Série Ensaios: Bioética Ambiental
Por Renata Bicudo Molinari
Por Renata Bicudo Molinari
Mestranda do
Programa de Pós Graduação em Bioética da PUCPR
Atualmente, a sociedade tem
enfrentado problemas plurais e complexos, como é o caso das rodovias, as quais exercem
um importante papel econômico e
social, mas também geram sérios impactos sobre o ambiente natural. Tais como a
perda de biodiversidade, o efeito de borda e a fragmentação do território,
principalmente de animais predadores que precisam de uma área bastante vasta
para caçarem e se reproduzirem. Esses problemas exigem cada vez mais a interferência
da Bioética
Ambiental,
que tem como objetivo e fundamento promover um diálogo entre todos os envolvidos
para chegar a soluções boas para todos e gerando debate a respeito dos meios já
existentes para se mitigar os impactos
causados pelo advento das estradas. Para se alcançar esses objetivos, é
necessário analisar os argumentos a favor e contra, os modelos de implementação
e gestão das rodovias e as medidas propostas até então para mitigar seus efeitos. Verifica-se
atualmentee uma grande deficiência
de estudos a respeito do impacto dessas estradas sobre as espécies nas áreas em
seu entorno, principalmente sobre as populações de Répteis e Anfíbios, Classes
de extrema importância para um ecossistema saudável.
Essa escassez de
trabalhos publicados sobre o tema nos faz pensar sobre o interesse das concessionárias
em não estimular e até coibir estudos que demonstrem o impacto de seus
empreendimentos sobre os ecossistemas naturais. Podemos dizer, portanto, que a falta de
estudos destinados a identificar o real impacto das rodovias sobre as espécies
e o ecossistema está intimamente ligada à negação por parte das concessionárias
em permitir a liberação de dados que possam gerar uma visão negativa da empresa
e sua ação destrutiva sobre o meio ambiente Aumentando, assim, sua
vulnerabilidade e reforçando a percepção de que o que é realmente levado em
conta para elas é a questão econômica.
As medidas mitigadoras mais usadas atualmente
ao nível mundial são as passagens superiores de
fauna, passagens subterrâneas, sinalização luminosa nos pontos
próximos à Unidades de
Conservação
e redutores de velocidade, mas para que essas medidas sejam eficientes, é
preciso identificar quais espécies usariam ou não uma ou outra passagem e se a
sinalização e os redutores de velocidade seriam fiscalizados adequadamente. Além
disso, é importante fazer ações de educação ambiental com a comunidade próxima
às rodovias e estradas e com os motoristas que as usam mostrando a importância de
se preservar a fauna local e de se respeitar as sinalizações e redutores.
Milhões de Reais são gastos para a construção
e manutenção de rodovias pelo Brasil, fora os pedágios altíssimos cobrados na
maioria delas, mas muito pouco é investido e revertido em estudos e construção
de passagens de fauna adequadas e, quando estas são propostas a justificativa
para a não construção das mesmas ou incentivo às pesquisas relacionadas é a
falta de verba. Estas medidas
mitigadoras, em geral, não são previstas no projeto inicial de construção das
estradas, demonstrando não só falta de planejamento, mas também o descaso e a
falta de preocupação com o meio natural. Pode-se considerar, portanto, que o princípio
antropocêntrico é o mais presente em relação à questão das estradas, pois os
benefícios gerados por elas envolvem apenas o ser humano e, a economia que gira
em torno da questão acaba por impedir a divulgação e a implantação de melhorias
para o ecossistema natural presente ao redor dessas rodovias, encarando o
ambiente como um recurso que deve ser utilizado e não como um ambiente natural
que deve ser apreciado, respeitado e preservado.
O presente ensaio foi realizado
para a disciplina de Temas de Biologia e Bioética, tendo como base as seguintes
obras:
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