Ao analisarmos o processo de comunicação nos
animais, nos surpreendemos como podem com tão poucos “recursos” transmitirem
tantas e tão eficientes informações. O nosso ancestral provavelmente tinha
muito a dizer antes de desenvolver um aparelho fonador que
possibilitasse uma fantástica combinação de sons que capacitou o homem a criar
sons para tudo que existe materialmente e mentalmente, dando surgimento desta
forma para linguagem
simbólica. A nossa estrutura cerebral reflexiva vem dessa simbologia, o dar
sentido as coisas do mundo ao verbalizar os seus significados. Embora tudo que
exista no mundo atinja diferentes órgãos sensoriais- uma maçã, por exemplo, tem
forma, cheiro, cor, textura, sabor, seu nome falado, escrito e as lembranças
associadas - o simbolismo falado e escrito tem um peso enorme na nossa
evolução. Por isso mesmo, a forma que uma criança antes dos dois anos vê o
mundo se parece tanto com outros mamíferos como primatas e cães. O seria sido
de nós se não tivéssemos desenvolvido o nosso aparelho fonador? Iriamos
conscientemente usar mais o olfato, o tato e quem sabe a linguagem corporal?
A
utilização da linguagem corporal, não apenas através da configuração das mãos,
mas também pelo ponto de articulação, movimento, direcionalidade e expressões
faciais e corporais, as palavras se transformam em sinais e a sintaxe dessas palavras
formam frases, poemas, músicas. Palavras vividas com uma essência que me parece muito mais
natural do que a linguagem simbólica que criamos. Como será que pensam os
surdos? Com movimentos de mãos? Com imagens? Com cores? Como percebem o mundo?
Será que, como nós, precisam dar sentido a tudo? Essas questões podem até fazer
parte da nossa natureza em querer contextualizar e simbolizar tudo, porém não é
o mais importante. O mundo, as cidades, o sistema de educação estão
estruturados para pessoas que possuem seus sensoriais perfeitos, por isso a
falta de acessibilidade promove o isolamento de surdo, cegos, cadeirantes,
idosos... Porém essas pessoas também
querem se comunicar com mundo por isso que pessoas como a Lourdes são tão
importantes na nossa sociedade promovendo essa ligação entre pessoas que podem
até não perceberem o mundo igual, mas que devem compreender que antes de
elaboramos nosso sistema fonador, a natureza nos presenteou com as emoções e
esse elo de comunicação não podemos perder com nenhum ser vivo!
Gosto muito de teu blogue. Sou professora de Libras e pesquisadora da tradução e interpretação de língua de sinais (fui intérprete muitos anos). E, também, adoro animais e sou fascinada pela etologia que, a meu ver, nos abrange, como animais humanos. Parabéns!
ResponderExcluir(p.s.: cegos-surdos, o termo convencionado é surdocego)