quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guerra dos sexos: Por quê?



Gabriel Rezende Vargas, Jhonys de Araujo, Vanessa Ariati

Graduandos do Curso de Biologia da PUCPR

A primeira coisa que vem a mente quando se fala em macho e fêmea é sexo, embora a coisa nem sempre acabe nisso. A verdade é que muitas outras informações estão relacionadas aos aspectos interativos entre macho e fêmea como: proporções corporais, cores, vocalizações, níveis hormonais, disposição ao cuidado com a prole.

Assim, para falarmos das diferenças entre homem e mulher, primeiro devemos analisá-los fisicamente, depois quimicamente e em seguida comportamentalmente. Isto será sob o âmbito biológico, etológico e psicológico/cultural. Só então poderemos estabelecer algum parâmetro comparativo. De antemão, usamos a definição que diz que “o papel principal da etologia na análise do comportamento humano é responder o porquê determinados comportamentos foram incorporados pela evolução (FISCHER, 2011)”.

Culturalmente, dentro das tendências atuais, parece haver uma forte influência, principalmente pela mídia de incentivar a não aceitação das diferenças, tratam o assunto como sexismo (Para mais informações assista o documentário “Zeitgeist” e a “História das coisas” disponível no youtube) . Assim fazendo podem aumentar a diversidade de produtos em proporção à diversidade do público (CORPO, VIOLÊNCIA E PODER, 2008).

Ao longo da evolução os cérebros masculinos e femininos das diferentes espécies se aperfeiçoaram de acordo com as suas funções pré-requisitadas. Em humanos é comprovado que os cérebros do homem e da mulher trabalham de forma diferente as informações que lhes chegam, explica Gray (1996). Primeiro porque, em grande parte, é devido à relação entre estrutura cerebral e circulação hormonal. Segundo porque nossos ancestrais viviam harmoniosamente. Homem tinha a função de caçar e defender seu território. A mulher cuidar da prole e do lar. Neste cenário, o “homem admirava a mulher e a mulher o homem” (GRAY, 1996). Assim, o homem bem sucedido era o que trazia bastante alimento para casa após um dia de caça. A mulher bem sucedida tinha bastantes filhos, cuidava deles com esmero e preparava o alimento para seu homem.

Até meados da década de 1960 ainda encontrava-se este tipo de comportamento em parentes com mais idade. O bom marido tinha um bom emprego para sustentar a casa e a boa esposa cuidava bem do lar e dos filhos além de ser prendada.

Entretanto, este padrão comportamental tem se alterado. Segundo pesquisas, na década de 1970, com as reinvindicações feministas e a globalização da informação criou-se um “novo espaço” para a mulher (GRAY, 1996). Aí é que surgem novas interações entre homem e mulher, surgem novos motivos para se firmar uma união entre parceiros desponta discussões sobre a divisão do trabalho e das responsabilidades. Neste ponto, fervilham os atritos que tanto alimentam atual “guerra dos sexos” (PEASE; PEASE, 2000).

O primeiro passo é entender que “fomos estruturados de maneiras diferentes evoluímos com inclinações e habilidades inatas incrivelmente variadas” (PEASE; PEASE, 2000).

De acordo com Gray (1996), as diferenças fisiológico-comportamentais acabam por se estabelecer um estereótipo entre os sexos masculino e feminino. Como o fato dos meninos serem mais agressivos enquanto as meninas mais empáticas. Porém, não há grande disparidade nas funcionalidades cerebrais entre meninos e meninas, as alterações ocorrem em pequenas escalas. Algumas das diferenças reveladas é o fato dos homens possuem cérebros pouco maiores que os das mulheres. Porém devem-se levar em conta que muitas decorrências ambientais alteram o cérebro, essas modificações se devem à plasticidade neural. Ou seja, de certa forma a cultura acaba por determinar alguns aspectos masculinos e femininos.

Algumas das diferenças notórias são consequências dos hormônios. A agitação masculina, por exemplo, parece estar relacionada com os hormônios sexuais, em especial com a abundância de testosterona. Além disso, estudos laboratoriais e também nos parquinhos infantis, indicam que as meninas tendem a ser mais desencorajadas pelas mães do que os filhos a correr riscos físicos. Não obstante, é mais comum os pais incentivarem as crianças a correrem tais riscos físicos do que as mães (ELIOT, 2010).

