domingo, 10 de julho de 2011

Os animais ainda são torturados e sacrificados em rituais religiosos?


Outro tema polêmico permeia as discussões na nossa comunidade: os cultos religiosos têm o direito de sacrificarem e torturarem os animais em nome de suas crenças (veja o trabalho de Yannick Yves Andrade Robert)? A liberdade religiosa de um país laico está condicionada ao direito de fazerem os animais sofrerem? Será que tanta dor e sofrimento pode trazer uma “energia positiva” que toda religião prega? Sabemos que na Bíblia tem-se referência a sacrifício de animais – os quais na época eram os bens mais preciosos que as pessoas ofereciam a Deus em nome de sua fidelidade. Mas esses atos são cabíveis nos nossos dias? (veja a opinião da Artigo da ecologista Leatrice Borges Piovesan) Devemos considerar toda burocracia para coletarmos, estudarmos e fazermos experimentos científicos nas universidades. Devemos submeter nossos projetos aos comitês de ética além de termos autorizações de coleta e captura emitidas por órgãos competentes. E Ressalvo - que para maioria de nós - o que queremos é o bem para os animais. Tempos atrás quando estudava os caramujos Megalobulismos paranaguenses – nosso lindo caramujo gigante brasileiro, presente na lista de animais em risco de extinção – fiquei sabendo que as crianças do local vendiam exemplares raríssimos a R$ 5,00 para serem utilizados em rituais.

No Rio Grande do sul o deputado Edson Portilho do PT criou em 2008 uma lei que permite a tortura e o sacrifício dos animais em ritos religiosos. Enquanto que na Holanda uma lei proíbe o sacrifício de animais em rituais - mesmo indo contra oposição dos partidos cristãos e das organizações muçulmanas e judaicas. Na Holanda existe um Partido para os Animais (que possui duas cadeiras no Parlamento) e que aceitou um acordo criando uma emenda que permite às organizações muçulmanas e judaicas realizar sacrifícios caso demonstrem cientificamente que seu método causa menos dor ao animal do que as formas "regulares" de sacrifício. A pesquisa acadêmica foi de grande importância para que a proposta de lei contasse com a maioria do Parlamento. De acordo com especialistas, cerca de 2 milhões de animais são sacrificados anualmente em rituais na Holanda (imagina no Brasil!). Ao aprovar a lei, a Holanda se soma a Suécia, Noruega, Áustria, Estônia e Suíça, que também contam com leis que proíbem este tipo de práticas.

4 comentários:

  1. Sou gaúcho e nasci na cidade com maior comunidade com religião afro do Brasil. A cidade se chama Rio Grande, está localizada ao sul do RS. A maioria das pessoas imagina que a maior concentração de pessoas com religiões afro se encontram na Bahia, mas estão enganadas.

    É quase impossivel andar pela cidade e encontrar uma encruzilhada sem oferenda, e na maioria dessas oferendas se encontra um animal que foi torturado e morto nesses rituais.
    Geralmente eles matam galinhas e galos, mas é comum também encontrar cabritos (ou seus crânios), pombas e até mesmo cães e gatos de pelagem escura. Uma verdadeira chacina. Pelo menos uma ou duas vezes por ano também são encontrados crânios humanos, furtados do cemitério da cidade ou de cidades vizinhas.

    A lei de Edson Portilho é incostitucional, já que ela vai ela não respeita e ignora a lei 9.605-98.

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  2. Com relação à Bíblia, é claro que o sacrifício de animais é uma peça central na religiosidade judaica, os judeus não podem mais fazer sacrifícios porque essa lei só é válida quando eles tem o templo (o templo de salomão foi destruído pelos romanos cerca de 35 anos depois que Cristo se foi). Se o templo estivesse de pé eles sacrificariam animais para que a morte deles suprisse os seus pecados e/ou honrasse a Deus, entretanto, não se trata de um sistema cruel e antiquado, simplesmente porque, os sacerdotes que realizavam o sacrifício aproveitavam o produto animal após o seu sacrifício, usando a gordura animal para diversos fins, e a carne para alimento, alem do couro e dos ossos. Tudo isso de uma forma muito mais digna do que a que podemos ver na indústria HOJE. Os matadouros são responsáveis por uma carnificina técnica e massiva que incorre em muito sofrimento e desperdício.
    Mas, com relação às religiões 'afro', que possuem muito valor para a antropologia cultural regional, os animais são mortos e seus restos não são aproveitados. Isto é um problema.
    Como evitar esta situação nefasta?(perceba que isto não é uma crítica às religiões deste tipo, apenas uma tentativa de resolver as consequencias dessa prática espiritual) Pois se de um lado é inadmissível legalizar um holocausto de animais que despreza seus corpos, também é inadmissível tolir a prática autêntica desta regiosidade.

    Sou cristão, protestante e estudante de biologia. filho de professor de sociologia, me intriguei pela antropologia cultural de Levi Strauss.

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  3. parabéns pelo blog. Trabalhamos pela defesa da diversidade religiosa, mas também pelos direitos dos animais. E está na hora das religiões assumirem sua responsabilidade com a proteção ambiental e com os animais.
    um ótimo 2012.

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  4. parabéns pelo blog.
    Nós trabalhamos pela diversidade religiosa, mas também pelos direitos dos animais e acreditamos que está na hora das religiões, não importa quais, assumirem sua responsabildiade com a proteção ambiental e com a qualidade de vida dos animais.
    Um ótimo 2012

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