Série
Ensaios: Ética no Uso de Animais e Bem-Estar-Animal
Por:
Iolanda Schwartz e Rhoxanne Luchesi
Acadêmicas do curso de Ciências
Biológicas
Estagiárias do Grupo de Pesquisa em
Bioética Ambiental
Uma
Universidade de Santos/SP adquiriu para o seu curso de veterinária um simulador
de cachorro (veja aqui), onde todos os
procedimentos práticos são realizados neste modelo. Feito de pelúcia, este
simulador auxilia no aprendizado dos alunos, trazendo mais conforto e confiança
para o futuro profissional. Os cursos de veterinária são os que mais buscam por
métodos alternativos que possam contribuir para o ensino. Vários manequins podem ser
encontrados com o objetivo de substituir ou reduzir o uso de animais nestes
cursos. Os modelos usados podem ser adquiridos através de sites de compras e
são disponibilizados em vários tamanhos ou conforme o treinamento a ser
desenvolvido em aulas práticas (veja
aqui).
O
uso de métodos alternativos ao uso de
animais para atividades acadêmicas é um assunto cada vez mais debatido, pois a
sociedade passou a compreender que a utilização dos animais para fins
experimentais e educacionais levanta várias questões éticas
e morais, as quais devem ser discutidas entre os pesquisadores e a sociedade.
Os
danos físicos e psicológicos causados nos animais usados para experimentação
são os principais motivos que levam à busca por métodos que tentem eliminar ou
ao menos reduzir estes sofrimentos. No meio acadêmico o uso de animais em aulas
práticas já foi bastante reduzido, mas alguns cursos, como Medicina Humana e Veterinária,
Biologia e Biomedicina, ainda veem essa conduta como uma necessidade de
aprendizado básico para seus alunos. Mas mesmo assim, alguns docentes buscam
alternativas para que esta prática seja minimizada. Além disso, buscar meios de
aprendizado que saiam do cotidiano é um dos fatores que instigam esse feito,
pois há sempre uma necessidade de envolver os alunos nos temas relacionados e
uma busca pela melhora no desempenho acadêmico/escolar. A
utilização de jogos, programas de TV, vídeos, imagens, simuladores, sites,
entre outros, são algumas das alternativas que estão sendo utilizadas por
vários docentes para uma busca incessante de aprendizado e conhecimento.
Os
simuladores são uma das alternativas viáveis para a redução do uso de animais
em aulas, e estes podem ser produzidos tanto em forma de modelos
reais (3D), quanto em softwares.
São verdadeiramente úteis, pois trazem uma experiência muito próxima do real e,
inclusive, já são aplicados em alguns cursos de medicina
veterinária em forma de réplicas. O modelo animal pode apresentar uma
réplica desde estruturas mais simples, como por exemplo, o esqueleto animal, ou
até mesmo simular uma traqueostomia evidenciando as vias aéreas do animal em
questão.
Esse
método ainda está em transição no universo acadêmico, e vários artigos
publicados relatam o processo (veja
aqui), que já se provou eficaz onde foi aplicado, pois provoca o aluno a
buscar conhecimento, além de desenvolver questões técnicas ligadas à
disciplina. Além disso, ter a compreensão do porque não usar os animais,
desenvolve no estudante condutas éticas em consonância com os novos paradigmas,
contribui para construção de um profissional mais comprometido, mais atento ao
outro e mais preparado para inovar.
O
curso de
Biologia se destaca pela utilização de animais para diferentes finalidades,
desde estudos relacionados à morfologia
até a preparação de lâminas
histológicas, e com isso possibilita que haja uma área mais abrangente de
pesquisas e aplicação de métodos alternativos que os demais cursos. Pensando
nisso nós propomos uma pesquisa que tem como objetivo buscar alternativas que
tentem eliminar ou ao menos reduzir o uso de animais em aulas práticas dentro
da Universidade, podendo, se possível, expandir-se
para outros cursos e locais. O enfoque principal será o uso de tecnologia como
ferramenta para aplicação de aulas mais dinâmicas e explicativas, na tentativa
de buscar por conhecimento sem a utilização de animais e sem que o ensino perca
a qualidade.
Nós
como futuras biólogas acreditamos que a utilização de animais em aulas é uma
prática que, em muitas ocasiões, já não se faz mais necessária, e que a busca
pela tentativa de reduzir este feito deve ser constante e gradativa. Com o avanço da tecnologia e os diversos
aplicativos, plataformas, sites e meios de conexão com o conhecimento, cremos
que é possível sim, encontrar meios que sejam equivalentes ou até melhores que
o ensino convencional e que vai auxiliar professores e alunos a adquirir novas
capacidades e anseios por uma busca incessante de conhecimento e novas
experiências, tudo isso com respeito à vida e à ciência.
Diante
disto, convidamos vocês (estudantes e professores de Biologia) a participarem
da nossa pesquisa respondendo a algumas perguntas que são muito importantes
para compreendermos os motivos e a importância que o animal tem no ensino de
zoologia. Se você quiser e puder participar clique aqui.
O presente ensaio foi baseado nas obras:
GREIF,
Sérgio. Alternativas ao uso de animais vivos na educação pela ciência
responsável. São Paulo: Instituto Nina Rosa, 2003.
MARTINS,
Rafael Tagori de Melo Cutrim. Softwares
educativos no ensino profissional: jogo virtual e o ensino de zoologia de
invertebrados. 2011. xii, 149 f. Dissertação. Mestrado em Educação. Universidade
de Brasília, Brasília, 2011.
MORAES,
Castro Giselly. O Uso didático de
animais vivos e os métodos substitutivos em Medicina Veterinária. Universidade
Anhembi Morumbi, São Paulo 2005.
OLIVEIRA,
Tatiara Torchetto. Uso de TICs no ensino
de biologia: um olhar docente. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Umuarama,
2013.
FILHO, Júlio de
Mesquita. Laboratório de Habilidades
Práticas com Simuladores em Medicina Veterinária. Universidade Estadual
Paulista, Botucatu, 2014.
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