segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Utilização de Animais Selvagens em reality shows televisivos




Série Ensaios: Ética no Uso de Animais e Bem Estar Animal

Por Maira Fernanda Rocha Scandelari

Pós-graduanda em Conservação da Natureza e Educação Ambiental

            Atualmente temos visto na mídia televisava a utilização de animais selvagens especialmente em reality shows, como no Limite  cujos participantes ficam confinados em uma ilha deserta em contato com a natureza e o  Hipertensão, com provas de comidas exóticas e desafios com animais silvestres, realizados pela Tv Globo.  E recentemente a Fazenda da Rede Record de televisão, cujos “fazendeiros”, devem conviver, cuidar e alimentar os animais. Com o intuito inicial de mostrar adaptação, boa convivência, coragem e até a superioridade do ser humano para com os animais. No entanto, o que temos visto, vem mostrando o contrário, que os participantes estão expondo estes animais a maus tratos, agressões, ridicularizando-os por seus hábitos e meios de defesa.
            O IBAMA adverte que o uso de animais silvestres nativos ou exóticos em ambientes refrigerados e superluminoso dos estúdios de televisão podem provocar estresse e fazer com que adotem comportamentos agressivos. Além de representar riscos para os funcionários e para os participantes, o uso de indevido da fauna pode ser punido com prisão e multa. Com o objetivo de alertar a população sobre estes crimes estaremos descrevendo, o histórico, os casos de violência e as leis que defendem os direitos dos animais selvagens em qualquer ambiente.     As questões inerentes aos direitos dos animais são discutidas desde os tempos dos primeiros filósofos como Pitágoras e Aristóteles no século VI a.C. Depois com René Descartes, Jacques Lorb, Jakob Von, Charles Darwin e Karl Von, com o tempo foi descobrindo que os animais não eram objetos e que eles sentiam dor, atualmente apregoa-se o seu bem estar, pois eles também sentem fome, frio, dor, sofrem e sentem emoções como nós seres humanos.     Em 1978 foi proclamada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Segundo o qual descreve entre outros artigos que todos os animais tem direito a existência, merecem respeito, nenhum deles deve sofrem mal tratos e que as espécies silvestres tem o direito de viver livres.   No Brasil pode-se dizer que a Constituição brasileira  de 1988 atribui aos animais um mínimo direito: o de não os submeter á crueldade.  Somente em 1934, que entraram em vigor pela primeira vez, as normas de proteção animal. Em 1941, o Decreto 3.688 proibiu a crueldade e o trabalho excessivo com o passar dos tempos outros países como a Alemanha (2002), a Áustria (2004).    
Atualmente muita coisa mudou, pois existem leis que protegem os direitos dos animais, mas ainda existem pessoas utilizando-os em circos, zoológicos, parques, e meios televisos, como meio de vida. Até uso deste animais prejudica-os?  Não teria outras fontes de renda e de audiência que não necessitasse explorar esses bichos?A exemplo do programa Hipertensão, os competidores cumpriam provas radicais e de muita adrenalina ao longo do programa. Para ganhar o prêmio de R$500.000,000 a produção do reality preparava desafios com provas eliminatórias utilizando animais vivos e que causam asco á maioria das pessoas como baratas, cobras, ratos, aranhas entre outros.  Quando não incluíam esses “bichos” como culinária, a equipe de produção o fazia em outros tipos de provas misturando, diferentes espécies de animais em compartimentos onde os participantes ficavam locados durante determinado período. Em uma das provas era, chamada o “capacete dos infernos” (veja o vídeo), no qual o competidor permanecia algemado e sentado em uma cadeia giratória com um caixote transparente preso na cabeça, recebendo, larvas, sapos, cobras e ratos. Após completar os giros e receber todos os inquietos companheiros dentro da caixa, o jogador precisava abrir o cadeado das algemas para então sair, daquela tortura em conjunto imposta. O pavor e o medo dos participantes eram evidentes. Sem falar, nos animais que  ficavam em um ambiente apertado, quente, tinham que aguentar o competidor gritando, sacudindo a cabeça, machucando-os e sem falar no estresse que eram submetidos.

            Todo animal perece, ser bem tratado, bem alimentado, e nenhum deles por mais perigoso que veja, merece apanhar ou sofrem maus-tratos. Se quiser mostra-los para população que filme eles em ambientes selvagens, mostrando sua exuberância, agilidade, rapidez, e importância ambiental, mas não como forma de repúdio, e superioridade humana. Independentes da espécie todos são sensíveis, inteligentes, sentem dor, tem medo, e atacam quando se sentem ameaçados. A respeito disto, esses realities show e outros veem descumprindo a Lei 9.605/98 que diz que é crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos. São considerados maus-tratos o abandono, manter o animal preso por muito tempo sem comida, deixar o animal em lugar impróprio, agressão física, utilizar animais em show, apresentações ou trabalhos que causam pânico e sofrimento.
            Na minha opinião não devem mais existem programas televisos, com animais selvagens,  e se houver caso de programas com a utilização de bichos “domesticados”, qualquer abuso ou maus-tratos o participante deverá ser eliminado já que o objetivo de tal reality é cuidar e zelar pelo bem estar dos mesmos.      Mas infelizmente ainda existem programas que envolvem animais e temos visto os integrantes agredindo e matando animais silvestres a exemplo do programa: A Fazenda onde um dos participantes admite que bateu nas cabras (veja o vídeo) e a direção, não tomou nenhuma atitude imediata, somente agora, os “fazendeiros” estão sendo penalizados pelas más atitudes. Para nossa satisfação temos pessoas interessadas em defendê-los de qualquer tipo de agressão, como ONGs e blog defendendo os direitos dos animais. Até quando veremos estes tipos de agressões, na televisão, nos parques, zoológicos, circos e rodeios? Chega de maltratar os animais, é hora de levantarmos essa bandeira e exigir das autoridades, medidas contra essas atitudes.
Esse ensaio foi elaborado para disciplina de Bem estar animal sendo baseado nas obras:
Sites:
Artigo:
DOVAL, LENIZE MARIA SOARES. Direito dos Animais: Uma abordagem histórico filosófica e a percepção de bem-estar animal. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2008. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16438/000661804.pdf?sequence=1.

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