segunda-feira, 25 de maio de 2015

Testes em Animais – Um atraso na Evolução



Série Ensaios: Ética Animal

Por Aline Cristine Cavichia
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

Há dois anos, noticiou-se na mídia o caso dos cachorros da raça Beagle utilizados em pesquisas farmacológicas. Os animais eram mantidos no Instituto Royal (São Roque-SP) em péssimas condições, tendo entre eles animais mutilados, com tumor e um caso extremamente cruel em que um desses cachorros estava sem os olhos, além de outro congelado em nitrogênio. Esses animais eram testados quanto as reações contrárias dos medicamentos e em muitos casos eram sacrificados para avaliação dos efeitos internos.
                                    

Segundo a definição clássica, experimentação animal é qualquer prática que faz uso de animais não-humanos para fins didáticos e/ou científicos (pesquisa), sendo que essa prática remonta ao século V a.C., com maior prevalência a partir de 1800. Entre as várias práticas com experimentação animal, uma delas é testar substâncias quanto sua segurança e potencial de irritação. Dentre essas substancias incluem-se cosméticos, aditivos alimentares, herbicidas, pesticidas, químicos industriais e drogas. Um dos maiores ativistas do movimento anti-vivisseccionista foi Henry Spira, o qual obteve importantes sucessos em reduzir a utilização de animais nos Estados Unidos, onde uma das suas lutas foi contra o teste Draize16. Na área cosmética, os testes mais comuns são os testes de irritação dos olhos, utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes. No final do teste os animais são mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. Existe também testes dermatológicos, como o Teste Draize de Irritação Dermal, que consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles raspadas e feridas Observam-se sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras, edema.. Outro teste que também pode ser citado é o Teste LD 50 (dose letal 50%) serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. A prova consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância e continua-se a administrar o produto, até que 50% do grupo experimental morram (ver mais).
Alguns países já vêm proibindo a utilização de animais para esses fins, como por exemplo a União Europeia. No Brasil essa prática ainda existe, porém vem diminuindo. Aqui é um dos países onde a campanha da HSI Liberte-se da crueldade opera. Em 2008 teve adoção da primeira Lei no Brasil para proteção do animais utilizados para fins científicos, a “Lei Arouca”, seguida pelo lançamento em 2011 do Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM). Ainda existe grande dependência de experimentação animal em testes brasileiros, mas essas leis e planos demonstram que é um início para novas formas de pesquisas, que desfaça do uso de animais. Existem algumas alternativas que estão sendo desenvolvidas, em testes oculares e de irritação cutânea. A irritação ocular pode ser testado através de um conjunto de métodos in vitro (exemplo Citotoxicidade pela difusão em gel de agarose), Em relação à irritação cutânea,  uma alternativa seria utilizar modelos de pele reconstituída, onde  teste de corrosividade seria feito através de aplicações do produto sobre uma unidade de epiderme humana reconstruída.  Existem marcas bem reconhecidas que infelizmente ainda se utiliza de animais para testes, por outro lado, o número de empresas sérias que estão buscando novas alternativas está crescendo.
Eu como formando em Biologia, acredito que essa ideia de buscar e aprimorar novas técnicas deve ser melhor e mais difundida, deve-se investir fortemente nesses métodos que possam continuar mantendo o padrão quanto a segurança mas que não seja  “as custas” de animais, uma vez que esses testes são cruéis, são um roubo de liberdade do animal, e retirar a identidade e a liberdade deles é uma das formas mais cruéis de sacrifício.



O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia I se baseando nas seguintes referências:

Alves M. Ativistas resgatam cães de laboratório de testes em São Roque (SP), 2013. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1358477-ativistas-invadem-laboratorio-em-sao-roque.shtml Acesso em 23 maio 2015

ANVISA - Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/guia/html/pag05.htm. Acesso em 22 maio 2015. Humane Society International -   Proibição de venda de cosméticos testados em animais. 2013.Disponível em

http://www.hsi.org/portuguese/news/press_releases/2013/02/cosmetics_eu_lush_hsi_letter_portuguese_022513.html Acesso em 22 maio 2015.

 

Paixão R. L., Experimentação animal: razões e emoções para uma ética  2001.Disponível em
http://www.ceuaics.ufba.br/sites/ceuaics.ufba.br/files/experimentacao_animal_razoes_e_emocoes_para_uma_etica.pdf . Acesso em 22 maio 2015

  Projeto Esperança Animal – Testes em Animais.

Disponível em http://www.pea.org.br/crueldade/testes/. Acesso em 22 maio 2015

  Raymundo M. M. & Goldim J.R.,Ética da pesquisa em modelos animais, 2002. Disponível em http://www.revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/196/199 Acesso em  22 maio 2015.

Sá H. B. Empresas que não fazem testes em animais, 2013. Agência de Notícias de Direitos Animais. Disponível em http://www.anda.jor.br/01/09/2013/conheca-algumas-marcas-que-nao-fazem-testes-em-animais. Acesso em 22 maio 2015.

  Seidle T. 2012.  Cosméticos sem testes em animais, na Rússia e além. Disponível em http://port.pravda.ru/science/13-12-2012/34098-cosmeticos_testes-0/. Acesso em 22 maio 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário