Série: Instagram #Bioética.em.foco
Por Andressa Cordeiro Riceto
Ei, você já percebeu que convivem contigo diversas espécies que não são nativas do Brasil ou da sua região?
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
Série: Instagram #Bioética.em.foco
Por Andressa Cordeiro Riceto
Ei, você já percebeu que convivem contigo diversas espécies que não são nativas do Brasil ou da sua região?
No último sábado (10), Trindade Chapare, estudante do Doutorado em Humanidades, defendeu sua tese de forma online e foi o primeiro a receber o título pelo programa, que é fruto de um acordo de cooperação entre a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Universidade Católica de Moçambique (UCM).
A pesquisa de Chapare teve como tema “A pertinência de políticas de proteção dos animais não-humanos em Moçambique: um estudo baseado na percepção de estudantes universitários sobre bens e serviços” e foi orientado pela professora Marta Luciane Fischer, do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR.
Além do estudante e da professora orientadora, também acompanharam a banca virtual o professor da PUCPR Anor Sganzerla, coordenador do Doutorado em Humanidades, o diretor da UCM, Lino Marques Samuel, o professor Jelson Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR (PPGF-PUCPR), e o bispo D. Luiz Fernando Lisboa, que é brasileiro mas atua em Moçambique.
Chapare fez parte da primeira turma do Doutorado em Humanidades da PUCPR e UCM, que começou em 2017. Segundo o professor Anor Sganzerla, Trindade é um pesquisador talentoso e a banca foi bastante satisfatória. “Nós gostamos bastante do resultado do trabalho”, comenta. Nos próximos meses, os colegas do mais novo doutor em Humanidades também devem fazer as defesas.
O Doutorado em Humanidades é fruto de um protocolo de cooperação acadêmica, científica e cultural firmado entre a PUCPR e a UCM em 2015. A primeira turma, da qual Trindade Chapare fez parte, começou dois anos depois, com 36 estudantes, na cidade de Quelimane, capital da Província da Zambézia (província é o nome dado àquilo que, no Brasil, denomina-se estado).
Liderado pelas Escolas de Educação e Humanidades e Ciências da Vida e coordenado pelo professor Anor Sganzerla, conta com a participação de 29 professores da PUCPR de quatro programas de pós-graduação da Universidade: Programa de Pós-Graduação em Bioética, Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia e Programa de Pós-Graduação em Teologia. Alguns dos docentes lecionaram presencialmente na Universidade Católica de Moçambique antes da declaração de pandemia.
A pertinência de políticas de proteção dos animais não-humanos em
Moçambique: um estudo baseado na
percepção de estudantes universitários sobre bens e serviços
A
concepção moral tradicional situa o homem por cima de todos os outros seres
vivos, estabelecendo assim uma ética totalmente antropocêntrica, na qual os
animais somente podem chegar a ser considerados de forma instrumental. No mundo
ocidental, essa tradição moral predomina há mais de dois mil anos. A pertinência de políticas de proteção dos
animais não-humanos em Moçambique: um estudo baseado na percepção de estudantes universitários
sobre bens e serviços é o tema proposto para o presente estudo cuja
contextualização da abordagem baseada na análise bibliográfica e entrevista, em
termos gerais se circunscreve em analisar que deficiências na formação do
universitário impedem sua consciência ecológica e motivam a violência contra
animais não-humanos no que diz respeito aos princípios de bioética e em termos
específicos procura discutir a presença
dos princípios bioéticos na formação dos universitários; apresentar a inserção
social dos animais não-humanos em Moçambique numa perspectiva de consciência
universitária; e descrever a percepção dos estudantes universitários sobre o uso
de animais para diferentes finalidades (bens e serviços). Busca neste âmbito
trazer um contributo na promoção do bem-estar animal. Em tempos actuais já não
se pode olhar com passividade a crueldade imposta aos animais não-humanos. As
insuficiências da legislação que regulamenta a vida selvagem são apenas uma
parte do problema, já que mesmo a aplicação de penas relativamente leves tem
sido inconsistente. Para além de uma
legislação mais severa para travar de forma decisiva as práticas que atentam
contra o bem-estar animal, são necessárias campanhas públicas de informação e
consciencialização de grande visibilidade. O veganismo surge como um estilo de vida que busca
excluir todas as formas de exploração dos animais – seja para alimentação,
vestuário, diversão ou qualquer finalidade. Culturalmente, é ensinado que comer carne, leite e
ovos é normal e necessário. A escravidão, por mais de 500 anos em Moçambique,
também foi considerada normal e necessária, e isso mostra que a sociedade muda
sua percepção da realidade ao longo do tempo. Não é porque todos fazem que está
certo, e não é porque sempre foi feito de uma maneira que deve continuar assim. Do extremo onívoro ao extremo vegano, ambos podem ter
bons ou maus hábitos. A intenção não é julgar o livre arbítrio de cada um, mas
buscar alternativas capazes de causar menos sofrimento aos animais não humanos
e reduzir o impacto ambiental. Assim, acredita-se
que, com a mútua aplicação da Educação Ambiental e da Bioética Ambiental como
ferramentas e fundamentos podem ajudar nesse processo.
Palavras-Chave: Animais não-humanos; Bioética; Bens e
Serviços; Percepção de Estudantes.