Série Ensaios:
Ética Animal
Por Thalita Tavares
Acadêmica do curso de Ciências
Biológicas PUC/PR
Foi noticiado em outubro
de 2013, no jornal The New York Times, uma pesquisa realizada com doze cães, indicando através de exames de ressonância magnética, que eles usam a
mesma parte do cérebro que os humanos para “sentir”, sendo assim cães têm
emoções assim como nós.
Gregory Berns, neurocientista
da Universidade
Emory, em Geórgia, fez análises no núcleo
caudado, uma região cerebral rica em receptores de dopamina. Nos
seres humanos, esse local desempenha um papel fundamental na antecipação de
coisas que nos agradam. Devido à enorme complexidade de como partes do cérebro
se ligam umas as outras, não é possível relacionar uma única função cognitiva
ou emoção a uma única região cerebral. Mas o núcleo caudado pode ser uma
exceção, envolve o sistema de aprendizado e memória do cérebro. Nos cães, a pesquisa
constatou que a atividade no núcleo caudado aumentou em resposta a sinais com
mãos indicando alimentos, bem como para o cheiro de seres humanos conhecidos.
Muitas das mesmas coisas que ativam o núcleo caudado humano, associadas a
emoções positivas, também ativam o dos cachorros, segundo Berns.
Há séculos acostumamos a pensar em nós mesmos
como seres superiores, criados de acordo com um padrão divino. No século 19, Charles Darwin
e a genética nos ensinaram que não é bem assim, o naturalista britânico causa
polêmica até hoje com a ideia de que somos apenas o resultado da evolução de outros bichos. O código genético
humano é tão parecido com o do chimpanzé, que cientistas defendem que esses
macacos deveriam ser incluídos no gênero homo. Agora a ciência está derrubando,
com uma velocidade espantosa, o último refúgio onde ainda nos sentíamos
seguros: a mente.
A etologia
cognitiva é o estudo comparativo, evolutivo e ecológico da mente dos
animais, se concentra no modo como os animais pensam e no que sentem, inclusive
suas emoções, crenças, raciocínio, processamento de informações e consciência. Todas
as espécies compartilham uma base semelhante de emoções. As emoções
primárias são cruciais para a sobrevivência, ajudam
no controle e gerenciamento comportamental, direcionam os sentimentos e são
associadas ao sistema
límbico. As secundárias envolvem reflexão, requerem
processamentos de regiões específicas do córtex
cerebral, que mapeiam as partes do corpo e suas condições, além de
controlar simultaneamente a atividade cerebral que avalia o que essas condições
significam.
A emoção é uma ação
instintiva, são reações psicofisiológicas que representam modos
eficazes de adaptação com relação às mudanças ambientais e contextuais, passam
pela percepção mental em frações de segundos e desencadeiam reações orgânicas
que culminam em sensações físicas. Já o sentimento exige
alguma elaboração no sentido do entendimento e compreensão, são duradouros. O
que distingue essencialmente sentimento de emoção é: enquanto o primeiro é
orientado para o interior, o segundo é eminentemente exterior. Isto significa
dizer que o indivíduo experimenta a emoção, da qual surge um efeito interno, o
sentimento.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de
Etologia, baseando-se nos seguintes referenciais:
A vida emocional dos animais,
disponível em: https://prezi.com/g2kzuvialwon/a-vida-emocional-dos-animais/.
Etologia e
psicologia evolutiva, disponível em: http://iduc.uc.pt/index.php/psychologica/article/viewFile/994/443.
Senciência Animal,
disponível em: http://www.labea.ufpr.br/PUBLICACOES/Arquivos/Pginas%20Iniciais%202%20Senciencia.pdf.
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