quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Infidelidade tem causa genética?

Série Ensaios: Sociobiologia

Por Aline Lye Hirai, Bruno Kazuo, Thuane Braga

A infidelidade pode ser definida como a quebra de um compromisso e da confiança entre dois parceiros, ou uma violação de regras e limites mutuamente acordados em um relacionamento (Barta & Kiene, 2005). Porém há várias concepções para o que seja infidelidade, que podem variar de acordo com a cultura e o pensamento de cada indivíduo.Podemos dizer que fidelidade não é comum nos animais. São poucas espécies que escolhem e permanecem com um único parceiro para o resto da vida, como o lobo. E, com o avanço da genética, a infidelidade está sendo comprovada em animais que eram considerados extremamente fiéis. Mas a infidelidade no mundo animal tem uma vantagem natural. No caso da fêmea, trair o companheiro aumenta as chances de ter um filhote de sucesso. Se ela tiver todos os filhotes com o mesmo parceiro, corre o risco da genética do pai não ser tão boa e, consequentemente, dos seus herdeiros não chegarem à vida adulta. Já os machos mais fortes e dominantes têm a possibilidade de passar seus genes para uma maior quantidade de filhotes, que irão garantir a sobrevivência de sua espécie. Nos últimos tempos, uma série de explicações biológicas tem aparecido para justificar a infidelidade. Um livro recém-lançado nos Estados Unidos defende a tese de que a traição seja entre humanos, pássaros e até pulgas, é regra. O Mito da Monogamia: Fidelidade e Infidelidade em Animais e Humanos, escrito pelo zoólogo e psicólogo David P. Barash e pela psiquiatra Judith Eve Lipton diz que até mesmo os cisnes são infiéis, que acreditava-se que eram um modelo de monogamia, e que os machos não encontravam outra fêmea nem após a sua morte. Outra tese polêmica é a do médico Stephen Emlen da Universidade Cornell, que afirma que nove entre dez mamíferos são infiéis. Segundo ele, há dois tipos de monogamia: a genética e a social. No primeiro caso, a fidelidade é uma exceção. No caso da monogamia social, o casal está junto com um objetivo definido: criar os filhos. É uma decisão deliberada dos parceiros. Especialistas acreditam que a fidelidade se mantém graças ao mito de que espécies cujas proles foram criadas por pais casados vivem melhor. Seria uma justificativa da monogamia humana. Os resultados mais surpreendentes dessa nova safra de estudos de paternidade no mundo animal estão entre os pássaros, que se achava serem modelos de fidelidade. Apenas perto de 10% de cerca de 180 espécies de aves socialmente monógamas revelaram ser também geneticamente monógamas. Outro estudo científico publicado pela revista britânica “Nature” (afirma que alterando-se um único gene pode-se regular o comportamento notoriamente promíscuo de roedores em companheiros fiéis e monogâmicos. O gene controla a produção da proteína receptor de vasopressina, presente naturalmente em maior quantidade em um tipo semelhante de roedor (Microtus ochrogaster - que é monogâmico. A proteína regula comportamento social e a formação de pares. A concentração maior é localizada em uma região frontal do cérebro envolvida na sensação de recompensa e no desenvolvimento de compulsões.Nos seres humanos o comportamento sexual e sentimental é moldado pela interação entre complexos fatores ambientais e culturais com não apenas um, mas possivelmente diversos genes. Alguns estudos sugerem que a neurotransmissão (via dopaminérgica) da dopamina no cérebro influencia a libido, o comportamento sexual e o “laço” entre casais. Dois hormônios, a oxitocina e vasopressina, atuam sobre a função dopaminérgica influenciando o comportamento monogâmico e a união entre casais. Outros estudos sugerem que genes que modulam a neurotransmissão da dopamina – como o gene receptor da dopamina D4 – estariam relacionados a características comportamentais como a busca de sensações novas A infidelidade é um tema polêmico para os humanos, pois envolve preceitos religiosos e sociais. Porém, estudos comprovam a influência genética na monogamia. Na natureza a infidelidade é muitas vezes considerada vantajosa, já que possibilita o aumento da variabilidade genética e proporciona um maior número de descendentes com os genes parentais.Ao que tudo indica o comportamento de infidelidade está estritamente ligado a fatores ambientais e questões sociais e culturais, não podendo ser associado único e exclusivamente a natureza genética dos indivíduos.



Este ensaio foi baseado nas obras:

W. D. BARTA; M. KIENE. Motivations for infidelity in heterosexual dating couples: The roles of gender, personality differences, and sociosexual orientation. Journal of Social and Personal Relationships. P. 339-360. 2005.

D. P. BARASH; E. J. LIPTON. O mito da monogamia: fidelidade e infidelidade entre pessoas e animais, Ed. Record. Rio de Janeiro. 2007.

Consultas arquivos online:

http://dantas.editme.com/files/textos/monogamia.2.htm

http://hypescience.com/algum-animal-e-monogamico/

http://www.petclube.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=54:curiosidades-do-mundo-animal&catid=1:mundo-pet&Itemid=2

http://www.petclube.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=54:curiosidades-do-mundo-animal&catid=1:mundo-pet&Itemid=2

http://faculty.washington.edu/dpbarash/

http://www.amazon.com/Judith-Eve-Lipton/e/B004LTFBH8

www.ibb.unesp.br/graduacao/pet/Artigos/.../mito_monogamia.doc

http://veja.abril.com.br/160102/p_076a.html

http://www.nbb.cornell.edu/neurobio/emlen/

http://www.nature.com/nature/index.html

http://www.mnh.si.edu/mna/image_info.cfm?species_id=183

http://veja.abril.com.br/blog/genetica/sem-categoria/infidelidade-e-promiscuidade-genetico-ou-ambiental/

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