Um tributo ao imortal Dr. Cesar Ades

No início dessa semana voando para o congresso da SBCAL tive uma notícia muito, muito, muito triste, o falecimento do incrível, querido, respeitável e inesquecível Cesar Ades. Cesar foi meu padrinho na aracnologia, as fotos que estão nesse post são do primeiro congresso de aracnologia que participei em 1996 na Serra do Japi, a quase 20 anos! É aracnologia mesmo! Dr. Cesar Ades era psicólogo e trabalhava na USP, e embora tenha explorado todo o universo da Etologia trabalhando com humanos, primatas e cães, ele passou boa parte da sua vida profissional trabalhando com aranhas. Os mecanismos relacionados com memória principalmente da simpática Argiope agentata. Na realidade conheci o pensamento de Cesar Ades ainda na Universidade, nas aulas de Etologia. Minha professora, a Dr. Leny Cristina Milleo Costa trazia a referência de Cesar Ades em todas as suas aulas, e com certeza hoje todos os alunos que passaram por ela, estão em Luto, mesmo não tendo a honra de conhecer pessoalmente esse grande Etólogo.
Cesar Ades foi quem trouxe a Etologia para o Brasil, começou bem pequena e hoje tem uma representação fantástica. A Revista de Etologia e os Encontros Anuais de Etologia são as provas desse desenvolvimento e a cada ano podemos presenciar os frutos desse pioneirismo, no qual me encaixo! Fazendo uma busca pelo seu nome na Internet podemos perceber como sua presença na vida de tantas pessoas é real e será para sempre. Hoje seus milhares de ex-alunos, orientados, amigos, colegas, parentes choram e se indignam como um ser humano tão empático, inteligente, humilde e acolhedor foi exposto a um acidente tão trágico em um local caracterizado justamente pelo trânsito lento. Eu hoje me sinto órfã, mesmo não convivendo com o Cesar devido à distância, saber que ele estava ali, fazendo a diferença na vida de tantas as outras pessoas, era uma inspiração para eu buscar fazer o mesmo por aqui. Cesar Ades foi meu exemplo de profissional e de ser humano, pois era ao mesmo tempo sério, comprometido, responsável e pronto para aceitar todos os desafios que a ciência lhe impunha e as ideias - em um primeiro momento - malucas de seus alunos; era doce, amável, humilde, recebendo a todos com um sorriso imenso que iluminava o ambiente por quilômetros e por meses. Foi assim, que eu fui recebida - ainda menina - na família dos Etógolos brasileiros, ainda bem sem saber o que seria meu futuro, sonhava em conhecer os “mistérios” do comportamento animal. Hoje estou aqui graças a Ele e a muitos outros Etólogos que me orientaram, conduziram, aconselharam e acolheram. Hoje estou triste, mas fazendo essa reflexão sobre o Cesar, percebo que ele está muito vivo dentro de mim, e continuará vivo nas gerações que me precederem, pois a sua existência foi muito abençoada!