Sociobiologia, Psicologia Evolutiva e Etologia humana

Série Ensaios: Aplicando a Etologia

Sociobiologia, Psicologia Evolutiva e Etologia humana

Por Bruna Arendt Rosa

O entomologista e biólogo americano Edward Osborne Wilson (E.O.Wilson Biodiversity Foundation ) publicou, em 1975, sua obra ‘Sociobiologia: a nova síntese’ (Sociobiology: the new synthesis ) caracterizando-a como "o estudo científico da base biológica de todas as formas de comportamento social de todos os tipos de organismos, inclusive o homem". Wilson estudou o comportamento de insetos sociais e uniu os conceitos do comportamento social humano com conceitos da biologia, analisando todos os aspectos que apresentam em comum, ligando assim o homem a natureza. Portanto, a Sociobiologia tem como objetivo principal o comportamento, e tem o propósito de explicar, por exemplo, a razão que leva certos animais a viverem em sociedades enquanto outros tendem a se isolar; ou o significado de determinados gestos e ações de animais e como isso influencia na vida desses organismos (REIS).

A Etologia foi fundada por Konrad Lorenz (Instinto, etologia e a teoria de Konrad Lorenz - ) e Nikolaas Tinbergen (Nobelprize.org) por volta de 1930, e tem como objetivo estudar os comportamentos inatos, ou seja, comportamentos que não dependem, de maneira geral, de um aprendizado do organismo em seu meio de adaptação, nas diversas espécies em ambiente natural. Atualmente pode-se falar em duas tendências: a etologia tradicional e a ecologia comportamental (Princípios de Ecologia Comportamental e Comportamento Alimentar), preocupadas, respectivamente, com as causas imediatas e evolutivas do comportamento. (DE TONI, 2004). A Etologia é caracterizada pela concepção de que, a exemplo dos órgãos e outras estruturas corporais, o comportamento é produto e instrumento do processo de evolução através de seleção natural. Isso significa que o comportamento tem função adaptativa e possui algum grau de determinação genética. A Etologia também propiciou grandes avanços no estudo do comportamento através de contribuições metodológicas, pois a ênfase na observação e na descrição detalhada do comportamento, em situação o mais natural possível, foi fundamental para a compreensão do comportamento de forma mais completa (VIEIRA).

Na Psicologia existem diversas formas e maneiras de explicar o comportamento humano. Contudo, o psicólogo geralmente trabalha com fatores causais próximos e históricos quando procura explicar as razões que levam uma pessoa ou um animal se comportar do modo como o faz (VIEIRA ).O comportamento é o resultado de influências biológicas e ambientais. No caso do ser humano, mais do que separar o que é biológico do que é cultural, deve ser compreendido de que forma essas duas variáveis se integram e interagem entre si. A Etologia se propõe a compreender o comportamento humano com base nesse pressuposto. Embora o ser humano apresente grande capacidade de aprender, essa aprendizagem não ocorre de forma aleatória. As origens do comportamento não estão somente no nascimento ou mesmo durante a vida intra-uterina, mas também durante a história filogenética de milhares de anos atrás. Como exemplo de estudo pode-se citar o desenvolvimento do apego (DE TONI, 2004 ), que se deu devido às modificações que ocorreram do ponto de vista da reprodução humana, conseqüentes das transformações que a marcha bípede trouxeram. Esta posição do corpo levou a modificações anatômicas, as quais fizeram com que o tempo de gestação fosse menor e o bebê nascesse mais frágil, necessitando de mais proteção e cuidado dos pais.

O que somos hoje é o resultado de nossas predisposições biológicas com a história individual e cultural de cada um. A observação e a descrição do comportamento em situações naturais ou semi-naturais de laboratório tem sido a grande contribuição da Etologia em relação à metodologia e estudo empírico do comportamento humano. O objetivo é compreender o comportamento integrado ao seu ambiente evolucionário e atual. Com isso, o intercâmbio da Etologia com a Psicologia e as Ciências Sociais se torna importante para complementar os estudos sobre comportamento, pois entende-se melhor o significado da linguagem, fatores cognitivos e a grande diversidade do comportamento social.

O presente ensaio foi baseado nas seguintes obras:

DE TONI, P.M. et al. Etologia humana: o exemplo do apego. Psico-USF, vol. 9, n. 1, 2004.

LACERDA, A. L. R. Abordagens Biossociais na Sociologia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 24, nº 70, 2009.

REIS, J. A Controvertida Sociobiologia.

http://www.cienciamao.usp.br/dados/rec/_acontrovertidasociobiolo.arquivo.pdf

VIEIRA, M. L. Contribuições da Etologia para a compreensão do comportamento humano. Florianópolis: Depto. de Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina.

E.O.WILSON Biodiversity Foundation –

http://www.eowilson.org/index.php?option=com_content&task=view&id=43&Itemid=69

Sociobiology: the new synthesis –

http://www.econ.tuwien.ac.at/hanappi/Lehre/Classics/Wilson.pdf

ZUANON, Á. C. A. Instinto, etologia e a teoria de Konrad Lorenz, 2007 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132007000300005

Nobelprize.org http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1973/tinbergen-autobio.html

Princípios de Ecologia Comportamental e Comportamento Alimentar – Apostila de Etologia 2007 –

http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Fisiologia/material_didatico/Etologia_web/Apostila/cap5_comportamento_alimentar_defesa_anti_predatoria.pdf