Série Ensaios: Ética Animal
Por Aline Cristine Cavichia
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas
Há dois anos, noticiou-se
na mídia o caso dos cachorros da raça Beagle utilizados em pesquisas
farmacológicas. Os animais eram mantidos no Instituto Royal (São Roque-SP) em
péssimas condições, tendo entre eles animais mutilados, com tumor e um caso
extremamente cruel em que um desses cachorros estava sem os olhos, além de
outro congelado em nitrogênio. Esses animais eram testados quanto as reações
contrárias dos medicamentos e em muitos casos eram sacrificados para avaliação
dos efeitos internos.
Segundo
a definição clássica, experimentação animal é qualquer prática que faz uso de
animais não-humanos para fins didáticos e/ou científicos (pesquisa), sendo que
essa prática remonta ao século V a.C., com maior prevalência a partir de 1800. Entre
as várias práticas com experimentação animal, uma delas é testar substâncias
quanto sua segurança e potencial de irritação. Dentre essas substancias
incluem-se cosméticos, aditivos alimentares, herbicidas, pesticidas, químicos
industriais e drogas. Um dos maiores ativistas do movimento
anti-vivisseccionista foi Henry Spira, o qual obteve importantes sucessos em
reduzir a utilização de animais nos Estados Unidos, onde uma das suas lutas foi
contra o teste Draize16. Na área cosmética, os testes mais comuns são os testes de irritação dos olhos, utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos
encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados
diretamente nos olhos dos animais conscientes. No final do teste os animais são
mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas.
Existe também testes dermatológicos, como o Teste Draize de Irritação Dermal,
que consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles
raspadas e feridas Observam-se sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras,
edema.. Outro teste que também pode ser citado é o Teste LD 50 (dose
letal 50%) serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. A prova
consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância
e continua-se a administrar o produto, até que 50% do grupo experimental morram
(ver mais).
Alguns
países já vêm proibindo a utilização de animais para esses fins, como por
exemplo a União Europeia. No Brasil essa prática ainda existe, porém vem
diminuindo. Aqui é um dos países onde a campanha da HSI
Liberte-se da crueldade opera. Em
2008 teve adoção da primeira Lei no Brasil para proteção do animais utilizados
para fins científicos, a “Lei Arouca”, seguida pelo
lançamento em 2011 do Centro Brasileiro de Validação de Métodos
Alternativos (BraCVAM). Ainda existe grande
dependência de experimentação animal em testes brasileiros, mas essas leis e
planos demonstram que é um início para novas formas de pesquisas, que desfaça
do uso de animais. Existem algumas alternativas que estão sendo desenvolvidas,
em testes oculares e de irritação cutânea. A
irritação ocular pode ser testado através de um conjunto de métodos in vitro (exemplo Citotoxicidade
pela difusão em gel de agarose), Em
relação à irritação cutânea, uma
alternativa seria utilizar modelos de pele reconstituída, onde teste de
corrosividade
seria feito através de aplicações do produto sobre uma unidade de epiderme
humana reconstruída. Existem marcas bem reconhecidas que
infelizmente ainda se utiliza de animais para testes, por outro lado, o número
de empresas sérias que estão buscando novas alternativas está crescendo.
Eu como formando em Biologia, acredito que essa ideia de buscar e
aprimorar novas técnicas deve ser melhor e mais difundida, deve-se investir
fortemente nesses métodos que possam continuar mantendo o padrão quanto a
segurança mas que não seja “as custas”
de animais, uma vez que esses testes são cruéis, são um roubo de liberdade do
animal, e retirar a identidade e a liberdade deles é uma das formas mais cruéis
de sacrifício.
O
presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia I se baseando nas
seguintes referências:
Alves M. Ativistas resgatam cães de laboratório de testes em São Roque (SP), 2013. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1358477-ativistas-invadem-laboratorio-em-sao-roque.shtml Acesso em 23 maio 2015
ANVISA - Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/guia/html/pag05.htm. Acesso em 22 maio 2015. Humane Society International - Proibição de venda de cosméticos testados em animais. 2013.Disponível em
http://www.hsi.org/portuguese/news/press_releases/2013/02/cosmetics_eu_lush_hsi_letter_portuguese_022513.html Acesso em 22 maio 2015.
Paixão R. L.,
Experimentação animal: razões e emoções
para uma ética 2001.Disponível em
http://www.ceuaics.ufba.br/sites/ceuaics.ufba.br/files/experimentacao_animal_razoes_e_emocoes_para_uma_etica.pdf
. Acesso em 22 maio 2015
Projeto Esperança Animal – Testes em Animais.
Disponível em
http://www.pea.org.br/crueldade/testes/. Acesso em
22 maio 2015
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