O que te move? O Destino, O Acaso ou Suas escolhas

Quatro segundos! Foi o tempo que demorou para abrir o farol depois que Landerson Rodrigues furou o mesmo em um cruzamento em São Paulo no primeiro dia de 2012 . A família se refugia no carro com medo que a casa desabe com as chuvas em Minas; o morro desaba, dá a volta na casa e soterra o carro, deixando a casa intacta. Viver o romance dos seus sonhos, casar, engravidar, ser um profissional de sucesso ou não conseguir casar de jeito nenhum, mesmo achando que quer, não conseguir engravidar, não dar certo em nenhum emprego. Popularmente essas situações são taxadas de Sorte ou Azar, mas o quanto da nossa história é movido por acasos incontroláveis que diante de uma rebeldia inútil culmina em uma resignação eclesiástica?

Muitos cientistas acreditam que a vida surgiu do acaso, reações químicas simples que gradativamente culminou nos primeiros micro-organismos, os quais diante do acaso da recombinação de suas proteínas culminaram sequencialmente em organismos mais complexos. Outros cientistas, até acreditam no processo em si, mas apostam que algo superior, inexplicável, onipotente e onipresente guiou os caminhos da evolução, pelo menos o start. No início experimentações ao acaso geraram espécies que eram conduzidas pela natureza. Assim, se tinham “algo” diferente que lhe propiciava mais chances de deixar mais cópias de sua fórmula, ficava! Do contrário, bye bye! Com o tempo o próprio acaso criou adicionou à “fórmula” a possibilidade de “escolha” cujo aprimoramento chegou no nosso “livre arbítrio”. E o cérebro criou o Homem (Título do novo livro de Damásio, que estou doidinha pra ler). Nos foi dado o poder da decisão, mas por que na maioria das vezes nosso subconsciente direciona nosso comportamento? Porque os referenciais utilizados para as escolhas são moldados ao longo do nosso desenvolvimento ontogenético, nossas experiências individuais, em associação com nossas predisposições genéticas, compõe o espectro da nossa percepção de mundo. Por isso o mundo que nós vivemos só existe na nossa mente. Realmente é uma forma muito solitária de se passar por essa vida!

Vale a pena destacar que em algumas situações “achamos” que estamos “conscientes” de nossas escolhas, mas estamos sendo conduzidos pelo nosso organismo a adotar alguns comportamentos que os beneficie diretamente como o desejo de comer alimentos mais calóricos, os vícios ou quando nosso “instinto” e nossas “emoções” se tornam incontroláveis (veja milhares de exemplos). O fato mais assustador é quando parasitas alteram o comportamento dos animais para fechar o seu ciclo. Já conhecemos bem o comportamento agressivo de cães e gatos com o vírus da raiva, peixes que boiam, caramujos e formigas zumbis. Mas até mesmo para o ser humano estão sendo descobertas alterações comportamentais em decorrência do parasitismo, como a influência da toxoplasmose tornando o parasitado mais ousado e se colocando mais em risco para ser predado por um grande felino.

Nós usamos muito os referenciais externos para avaliar “conscientemente” nossa vida e concluirmos se é boa ou não. O problema resiste justamente no fato de não aceitarmos que cada ser humano foi brindado pela natureza com a possibilidade de ter a sua própria história. Um presente de grego? Sim e Não! Se acharmos que a grama do vizinho é mais verde, vamos passar a vida entulhando valores alheios incompatíveis com nossos desejos e chegar ao final dela com a terrível sensação de termos perdido tempo! Quem já teve essa sensação em escala menor pode imaginar o tamanho da frustação. Agora, se aceitamos que a vida que temos é fruto das nossas escolhas conscientes ou não, mas parte de nós, daí sim, poderemos ver beleza na nossa história e no final, termos muito orgulho do que vivemos. A maior dádiva da natureza é a diversidade, acaso ou não, foi a “fórmula” da diversidade que criou nosso planeta, tão lindo como ele é. Foi a diversidade que conduziu a nós. É a diversidade que nós permite estar aqui refletindo sobre a vida. Os mecanismos envolvidos na formação de grupo tendem a homogeneizar seus integrantes, o que faz todo sentido quando vivemos em um mundo em que o conjunto desses grupos é a regra. Porém, a própria evolução do homem conduziu à criação cada vez mais efetiva da verdadeira “Aldeia Global” e está querendo nos homogeneizar. Não vejo isso como saudável! A nossa consciência e nosso livre arbítrio pode nos conduzir para utilização dos mecanismos instintivos da formação de grupo, para interpretar a diversidade não como rival, mas como favorável para o enriquecimento do nosso grupo e para o bem-estar individual de seus integrantes.

Parece que há uma tendência genética para se ter uma melhor ou pior autoestima, mas a educação tem um papel fundamental. Os pais deveriam se preocupar menos em dar tantos presentes materiais para seus filhos e buscar deixar de herança uma autoestima alta. Segundo Luis Rojas Marcos a noção que as crianças têm delas é reflexo da opinião daqueles com quem convivem, por isso o carinho e apoio dos adultos são essenciais para apreciar a si mesmo durante os altos e baixos da infância, da adolescência e da vida adulta.