por Tuany Maciel
Psicóloga e Mestranda em Bioética
Imersos num panorama de pânico crescente causado por uma pandemia chamada coronavírus que vem se estendendo da China até o Brasil, o receio de que a história assombrosa se repita aqui se faz presente e há uma crescente necessidade de autocuidado. Recomendações bem como orientações indispensáveis como evitar aglomerações, higienizar as mãos, evitar contato físico e troca de objetos para diminuir as chances de pegar o vírus, fazem parte de um cuidado que não implica apenas na responsabilidade consigo mesmo, mas com os outros sendo também uma responsabilidade ética social. Ao evitar a propagação do vírus mesmo que este não lhe pareça uma grande ameaça por não pertencer a grupo de riscos ou dispor de ótima saúde, há uma demonstração de responsabilidade social e empatia, visto que nesta situação se revela a prática de autocuidado. Numa situação como essa, surgem comportamentos de autocuidado até mesmo por questão de sobrevivência, visto que para se garantir menos risco é fundamental que a pessoa ao lado esteja saudável e vice-versa. Mas mesmo que essa situação implique ainda em um suposto egoísmo, devido a pessoa querer que os outros estejam bem, como uma espécie de garantia de que também ficará fora de risco de contaminação, acaba sendo construída uma ponte, e pessoas passam a lutar pelo mesmo ideal se aproximando uma das outras. Em um cenário de receio e insegurança, pode ocorrer muita divergência de opiniões e posicionamentos, gerando conflitos que podem provocar atitudes desesperadoras como estocar comida, álcool e remédios, sem ao menos a percepção de que se pode prejudicar aqueles que não possuem mobilidade ou por questões financeiras não conseguem comprar, pois assim, os produtos somem rapidamente das prateleiras e em função disso os preços também aumentam, prejudicando ainda mais a situação de quem já é vulnerável. Apesar das orientações serem para quem esta acima dos sessenta anos permanecer em casa, vale ressaltar que qualquer idade corre o risco de pegar o vírus, jovens e crianças não estão imunes, além do fator de transmitir aos indivíduos que se encaixam nos grupos de risco. A realidade mutante que se apresenta hoje impõe uma nova visão do autocuidado e sua responsabilidade ética como uma alavanca essencial para que possamos sair menos afetados por tudo isso.