Por Ana Carolina de Campos
O crescimento rápido das cidades, especialmente nos países em desenvolvimento, traz sérios desafios ambientais, sociais e econômicos. Ao mesmo tempo em que as cidades precisam se modernizar e usar tecnologias para melhorar a vida das pessoas, também é fundamental pensar em sustentabilidade e em como incluir a população nas decisões que afetam seu dia a dia. Exemplos como a cidade de Curitiba mostram avanços importantes, mas também revelam que ainda há muito a ser feito para aproximar cidadãos da natureza e da gestão urbana. Além disso, a participação social em espaços como conferências e conselhos é essencial para influenciar políticas públicas, embora esses mecanismos ainda enfrentem problemas de representatividade e transparência. Sendo assim, a pesquisa partiu da ideia de que diferentes grupos de pessoas, como ambientalistas, movimentos sociais, estudantes ou cidadãos que não participam de nenhuma causa, enxergam de maneiras distintas o que os motiva ou dificulta a se engajar. A expectativa era de que quem já participa de causas ambientais percebesse mais motivações do que barreiras, enquanto aqueles que não se envolvem em nenhuma causa identificariam mais obstáculos do que incentivos. A questão central do estudo foi entender quais fatores estimulam ou limitam o engajamento social e ambiental entre diferentes grupos de brasileiros. Para isso, foram analisados tanto os fatores que incentivam quanto os que dificultam essa participação, unindo reflexões da Bioética Social e Ambiental com os conhecimentos da Psicologia.
A dissertação foi dividida em duas partes: Na 1ª etapa Grupos focais online reuniram ambientalistas, engajadores em causas sociais, estudantis e não engajados. Os valores de solidariedade, cuidado com a vida e justiça apareceram como raízes do engajamento. Já as fragilidades emocionais (como ansiedade, cansaço, descrença política) e sociais (desigualdades de tempo, recursos e acesso à informação) surgiram como obstáculos que dificultam a participação. O grupo de não engajados apresentou maior percepção de barreiras, enquanto os ambientalistas mostraram mais potencialidades e confiança na transformação coletiva.
Na 2ª etapa foi construído um Curso de extensão universitária a partir das vulnerabilidades identificadas nos grupos, o curso foi pensado para atuar com jovens universitários temas como empatia, regulação emocional, diálogo, deliberação e bioética ambiental. Funcionará como espaço educativo e reflexivo, fortalecendo habilidades internas (autonomia, manejo das emoções) e coletivas (cooperação, construção de sentido, cidadania ativa).
🌍 Onde entra a Bioética nisso tudo? A pesquisa articulou diferentes vertentes da bioética para analisar o engajamento: - Bioética Ambiental 🌳: reforça a responsabilidade ética com a natureza e as futuras gerações; - Bioética de Intervenção ✊: olha para desigualdades sociais e busca justiça para os mais vulneráveis; - Bioética Deliberativa 🗣️: valoriza o diálogo, a escuta e a busca de consensos possíveis; - Bioética Social 🤝: integra ciência, cidadania e cuidado coletivo. Com esse olhar interdisciplinar, foi possível compreender que o engajamento não depende apenas de motivações individuais, mas também de contextos históricos, sociais e emocionais que precisam ser reconhecidos e cuidados. Como fruto da pesquisa, surgiu a proposta de criar um Comitê de Bioética Ambiental dentro da universidade. Esse espaço funcionaria como fórum ético para apoiar e qualificar os debates coletivos, complementando iniciativas já existentes, com o papel de Promover formação ética para estudantes e conselheiros; Estimular reflexões interdisciplinares; Fortalecer a deliberação e a corresponsabilidade socioambiental; Garantir que princípios como justiça, equidade, cuidado e precaução orientem as decisões.
✨ Por que isso importa?
A pesquisa mostrou que cidadania ativa não se constrói apenas com leis ou tecnologias, mas também com emoções, valores e espaços de diálogo. Reconhecer fragilidades, cultivar potencialidades e criar instâncias éticas permanentes pode transformar a forma como participamos da vida pública.
👉 O futuro será coletivo: e cada gesto de engajamento conta.
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E também te convido a conhecer um pouquinho mais sobre minha produção científica durante os dois anos de mestrado!
FISCHER M. L., CAMPOS, A. C. de, & SANTOS-JR R. J. dos. (2025). Educação ambiental para a coexistência: superando a biofobia para um futuro sustentável. Ambiente & Educação: Revista De Educação Ambiental, 30(1), 1–25. https://doi.org/10.63595/ambeduc.v30i1.17978. Disponível em: https://periodicos.furg.br/ambeduc/article/view/17978
FISCHER, Marta Luciane; FARIAS, Marina Kobai; AMORIN, Amanda Zanatta; CAMPOS, Ana Carolina de. Cães errantes no campus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. In: Viver em harmonia: sobre o convívio de humanos e não-humanos nas universidades. Capítulo 2.
FISCHER, Marta Luciane; CAMPOS, Ana Carolina de; SANDRINI, Carina del Pino; SANTOS, Daihany Silva dos. O direito de os animais conviverem nas cidades: um debate entre a bioética ambiental e as cidades inteligentes.Disponível em: https://editorial.tirant.com/free_ebooks/E000020005901.pdf.
SANTOS, Daihany Silva dos; CAMPOS, Ana Carolina de; SANDRINI, Carina Del Pinto; SUTILE, Viviane Maria; FISCHER, Marta Luciane. A importância do engajamento comunitário na bioética social e ambiental. In: O E-caminho do diálogo V: A deliberação coletiva em busca da humanização em saúde integral na era digital. Capítulo 19. E-book. Disponível em: https://atenaeditora.com.br/catalogo/ebook/e-caminho-do-dialogo-v-a-deliberacao-coletiva-em-busca-da-humanizacao-em-saude-integral-na-era-digital.
SANTOS, Daihany Silva dos; CAMPOS, Ana Carolina de; TOZO, Julio Rodrigues; FAGUNDES, Maria Leticia; SCHIAVON, Poliana; FISCHER, Marta Luciane. Grupo FOCAL: Qual a causa que te move? In: O E-caminho do diálogo V: A deliberação coletiva em busca da humanização em saúde integral na era digital. Capítulo 20. E-book. Disponível em: https://atenaeditora.com.br/catalogo/ebook/e-caminho-do-dialogo-v-a-deliberacao-coletiva-em-busca-da-humanizacao-em-saude-integral-na-era-digital.
Muito bom! Ótimas reflexões sobre a bioética e excelentes meios para conseguir captar a percepção da comunidade disposta a engajar-se. Uma soma para o exercício de cidadania.
ResponderExcluirExcelente contribuição! Traz reflexões consistentes sobre a bioética e aponta caminhos interessantes para compreender como a comunidade se mobiliza.
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