PARA CONSERVAR É PRECISO CONHECER



Por Carola Gutfreund, Caroline Baréa, Franciele Leite, Gustavo Hatschbach


Acadêmicos do Curso de Biologia
Com a ecologia do comportamento surgida na década de sessenta, pode-se observar um maior estudo teórico sobre o tema. Desde 1994 a interação da etologia e conservação sofreu um crescimento explosivo, sendo consolidada no IV Congresso Nacional Latino-Americano de Etologia realizado em 1998, buscando-se relacionar o papel da etologia na conservação e exploração sustentável de fauna. Somente no ano 2000 Margules & Pressey verificaram que só se pode conservar o que se conhece sendo que para conservar a biodiversidade seria necessário descrevê-la, mapeá-la e medi-la.
Os comportamentos dos animais caracterizam as relações entre as espécies e possuem desempenho significativo nos processos ecológicos, ciclo de nutrientes, polinização, dispersão e estruturação de comunidades. O uso do comportamento animal pode ser indicador do nível de perturbação de um ecossistema. Estudar o comportamento das espécies no ambiente natural é essencial, uma vez que o comportamento é o primeiro indício de degradação ambiental, sendo que as primeiras mudanças ocorrem no comportamento sexual, alterando o padrão reprodutivo e em níveis mais baixos alterando os níveis de tamanho da população. Logo, a conservação das espécies requer conhecimento sobre seu comportamento tanto no ambiente natural quanto em cativeiro. São observados fatores como migração, territorialidade, interação grupal, adaptação à presença humana, reprodução, comunicação, forrageamento, mortalidade, polinização e dispersão.
O estudo do comportamento tem como uma de suas aplicações a reintrodução de animais no seu habitat, devendo observar se o animal sabe esquivar de predadores, selecionar o habitat, e alimentar-se na natureza, pois esses comportamentos são críticos para a sobrevivência dos animais recolocados na natureza. Para o aperfeiçoamento de técnicas de criação e reprodução para um melhor manejo em cativeiro. Conhecimentos sobre a cadeia alimentar podem auxiliar na introdução de determinadas presas para os animais reintroduzidos ou para controle populacional de algumas espécies. Podendo também ser amplamente aplicado em unidades de conservação. O conhecimento gerado pelo comportamento das espécies pode ser utilizado para educação ambiental, em que dados básicos são repassados para a população a fim de subsidiar técnicas de manejo, condições em cativeiro e iniciativas de reintrodução. A preservação do ambiente pode ser realizada através da dispersão de sementes observada no comportamento de diversos animais. Os mecanismos de polinização em abelhas são essenciais na reprodução e propagação de plantas. Nós acadêmicos da biologia acreditamos que o estudo da etologia possui grande importância na conservação da flora e fauna. O estudo do comportamento animal é uma ferramenta básica para a compreensão das interações intra e interespecíficas e que podem ser utilizadas em programas de conservação.
O Presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia e baseado nas seguintes obras:
BRUSIUS; L., OLIVEIRA; L. G. S., MACHADO FILHO; L. C. P., Difusão dos conhecimentos sobre comportamento da fauna silvestre como instrumento de conservação. EXTENSIO Revista Eletrônica de Extensão UFSC, n. 3, 2005. disponível em: Acesso em 15/03/2012.
CASSINI, M. H. Etología y conservación: un encuentro con futuro. Etología n. 7 p.1-4, Argentina,1999.
MARGULES & PRESSEY apud. MARQUES, C.M; LAMAS, C.J.E. Taxonomia zoológica no Brasil: estado da arte, expectativas e sugestões de ações futuras. Pap. Avulsos Zool. Vol. 46, n 13. São Paulo, 2006.
SNOWDON, C. T. O significado da pesquisa em comportamento animal. Estud. psicol. vol.4, n.2. Natal: July/Dec. 1999.
SOUTO; A. Etologia princípios e reflexões. 3ª ed. Editora Universitária UFPE, 2005.