segunda-feira, 16 de julho de 2012

-Atichin! –Saúde!... Aliás: “Saúde Mental”


Acordei bem brocoxô hoje...  espirros, congestão, cefaleia, e todas as “ias” e “eias” associadas a um resfriado, ou seria gripe? Não acho é que apenas uma alergia! Enfim.., o que importa mesmo é o nosso sistema imunológico... essa é uma fascinante área de conhecimento que tem extrapolado os muros dos laboratórios acadêmicos e alcançado o universo da Etologia e Comportamento humano. Obviamente que nosso corpo sendo uma sociedade de 40 trilhões de células - que devem estar bem e em harmonia para todo o sistema funcionar – deve ter um eficiente sistema de defesa, pronto para atacar os inimigos. E quem são os inimigos? Pode ser qualquer um, mesmo “coisas” inofensivas e o interessante é que assim como em uma sociedade humana, o que é inimigo para um não é para o outro. Desta forma, o sistema imunológico nos torna único dentre os sete bilhões de humanos desse planeta!
            A revista Mente e Cérebro desse mês traz uma excelente matéria de capa “Quando o estresse nos faz adoecer”. Mas até aí não tem novidade, sabemos muito bem que o excesso de esforço físico diminui nossas resistências e um resfriadinho - que seria facilmente curado - pode nos derrubar. Mas a matéria se refere a novas áreas de como Medicina psicossomática, Psicodermatologia, Psiconeuroimunologia e traz dados de pesquisas recentes que diferencia as consequências de um estresse físico e emocional.  Quem já não vivenciou a tal “doença do ócio’? quando após um período conturbado de utilização do nosso corpo em potência máxima (final de semestre letivo, por exemplo), ao invés de sairmos felizes para curtir uma merecida férias, caímos de cama gripados por quase todo período tão sonhado?
            Quando um “inimigo” tenta invadir nosso território (“corpo”), o psiquismo entende o alerta do sistema imunológico e altera o comportamento – por isso diante de um resfriado só temos vontade de ficar embaixo das cobertas. Por outro lado, em situações de extremo perigo - como estarmos diante de um leão faminto - o corpo mobiliza todas as energias para luta ou fuga, para isso precisa tirar a atenção de outras coisas como a sensação de dor ou cansaço. Porém, diante dessa situação uma cascata bioquímica de neurotransmissores e hormônios conduzem a um sistema extremamente eficiente e o cérebro libera a produção de uma  proteína geradora de infecção, a qual é fundamental para preparar o corpo contra uma possível mordida. Caso o ataque não ocorra, o eficiente sistema precisa reverter o processo inflamatório - para não causar danos ao organismo - e o faz produzindo um conhecido hormônio, o cortisol.  O problema é que diante dos “leões contemporâneos” os fatores de estresse não passam e o cortisol é frequentemente produzido diminuindo o sistema de defesa até que o corpo não consiga mais deter os “inimigos”.
            O interessante é que o sistema imunológico possui duas formas de atuação, que de uma maneira bem simplista poderíamos classifica-los em “tipo T1” – contra vírus e formações cancerígenas e “tipo T2” – contra bactérias e outros  micro-organismos, denominados de  resposta imune humoral. O Cortisol atrasa equilíbrio entre os tipos e favorece a T2, logo o estresse físico influencia na diminuição da produção da T1 - tornando o organismo susceptível ao ataque de vírus como da herpes ou gripe. Já as questões emocionais diminuem a produção da T2 tornando o organismo susceptível às alergias, como a renite. Bem, atualmente o mundo está vivendo uma epidemia de alergia, a qual normalmente é atribuída à poluição ou exposição a muitos produtos sintéticos. Porém estudos têm demonstrado que a resposta do sistema imunológico é determinada já na vida uterina – mães estressadas liberam mais cortisol e os bebes nascem com atividade T2 elevada mais do que seria normal. A frequente exposição a situações estressantes evita que haja normalização desse desequilíbrio e as crianças levam para o resto da vida, alergia aos mais diferentes agentes que não apresentam nenhum perigo real para o organismo. Inclusive estudos mostram que pessoas que sofreram traumas na infância têm mais propensão de terem doenças inflamatórias – como o reumatismo - na velhice.
A boa notícia é que o otimismo, a tolerância consigo mesmo, os gestos de gentileza e a simpatia reduz a pressão, frequência cardíaca, inflamações e formação de coágulos sanguíneos e podem ser medidas eficientes para proteger de um simples resfriado. Para nós assim como outras espécies sociais, as relações sociais são mais importante do que comemos. Inclusive um estudo recente mostrou que dormir de conchinha é fundamental para reduzir a produção de cortisol, o que não está relacionado com sexo, mas com carinho e intimidade.
E daí fica pergunta: Se nós humanos tão evoluídos, respondemos tão biologicamente às pressões externas anti-naturais a ponto de alterar o sistema que nos matem vivos, seria diferente com os outros animais? Lógico que não! O corpo deles reage da mesma forma a uma situação artificial de estresse prolongado tornando-o mais suscetíveis à doenças. Basta ver como os bichinhos de estimação estão o tempo todo nos médicos, os cães e gatos do século passado não conheceram as doenças modernas. E o estresse emocional também os tornam suscetíveis a inúmeras alergias. Isso vale também para os outros animais mantidos cativos pelo homem, seja nos zoológicos - onde vemos claramente os efeitos do isolamento social – ou nos sistemas de produção - que está longe dos nossos olhos - que sem dúvida nenhuma conduz a uma excessiva produção de cortisol, que podemos estar ingerindo, o que não sabemos o que ocasiona no nosso corpo quando somados ao excesso que já temos.
A ideia é promover o bem-estar humano e animal e os estudos conduzem cada vez mais a percepção de como a saúde mental é fundamental para atingirmos a saúde física, como já dizia Decimus Iunius Iuvenalis em 55 e 60 D.C.: Mens sana in corpore sano, a diferença é que hoje devemos buscar oferecer isso a todos os seres vivos! Fica a Dica!


Nenhum comentário:

Postar um comentário