quarta-feira, 27 de maio de 2015

Seres sencientes? Dignos dos mesmos cuidados, então!



Série Ensaios: Ética Animal
Por Thalita Tavares
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas PUC/PR

Foi noticiado em outubro de 2013, no jornal The New York Times, uma pesquisa realizada com doze cães, indicando através de exames de ressonância magnética, que eles usam a mesma parte do cérebro que os humanos para “sentir”, sendo assim cães têm emoções assim como nós.


Gregory Berns, neurocientista da Universidade Emory, em Geórgia, fez análises no núcleo caudado, uma região cerebral rica em receptores de dopamina. Nos seres humanos, esse local desempenha um papel fundamental na antecipação de coisas que nos agradam. Devido à enorme complexidade de como partes do cérebro se ligam umas as outras, não é possível relacionar uma única função cognitiva ou emoção a uma única região cerebral. Mas o núcleo caudado pode ser uma exceção, envolve o sistema de aprendizado e memória do cérebro. Nos cães, a pesquisa constatou que a atividade no núcleo caudado aumentou em resposta a sinais com mãos indicando alimentos, bem como para o cheiro de seres humanos conhecidos. Muitas das mesmas coisas que ativam o núcleo caudado humano, associadas a emoções positivas, também ativam o dos cachorros, segundo Berns.
Há séculos acostumamos a pensar em nós mesmos como seres superiores, criados de acordo com um padrão divino. No século 19, Charles Darwin e a genética nos ensinaram que não é bem assim, o naturalista britânico causa polêmica até hoje com a ideia de que somos apenas o resultado da evolução de outros bichos. O código genético humano é tão parecido com o do chimpanzé, que cientistas defendem que esses macacos deveriam ser incluídos no gênero homo. Agora a ciência está derrubando, com uma velocidade espantosa, o último refúgio onde ainda nos sentíamos seguros: a mente.
            A etologia cognitiva é o estudo comparativo, evolutivo e ecológico da mente dos animais, se concentra no modo como os animais pensam e no que sentem, inclusive suas emoções, crenças, raciocínio, processamento de informações e consciência. Todas as espécies compartilham uma base semelhante de emoções. As emoções primárias são cruciais para a sobrevivência, ajudam no controle e gerenciamento comportamental, direcionam os sentimentos e são associadas ao sistema límbico. As secundárias envolvem reflexão, requerem processamentos de regiões específicas do córtex cerebral, que mapeiam as partes do corpo e suas condições, além de controlar simultaneamente a atividade cerebral que avalia o que essas condições significam.
            A emoção é uma ação instintiva, são reações psicofisiológicas que representam modos eficazes de adaptação com relação às mudanças ambientais e contextuais, passam pela percepção mental em frações de segundos e desencadeiam reações orgânicas que culminam em sensações físicas. Já o sentimento exige alguma elaboração no sentido do entendimento e compreensão, são duradouros. O que distingue essencialmente sentimento de emoção é: enquanto o primeiro é orientado para o interior, o segundo é eminentemente exterior. Isto significa dizer que o indivíduo experimenta a emoção, da qual surge um efeito interno, o sentimento.
          
  Eu como formanda em Biologia acredito que os sentimentos e emoções influenciam o comportamento, pois a relação dos seres com o mundo não é apenas cognitiva, é também emocional. Como não é algo que podemos visualizar, muitas vezes temos dificuldade em identifica-los e entende-los, e assim organiza-los. Se nós, seres humanos já temos esse grau de dificuldade em organizar nossas próprias emoções e sentimentos, imagine compreender o sentimento de outras pessoas... Ou então, imagine entender os sentimentos dos animais? São seres sencientes, assim como nós e merecem a mesma relevância.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia, baseando-se nos seguintes referenciais:
A vida emocional dos animais, disponível em: https://prezi.com/g2kzuvialwon/a-vida-emocional-dos-animais/.
Etologia e psicologia evolutiva, disponível em: http://iduc.uc.pt/index.php/psychologica/article/viewFile/994/443.

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