Você acha bom poder ter o controle de tudo? Será que o homem evoluiu esse senso? O tempo todo nós encontramos pessoas que querem controlar não só a sua, mas a vida de quem está ao redor... e não apenas no sentido de conhecimento, mas também de interferência no processo. O ser humano se destaca por ser uma espécie que buscou compreender e dominar a natureza e a biologia. Quer conhecer como funcionam os genes, para poder decidir se quer ou não aquele gene. Mas por outro lado, o ser humano evoluiu toda a sua tecnologia ao criar a espiritualidade e deixar o controle da sua vida nas mãos de outro ser e assim por confiar se tornou um valente.
Nós precisamos controlar nossa vida em prol da nossa sobrevivência, sem esquecer que para alcançarmos a tal da homeostase “o sentir gostosinho” “a tal da paz” ou “a plenitude” o nosso biológico, psicológico e social precisam estar em equilíbrio. Pra mim um exercício para entender a complexidade disso tudo é o jogo de computador chamado “The Sims” é simplesmente fantástico, joguem. Se você quer ter o controle de tudo vai ficar louco para controlar as necessidades de alimentação, sono, limpeza, prazer, conforto, social... do seu avatar. Você pode ter quantos quiser, mas no começo eu sugiro apenas um, pois além de ter que estar atento a todas as necessidades biológicas, dentro de cada uma tem várias outras variáveis, ou seja dependendo da poltrona que ele deita terá mais ou menos conforto. Assim como a alimentação dependente do que ele come, e na ultima versão, se comer demais pode até engordar.... Além disso, ele tem que trabalhar, encontrar um parceiro, casar e continuar a família. E infelizmente ele vai envelhecendo e um dia morre... a morte do primeiro avatar a gente nunca esquece, é muito triste não ter o controle sobre isso... Então, a pesar de você ter que ficar feito louco buscando o equilíbrio do seu avatar que se desequilibra o tempo todo, tem coisas que você não tem o controle, e isso é que deixa o jogo fascinante. Nessa nova versão do The Sins eu comecei só com um avatar, pois da primeira vez que joguei comecei com uma família inteira de uns 6 membros e não dei conta de cuidar de todos e perdi a crianças para o conselho tutelar, e alguns morreram de tanto gritar por comida, banheiro, cama... Enfim, o lance agora é que tenho que casar para constituir uma família e não é tão simples assim, nem no mundo virtual!. O jogo pra mim tem uma referência lúdica e me remete a minha infância quando brincava com as bonecas - imagino a minha fascinação se tivesse esse jogo naquela época... e por outro lado hoje ao jogar me remete a muitas reflexões sobre o comportamento humano... E você já jogou? Qual é a sua reflexão?
Como você se sentiria se, em dado momento, sua lucidez lhe desvendasse a realidade da miséria humana? Tortura, fome, morte, dor, perda, carência, sujeira.
ResponderExcluirVocê construiu seu mundo protegido, provido de todos os confortos de uma existência digna. Você lutou muito, estudou, trabalhou, criou seus filhos (hoje sua maior realização, motivo de orgulho e auto-estima). Você merece vivenciar as coisas bonitas, limpeza, arte, a boa mesa e os bons vinhos. Champagne. Você gosta da sua vida, está protegido. É um espectador da realidade. Da janela de seu carro, ou de seu táxi, ou mesmo do ônibus, você vê a miséria. Os mendigos que dormem na rua enquanto você vai para o trabalho. Os pedintes, os corpos cobertos de lona negra aguardando o IML. As balas perdidas na favela, a fome. A violência que fervilha à sua porta, tão perto, distante do mundo que você construiu. Não. Você não é um alienado, você sabe de tudo o que está acontecendo à sua volta. Compadece-se, mas nada pode fazer, a vida é assim; para alguns é mais fácil e para muitos, impossível. Você sozinho não pode fazer nada. É um problema de políticas públicas.
Mas suponhamos que num dado momento você acesse a realidade, não como espectador, não no conforto do seu quarto, da sua casa, do seu carro, do seu trabalho. Mas “in loco”. Você decide viver uma semana na favela, junto ao povo, sentindo o seu cheiro, sua fome, ouvindo sua linguagem, presenciando a tortura, a morte. Vamos supor que isso seja possível – que você queira essa experiência – já imaginou quais seriam as conseqüências? Você poderia retornar à sua vida estruturada e segura? Como seria para sua alma?
O filme “The Fever” aborda justamente esta questão.
Fica minha sugestão dessa semana : assistam o filme!!
Abs Michele