Bem Estar Animal
Por Luciane Lourenço de Lima Gulinoski
Atualmente, a necessidade de se manter em cativeiro indivíduos das mais variadas espécies de animais é inegável e se justifica por pesquisa, educação ambiental, conservação e criação de animais de produção e de companhia. Apesar de alguns animais viverem em cativeiros é necessária a observação do bem-estar do mesmo. O bem-estar de um animal se refere à sua qualidade de vida, o que por sua vez, envolve diversos elementos como, por exemplo, saúde, felicidade longevidade e diferentes pessoas os classificam com diferentes graus de importância. Hancocks (1971 in Kreger et al., 1998 apud Rita, 2004, pg. 5) afirma que num esforço de prevenir doenças, os animais em cativeiro eram normalmente mantidos em instalações de cimento e azulejo para permitir uma limpeza fácil, porém Morris (1964), Myer-Holzapfel (1968), Hediger (1969), Erwin e Deni (1979 in Kreger et al., 1998 apud Rita, 2005) citam que nesse contexto de ambiente inapropriado e restrito os animais desenvolviam comportamentos atípicos para a espécie, como por exemplo, deslocamento estereotípico, letargia e regurgitação e reingestão de comida. Wemelsfelder & Birke (1999 apud, Rita, 2004) cita que se descobriu que, quanto mais rico o ambiente, mais oportunidades comportamentais o animal apresenta e mais versátil o seu repertório comportamental se torna, Petherick e Rushen (1999 apud Rita, 2004) afirma que animais restringidos de desempenharem o seu repertório de padrões comportamentais, sofrem da mesma maneira que se forem sujeitos a privação de requerimentos físicos, como o alimento e a água. Para o bem estar de um animal em cativeiro pode-se enriquecer o ambiente em que vivem. Enriquecimento ambiental é um processo onde um ambiente mais complexo e interativo é criado para melhorar a qualidade de vida dos animais mantidos em cativeiro, permitindo que assim eles possam apresentar comportamentos mais naturais de sua espécie. Na prática o enriquecimento ambiental consiste na introdução de variedades criativas, originais e simples nos recintos. O tipo de alimento e a maneira como ele é oferecido (camuflado inteiro ou congelado), assim como a introdução de vegetação, barreiras visuais, substratos, estruturas para se pendurar ou se balançar (como cordas, troncos ou mangueiras de bombeiro), sons com vocalizações, ervas aromáticas, fezes de outros animais são maneiras de se enriquecer recintos. Pesquisadores da Fundação Jardim Zoológico (Riozoo), do Rio de Janeiro, e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisaram o comportamento de pequenos felinos brasileiros, como o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e o gato-maracajá (Leopardus wiedii), e propuseram alternativas para melhorar o bem-estar das espécies e diversificar o comportamento desses animais em cativeiro. Para estimular um comportamento mais diversificado dos animais, a equipe adicionou odores de canela e erva-de-gato (Nepeta cataria) em diversos pontos das jaulas. Os resultados da pesquisa indicaram que, apesar do tempo de interação dos animais com os novos odores ser relativamente pequeno, influenciou uma mudança de comportamento dessas espécies (ENTRETENIMENTO PARA ANIMAIS DE CATIVEIRO – INSTITUTO CIÊNCIA HOJE ). Hötzel e Machado (2004) , afirmam que alguns dos principais fatores que podem influenciar o bem estar na criação de animais de fazenda estão relacionadas às praticas de manejo. Nos sistemas intensivos os animais são submetidos a formas de transporte e manejo pré-abate inadequados e as mutilações realizadas no manejo de rotina. No mesmo trabalho Hötzel e Machado (2004) citam que grande parte da pesquisa aplicada ao bem estar animal está centrada nos efeitos do ambiente, ou seja, alojamento e manejo. Animais de companhia – cuidar proteger aborda o problema da falta de bem estar animal no caso de animais de companhia. Muitos donos de animais de estimação não se preocupam com a reprodução de seus animais o que aumenta o número de animais perdidos e soltos nas ruas. A falta de preocupação com a segurança também não é abordada ou questionada, existe muito sofrimento em grande parte de animais de estimação. Etologia estuda o comportamento animal. A Etologia é uma combinação de estudos de laboratório e de campo com um forte caráter interdisciplinar, combinando conhecimentos de neuroanatomia, ecologia e evolução. O conhecimento científico do comportamento animal – algo relativamente novo na história humana – leva-nos a ver os animais como organismos dotados de seus próprios atributos e não dos nossos. No lugar de presumirmos que os animais “pensam como nós”, devemos isso sim, é “pensar como eles”, com frieza e objetividade. Somente assim descobriremos a verdade (ETOLOGIA ). O biólogo tem um papel muito importante no bem estar animal e no enriquecimento ambiental para animais em cativeiro, pois através da etologia consegue saber como cada espécie se comporta no meio ambiente e o que fazer para essa espécie em cativeiro ter uma vida parecida com animais da mesma espécie que são livres.
Este ensaio foi baseado nas obras:
HÖTZEL, M.J.; MACHADO Fº, L.C. P. Bem-estar animal na agricultura do século XXI. Revista de Etologia- versão impressa ISSN 1517-2805 v. 6 n. 1 São Paulo, 2004.
RITA, H.M.D.M.L. Bem-estar animal numa situação de cativeiro: o exemplo de uma família de gibões-siamango (Symphalangus syndactylus). 2004. 30 folhas. Trabalho de conclusão de curso – Universidade de Évora - 2004.
http://www.cativobemestaranimal.com.br/enriquecimento.html
http://www.cativobemestaranimal.com.br/saiba-mais/bem-estar-animal/
http://www.pelosanimais.org.pt/files/leaflets/animais_companhia.pdf
Muito bom.
ResponderExcluir