Na semana passado
o tema que nos rodeou e intrigou foi o suposto crime cometido por um
pré-adolescente que friamente e profissionalmente teria arquitetado a morte
dos pais, da avó e da tia, e depois de horas - inclusive depois de ter ido para
escola - voltou para casa e se matou. A cada nova conversa inúmeras novas
perguntas surgem e tornam a situação mais nebulosa. Imediatamente o crime barbado
em véspera do dia dos pais foi atribuído ao menino, fato que desencadeou duas
vertentes de discussão. O fato é que enquanto alguns rotulam a criança de psicopata, outros o
consideram-na vítima de um sistema familiar que tem negligenciado o
desenvolvimento e as necessidades dos seus próprios filhos. É certo ensinar uma
criança a atirar, a dirigir e dar elementos para colocar em prática um plano –
que em muitos casos (dos
30 anos! Por outro lado, está circulando pela internet um texto que levanta
a dúvida dessa acusação, sugerindo a existência de uma armação para distrair a
sociedade enquanto o verdadeiro criminoso se safa. E de fato, o cenário é
propicio para reflexão do que estamos fazendo com nossos filhos e do que os
nossos filhos podem fazer com seus pais; quem é culpado e bandido na condução
do rumo da sociedade, dos valores, das dores e da ética?
inclusive já ocorrido em cada um de nós) não passaria da
imaginação? É possível detectar problemas emocionais e psicológicos e
convertê-los através da educação e da ajuda de profissionais? Nosso sistema
penal considera um indivíduo de 13 anos uma criança; cientificamente sabemos que
muitos processos cerebrais têm períodos determinados para amadurecer, sendo que
pesquisas recentes pontuam que o cérebro está pronto apenas depois
Temos também a
comovente história do cão mártir que durante muito tempo foi cultuado como o
santo guardião das crianças: o “São
Guinefort”. Os fieis rezaram no seu tumulo durante décadas, só em meados do
século XX a igreja se deu conta que o santo guardião era um cão e ele foi,
então, destituído do título. A história foi a seguinte: o pai foi trabalhar e
deixou o bebê sendo guardado pelo cão, o Guinefort. Nesse meio tempo entrou uma
cobra na casa, então o cão a matou para proteger o bebê. Quando o pai chegou em
casa, viu o sangue derramado pelo chão e pensou que o cão havia atacado a
criança, então sem checar, atirou no cão, matando-o. só depois ele entendeu a
cena, e ficou muito culpado por matar o cão que salvou seu filho, assim por remorso
construiu um mausoléu em memória a Guinerfort, o qual posteriormente passou a
ser considerado santo. Em todo esse período foram jugados inúmeros animais como
cães, ratos, cavalos, cabras... contudo eram os porcos os mais frequentes tendo
em vista o seu porto e a sua proximidade com as pessoas.
Enfim,
haverá alguma ligação entre essas duas reflexões? Recomendo o filme “Entre a Luz e a trevas” de 1993 “Numa época de
transição entre a Era das Trevas cedia espaço para as ideias iluministas, a
pequena vila Abbeville ainda mantinha a tradição da França medieval, inclusive
a de acusar e julgar animais por crimes. O advogado Richard Courtois (Colin
Firth) foi contratado pelo governador Seigneur (Nicol Williamson) para ser
defensor público e seu primeiro cliente em Abbeville é um porco, acusado de matar
uma criança. O porco é de Samira (Amina Annabi), uma linda cigana por quem
Courtois se apaixona. Na tentativa de salvar o animal de sua amada, o jovem
advogado provoca a ira do governador, que não é favorável a esse romance, já
que planeja o casamento entre Courtois e sua filha Filette (Lysette Anthony)”
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