CORRUPÇÃO NO BRASIL: INVENÇÃO OU DESCOBERTA?


Série Ensaios: Sociobiologia

Por: Jehovah F. de Abreu Neto, Joyce Lie Takao, Patrícia Froguel Lopes, , Pietra Luany de Oliveira, Luíza P. Allage, , Matheus O. Machado, Viviane Alves de Paula
Acadêmicos do curso de Psicologia


O presente ensaio analisa o caso dos irmãos Wesley e Joesley Batista, diretores da empresa JSB, que em delação premiada revelaram um esquema de corrupção com mais de 10 anos no sistema político brasileiro. Esse esquema operava com o pagamento de propina pela empresa aos políticos, que concediam favores como moeda de troca. Para encobrir isso, simulavam transações de compra e venda de gado, para lavar dinheiro e ocultar o trâmite. Tal sistema, o qual é um dos maiores casos de corrupção do Séc. XXI, está exposto na mídia e inserido na sociedade, mesmo não sendo algo contemporâneo.
Desde o período colonial, denota-se que a corrupção já estava presente no cenário brasileiro. A escravidão e a exploração de matérias-primas podem ser exemplos disso, visto que os europeus utilizavam a colônia apenas para fins lucrativos em forma de beneficiamento próprio. Em conformidade aos termos populares: “jeitinho brasileiro”. No entanto, esse cenário obteve como consequência o trauma cultural de baixa autoestima, isto é, um complexo de inferioridade em que o brasileiro se coloca como insignificante aos países de primeiro mundo. A principal sequela dessa circunstância é a inflamação do “self” perante os demais, um comportamento desviante das normais legais e valores morais, ou seja, a corrupção propriamente dita.
A corrupção é um fator com demasiadas faces, podendo permear e se camuflar dentro de diversos espaços, e tendo seus fundamentos dentro dos âmbitos biológicos, psicológicos, culturais, entre outros.
Em se tratando da esfera psicológica, evidencia-se que o indivíduo corrupto não se vê como tal, devido ao fato de viver uma dissociação neurótica diante de um dilema ético. No mesmo momento em que são progenitores amorosos, atenciosos e fraternais; são figuras desonradas, desprovidas de caráter moral qualitativo perante a sociedade. Sendo assim, um mecanismo de defesa do lado maléfico e uma representação da recusa à individuação, isto é, cegar-se diante dos problemas sociais.
Além disso, esse sujeito tende a possuir uma atrofia da personalidade individual no momento em que são expostos, pois, antes eles serviam a um propósito num meio em que o contexto apontava que isso era benéfico, já quando expostos, a vergonha surge
por notar o desvio moral ocorrido diante de um todo. No entanto, é importante destacar que não surge o arrependimento, mas a vergonha.
A partir dessa análise, nota-se no caso dos irmãos Batista, que esse foi o único motivo para o caso vir à tona. Uma vez que sabiam que o caso recairia a público em qualquer momento, e indagaram uma brecha com um acordo de leniência.
No domínio social, um dos principais fatores a serem considerados é a influência do meio. O simples fato de um indivíduo estar inserido em um ambiente corrupto, já tira as suas vendas para a corrupção.
Ao vê-la dentro de sua rotina, o faz se familiarizar e considerar o ato cada vez mais comum, até que – por meio de falso julgamento – o mesmo não vê mais o ato corrupto como uma falha ética e/ou moral. Sendo assim, justifica a sua prática por meio da do outro. Considerando esta linha de pensamento, pode-se inferir que o sujeito deve possuir objetivos em comum com o todo (fator agregador) e também distintos (fator segregador), para que assim seja criado o grupo social.
No campo biológico, é evidente que a homeostase toma relevância em virtude de ser o protagonista de um comportamento. É ela que determina as ações de um determinado sujeito visando sempre a busca pelo equilíbrio, a satisfação. Tendo ciência disso, observa-se que os praticantes de corrupção não possuem o filtro, localizado no córtex frontal, que distingue o “bem” e o “mal” e tendem a agir apenas com o instinto primitivo (cérebro reptiliano) de prazer. No entanto, esse sujeito é estimulado pelo ambiente em que está situado, pois, assim como afirma o professor de Psicologia da Universityof Southern California “as pessoas aprendem que corromper não leva a consequências negativas e não é moralmente errado, o córtex não tentara inibir o comportamento”. Haja vista esse argumento, verifica-se que nessa situação as pessoas viciam-se nessa atitude, pois além de não sofrerem punições, ainda são recompensadas.
Contudo, o comportamento corrupto não ocorre apenas no ser humano, mas também no reino animal, como por exemplo: as gaivotas. Na hora de alimentarem-se, elas não mergulham para caçar o peixe, costumam aproveitar-se da distração das andorinhas do mar, que elas, sim, mergulham em busca dos peixes, para capturar delas o próprio alimento.
Apesar dos condicionantes biológicos e evolutivos presentes no contexto dos corruptos, não se trata de um aval para que eles possam agir segundo seus impulsos e desejos, pois diferentes do reino animal o ser humano é dotado de uma capacidade
moral e ética que permeia toda a vida em sociedade, e, todos estão aptos a aprenderem independente do contexto, pois a aprendizagem é um fator fundamental no desenvolvimento humano e ocorre em todas as fases da vida, já que somos inacabados e possuímos flexibilidade biológica, capacidade de aprender e interagir, e, portanto, de moldar esses comportamentos desviantes.
Diante do contido no presente esboço, concluímos que a nação brasileira passa por uma profunda crise de identidade nos valores morais e éticos. Cada cidadão necessita olhar para o próprio passado, refletir sobre a sua história, analisar com imparcialidade as influências do seu contexto social e compreender que são um povo, uma nação, tal qual um organismo vivo, em que todas as células devem funcionar em sintonia para que o bem estar seja geral. Assim, todos podem desfrutar de uma vida equilibrada em que as necessidades individuais de prazer e bem estar sejam compartilhadas e distribuídas de modo igualitário, a fim de que a nação cresça e desenvolva-se como um organismo forte e saudável.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as obras: https://istoe.com.br/o-cerebro-dos-corruptos/. Disponível em: Acesso em 10 de maio 2018 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/07/irmaos-batista-revelam-como-comecou-esquema-na-jbs.html Disponível em: Acesso em 10 de maio 2018 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200002 Disponível em: Acesso em 10 de maio 2018 https://www.brasil247.com/pt/247/artigos/131118/Corrupção-é-uma-doença.htm Disponível em: Acesso em 10 de maio 2018