As preferências quanto aos brinquedos considerados “mais masculinos” e “mais femininos” costuma ser uma grande tendência, tal preferência parecem estar relacionadas às taxas de testosterona antes do nascimento, meninas que sofrem de um transtorno genético que as expõem a níveis elevados deste e de outros androgênios durante a gestação, costumam demonstrar inclinações bem maiores por caminhões em carros que a média das meninas. Um estudo revela que até mesmo entre macacos a preferência de brinquedos específicos é correspondente ao gênero do animal (ELIOT, 2010).

Outra diferença neuroanatômica refere-se às amígdalas, que está relacionado à empatia. Porém, ao contrário do que se acreditava, a amígdala dos homens é maior que a das mulheres, o que representa uma contradição em relação ao fato das mulheres identificarem expressões faciais com maior facilidade. Mas estudos demonstraram que a ativação na amígdala ocorre de forma diferenciada, nas mulheres, ao lembrar-se de cenas de grande carga emocional tiveram uma ativação intensa na amígdala esquerda, enquanto nos homens, foi a direita, que representa mais quanto à excitação (TANNEN, 2010).

Segundo o estudo conduzido pelo psicólogo Matthias Mehl em 2007, as mulheres falam mais que os homens, porém não tanto como se costuma acreditar, as estimativas representam 16.215 palavras por dia para as mulheres enquanto para os homens é 15.669. Nas habilidades de escrita, fala, ortografia, leitura, as meninas desde a infância tendem a se sair melhor nos testes. Por outro lado, homens costumam se sair melhor em testes referentes aos aspectos espaciais, tal como realizar rotações mentais de objetos melhor que 80% das mulheres. Porém um estudo revela que os fatores determinantes para desenvolver-se melhor nessas habilidades sejam correspondentes mais aos estímulos linguísticos do que potenciais inatos. Poucas dessas desigualdades são tão imutáveis ou estruturais quanto se costuma pensar. Para a maioria das diferenças, a primeira parte é produzida por genes e hormônios, e posteriormente pelos aspectos culturais, que acabam fixando um determinismo (MEHL, 2007 apud TANNEN, 2010).

Nós formandos do curso de Biologia, acreditamos ser necessário reconhecer as diferenças e o potencial de características entre o sexo masculino e feminino, a despeito de estereotipagens para cada sexo. Em geral, esta diversidade potencial denota homens mais eficientes em determinadas áreas, tais como matemática, engenharia e trabalhos que exigem força física, por outro lado mulheres costumam ser mais detalhistas e empáticas se desenvolvendo melhor em áreas da pedagogia, moda e arquitetura. As aptidões requisitadas em cada área, em alguns casos, correspondem às habilidades mais expressas no homem ou na mulher, o que por fim, geram estereotipagem por uma profissão ou atividade como “mais masculina” ou “mais feminina”. Embora estas determinações não impossibilitem o fato das mulheres se desenvolverem bem em atividades consideradas masculinas, o mesmo ao contrário, visto que essas aptidões podem ser aprimoradas de acordo com as experiências e aprendizados subjetivos da pessoa. Além disso, deve-se lembrar de que ao longo dos anos tanto a evolução quanto a cultura acabaram sendo cruciais para determinar muitas características e potenciais inatos de homens e mulheres. Portanto, acreditamos que a aceitação das diferenças seja fator primordial nesta constante luta contra a formatação que a mídia impõe. Esta aceitação não é condizente com opressão, supressão, diminuição ou qualquer coisa do gênero, mas sim com uma conduta de admiração, compreensão e cooperação mútuas.

Este ensaio foi elaborado na disciplina de Etologia e baseado nos seguintes textos:

CORPO, VIOLÊNCIA E PODER, 8., 2008, Florianópolis. Relação de Gênero nas Escolas: um estudo sobre as intervenções nas aulas de Educação Física no Centro de Ensino Fundamental da Vila Planalto – DF. Florianópolis: Ufsc, 2008. 7 p. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2011.

ELIOT, L. As verdades sobre meninos e meninas. [Duetto]. Mente e Cérebro, nº209. P. 38-45, jun, 2010.

FISCHER, M. Por que TPM? TPM pra que? Disponível em: . Acesso em: 05 abr. 2011.

GRAY, J. Homens são de Marte, mulheres são de Vênus. Editora Rocco, 1996.

PEASE, A.; PEASE, B. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? Editora Sextante, 2000.

TANNEN, D. Ele disse, ela disse.[ Duetto]. Mente e Cérebro, nº209. P. 46-51, jun, 2010

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