, pode-se captar, guardar e recriar os sons dos animais e com o crescente acervo de captações, houve necessidade de criação de uma sonoteca, que abriu caminho para o desenvolvimento de outras linhas de pesquisa, como a filogenia, etologia e mais tarde a neurociência. Reconhecida então, como ferramenta de pesquisa, a bioacústica teve contribuição direta na descrição dos sinais de comunicação sonora e dos contextos comportamentais dos animais como respostas a tendências evolutivas e adaptativas. Atualmente a bioacústica proporciona estudos com aprendizagem e memorização, fisiologia da comunicação, estrutura de comunidades e adaptações ambientais, propagação e identificação de sinais. Isso tudo com a ajuda de aparelhos altamente sofisticados e técnicas de campo.No processo de captação, o som é captado por um microfone e registrado num gravador com fita cassete. A escolha do microfone e o ângulo de captação determinam as características da gravação, como a freqüência, partindo-se do pressuposto que muitas espécies não somente emitem sons de freqüências altas, mas também modulações rápidas que exigem um microfone de alta sensibilidade e baixa inércia como a parabólica ou um modelo eletrodinâmico, mais robusto e mais barato (Vielliard & Silva, s/d). Ainda existe o suporte da tecnologia digital, que oferece programas de computador de edição de som como o Canary e várias opções de mídia de gravação, como sistemas com discos (mini-discos ou discos rígidos-HD) ou cartões de memória (gravadores solid state) e para que a gravação tenha caráter fidedigno e possa ser incorporada a um acervo, deve-se atentar a lista de dados essenciais que precisa acompanhar cada gravação, conforme o padrão internacional estabelecido em 1990 (Vielliard & Silva, s/d). A análise dos sons gravados é realizada principalmente por um sonógrafo digital, introduzido por volta de 1980 Ele produz uma representação gráfica, ou sonograma, dos três parâmetros sonoros, freqüência, tempo e intensidade. Sabendo-se que o repertório vocal é uma informação extremamente valiosa para entender o comportamento de uma espécie, começou-se a utilizar a técnica do play-back. Essa técnica consiste em emitir um som Linkpreviamente gravado e avaliar a resposta do animal, considerando-se o ciclo biológico e que respostas são dadas a partir de um padrão de adaptação e sobrevida. A bioacústica continua avançando e pode ser aplicada em diversas áreas. Consegue-se hoje determinar a ocorrência de uma espécie num determinado local utilizando-se a ecolocalização ou se estimar a biomassa da flora marinha com o infrassom ou sonar, que também é usado na ictiologia onde o som propagado é usado para comunicação e localização.É importante saber usar essa ciência para obter dados científicos ou relevantes e para não causar estresse ao animal, pois ela tende a continuar avançando e trazendo benefícios e responsabilidades ao mundo científico.

Esse ensaio foi baseado nas obras

http://www.aultimaarcadenoe.com/bioacustica.htm

Vielliard, J. (1993). A Zoophonia de Hercule Florence. Edit. Univ., UFMT, Cuiabá.