Desde que
eu li uma matéria da fantástica Suzana Herculano-Houzel na mente e cérebro especial sobre o cérebro intitulada
“Novas equações cerebrais” não
consigo mais olhar pra minha moçadinha do mesmo jeito. Até então eu estava
muito convicta da visão
tradicional das etapas de formação do ser humano com marcos importantes:
até dois
anos - quando
começa a desenvolver a linguagem simbólica - depois até seis
anos - quando
muda a frequência cerebral e passa a arquivar de forma diferente as memórias - e,
então, até doze
anos quando
finaliza a fixação do desenvolvimento motor, espacial e da linguagem. A partir daí, estava tudo pronto, e então, o
indivíduo teoricamente não teria mais o que mudar. Então vocês devem estar se
perguntando: e toda a turbulência da adolescência? A resposta é simples:
os culpados são os hormônios, assim que
estabilizarem, irá passar de uma “miniatura de adulto em crise” para um adulto
completo! Porém a ciência tem nos mostrado que na verdade o cérebro adolescente
ainda irá passar por um longo
período - de pelo
menos 10 anos - de remodelagem e
aprendizagem para formar o adulto que ele irá ser! É de fato o que acontece:
uma remodelagem, o cérebro
– mais especificamente a massa cinzenta - vai
crescendo em decorrência do aumento das sinapses. Então, ao
chegar ao limite, começa a diminuir através da
eliminação – ou enxugamento - das sinapses excessivas – só fica o que
interessa!. A grande novidade é que se acreditava até então que esse processo
ocorreria aos três anos, porém o cérebro adolescente ainda continua a produzir
uma “matéria prima a ser lapidada” reforçando a importância do ambiente e da experiência para
formação do cérebro adulto. Cada região do cérebro vai amadurecendo ao seu
tempo, primeiro são as funções sensoriais e depois
as espaciais, porém funções
cognitivas e emocionais
elaboradas começam a
ser modeladas depois dos 17 anos e a região cerebral responsável pelos impulsos só
amadurece por volta dos 20 anos!. Outra
descoberta interessante é que após as milhares de possibilidades de sinapses
terem sido testadas e decididas quais devem ser fixadas, o cérebro passa para
um processo de aumento da substância branca subcortical através da
mielinização – ou seja,
espessamento das fibras nervosas que promovem o isolamento elétrico de cada
axónio permitindo conexões mais rápidas e fiéis. No lobo frontal a
mielinização melhora a memória de trabalho, no lobo temporal, a
facilidade de leitura, porém o córtex frontal é a ultima
parte do cérebro a madurecer, isso aos 30 anos! Será que
deveríamos rever nossa maior idade legal??? Porém, não mais para 16!
Essas pesquisas explicam o comportamento adolescente – ou o aborrecente tão temido pelos pais e pela sociedade. Quando pensamos em evolução fica claro o papel do jovem para promover o aprimoramento das estruturas sociais, tecnológicas e culturais. Se em todas as etapas do nosso desenvolvimento fossemos tolerantes; satisfizéssemo-nos com o que tivéssemos; se fossemos tranquilos e vivêssemos bem a solidão, nossa sociedade – e de inúmeros outros animais – estariam fadadas ao fracasso. Mudanças de fase não são fáceis e aprender dói (veja se você se identifica com esse vídeo).... Sair da infância onde qualquer coisa estimula nosso sistema de recompensa e nossa curiosidade e seguirmos as regras hierárquicas nos dá segurança, não é fácil! Mecanismos como impaciência e tédio são estratégias para que o jovem ouse correr riscos, habilidades novas de raciocínio abstrato permite questionar as injustas regras, além de permitir desfrutar uma nova perspectiva da literatura, música, filosofia e começar a perceber a complexidade social, politica, econômica e cultural. O jovem precisa de estímulos fortes para acionar seu sistema de recompensa, porém o córtex pré-frontal ainda é imaturo, o que incapacita o controle de impulsos e a antecipação dos resultados indesejados. Por isso são taxados de inconsequentes e irresponsáveis. Não podemos esquecer-nos dos novos canais de recepção de ferômonios e hormônios, que logicamente, leva-os a explorarem o fascinante e perigoso mundo das paixões. Se a criança tinha a família como seu referencial, o jovem desenvolve o aprendizado social, adequando seu cérebro para flexibilidade cognitiva, planejamento, autossuficiência e bom humor. As emoções guiam as decisões levando a consolidação da responsabilidade, moral e empatia.
Essas pesquisas explicam o comportamento adolescente – ou o aborrecente tão temido pelos pais e pela sociedade. Quando pensamos em evolução fica claro o papel do jovem para promover o aprimoramento das estruturas sociais, tecnológicas e culturais. Se em todas as etapas do nosso desenvolvimento fossemos tolerantes; satisfizéssemo-nos com o que tivéssemos; se fossemos tranquilos e vivêssemos bem a solidão, nossa sociedade – e de inúmeros outros animais – estariam fadadas ao fracasso. Mudanças de fase não são fáceis e aprender dói (veja se você se identifica com esse vídeo).... Sair da infância onde qualquer coisa estimula nosso sistema de recompensa e nossa curiosidade e seguirmos as regras hierárquicas nos dá segurança, não é fácil! Mecanismos como impaciência e tédio são estratégias para que o jovem ouse correr riscos, habilidades novas de raciocínio abstrato permite questionar as injustas regras, além de permitir desfrutar uma nova perspectiva da literatura, música, filosofia e começar a perceber a complexidade social, politica, econômica e cultural. O jovem precisa de estímulos fortes para acionar seu sistema de recompensa, porém o córtex pré-frontal ainda é imaturo, o que incapacita o controle de impulsos e a antecipação dos resultados indesejados. Por isso são taxados de inconsequentes e irresponsáveis. Não podemos esquecer-nos dos novos canais de recepção de ferômonios e hormônios, que logicamente, leva-os a explorarem o fascinante e perigoso mundo das paixões. Se a criança tinha a família como seu referencial, o jovem desenvolve o aprendizado social, adequando seu cérebro para flexibilidade cognitiva, planejamento, autossuficiência e bom humor. As emoções guiam as decisões levando a consolidação da responsabilidade, moral e empatia.
A Etologia mostra não
só a importância, mas a fascinante etapa de nossas vidas que é a adolescência...
Embora existam muitos adultos com mentes adolescentes – com certeza logo
teremos muitas explicações biológicas, etológicas e psicológicas para esse
fenômeno – o que mais gostei de todas essas novidades, é a possibilidade de
termos alguns
anos a mais para
sermos jovens, curtimos nossa imaturidade e termos a chance de contribuir para
o adulto que queremos ser! Para os pais, lembrem-se que a melhor herança que
podes deixar para seus filhos, não são posses, dinheiro, objetos; nem mesmo
milhares de cursos ou escolas caras; mas sim uma estrutura emocional e conexões
cerebrais que os
possibilite ter uma existência saudável, que os capacite a resolver seus
problemas com sabedoria, enfrentarem as dificuldades, e desfrutarem das vitórias;
Que possam ser adultos confiantes, seguros, sábios, equilibrados e
principalmente felizes e, que principalmente, te dê a confiança que fará igual
com seus netos, e esses com os bisnetos, e assim sucessivamente...