segunda-feira, 11 de abril de 2011

Consciência, sentimentos e emoções dos animais em alta...



Duas reportagens sobre emoções nos animais foram veiculadas no mês de março de 2011 uma na superinteressante (recebida das mãos da Carol Magno) e outra na National Geografic (recebida das mãos da Bianca Canestraro). Esse interesse das revistas de divulgação mostra tanto a receptividade para o tema quanto o avanço nessa área de conhecimento. Embora tenha muito biólogo que considere a ciência do bem-estar animal e emoções nos animais como pseudociência, tal como a parapsicologia é tratada pela psicologia. Enfim, além de um ponto de vista, é bastante falta de informação! Mas vamos lá...

Na matéria da superinteressante foi realizado um grande apanhado dos trabalhos clássicos provando a inteligência, consciência, sentimentos e emoções dos animais. O ponto bacana foi a mensagem passada pela matéria que a diferença entre as faculdades mentais dos homens e dos outros animais não é de tipo, mas sim de grau. É o que sempre digo, temos todos os bichos dentro de nós, com o plus (já não sei se feliz ou infelizmente) do ser humano. A matéria aborda a consciência do mundo captada pelo aparato sensorial específico de cada espécie, e a diferença da autoconsciênca, também já comprovada em golfinhos, primatas e elefantes. A reportagem aborda as relações emocionais de cães e gatos com humanos, ressaltando que o contato visual de cães e humanos intensificaram muito a relação dessas espécies distantes filogenéticamente. Alex, o papagaio cinza não é esquecido (veja o poust no histórico do blog). Então, a linguagem é abordada e mostrado como os animais podem aprender os símbolos humanos e a matéria finaliza com as emoções citando vários exemplos de elefantes a golfinhos.

A matéria da National já traz uma abordagem mais direcionada para busca da compreensão porque apenas 15 das cerca de 150 espécies de grandes mamíferos se deixaram domesticar. Vale a ressalva que os autores entendem por domesticação uma modificação genética. Um leão pode ser “amansado” e treinado, porém seus descendentes serão tão selvagens quanto ele. A reportagem é apoiada em um experimento realizado pela bióloga Lyudmila Truta mais de 50 anos na Rússia, em que raposas passaram por uma reprodução seletiva, cruzando os animais mansos e agressivos entre si, até a obtenção de linhagens totalmente domesticadas e similares a cães e linhagens extremamente agressivas. A intenção era reencenar o processo de domesticação dos cães, a partir dos lobos, ocorridos a apenas 15 mil anos. Segundo o próprio Darwin na sua publicação Variação dos animais e plantas sob domesticação, os animais domesticados têm uma série de características em comum, além de serem menores, as orelhas são mais caídas e a cauda mais enrolada. Essas nada mais são do que características juvenis, denominadas de fenótipo de domesticação e vistas em cães, porcos, vacas, galinhas e até peixes. Grandin & Jhonson (2010) também se referiram a esse padrão para cães, considerando que cães que se diferem morfologicamente de lobos, também se diferenciam emocionalmente. São mais imaturos emocionalmente, e não conseguem compreender facilmente as hierarquias, apresentando cara e comportamento de filhotes durante toda a vida. Nos experimentos com as raposas, foi verificado que ao reproduzir apenas as raposas dóceis, cada vez mais havia alteração da aparência física e do temperamento dos animais, que abanavam a cauda para os humanos e choramingavam pedindo atenção. A busca atualmente é pelos genes responsáveis pelos comportamentos amistosos e agressivos, e obviamente traços comportamentais específicos como medo, ousadia, passividade, curiosidade deverão ser dissociados do comportamento geral. Diferentes pesquisadores como Leif Anderson, Ger Larson, Frank Albert e Anna Kukenova investigam o DNA de porcos, galinhas, cavalos, raposas e buscam compreender como é possível obter enorme transformação de animais selvagens em domésticos. Provavelmente uma mutação genética ou conjunto de mutações levou alguns animais a sentirem menos medo do homem e se aproximar da sua convivência – um período inicial de manejo não intencional -, então o homem passou ajudar a seleção promovendo cruzamentos visando obtenção e potencialização de caracteres físicos e comportamentais específicos, aumentando a esperteza e a interação social. A ação foi efetiva, basta ver a variedade de raças tão distintas de cães obtidas nesses poucos milhares de anos. A ideia é que os genes que governam o comportamento do animal produza efeitos que alteram as substâncias neuroquímicas que atuam no cérebro e na determinação da aparência física simultaneamente. Estudos comparativos entre a galinha e o galo selvagem, indicam uma mutação no gene TSHR que faz com que os animais se reproduzam com mais facilidade em cativeiro. A busca de genes parecidos no homem poderia levar também à compreensão de como se deu a domesticação do selvagem pré-histórico. Wranfhan (2010) hipotetiza que a partir da descoberta do fogo com o Homo habilis e o cozimento dos alimentos com o Homo erectus os hominídeos pré-historicos passaram a se agrupar em torno da fogueira, fazendo uma seleção pelos indivíduos mais dóceis e sociáveis e desprezando os agressivos. E desta, forma, foi responsável pela determinação das estratégias sociais adotadas pela nossa espécie atualmente.



Para saber mais:http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2006/01/02/22472-raposa-domesticada-aponta-origem-do-cao.html

http://cienciaesaudexxi.blogspot.com/2009/10/domesticar-animais-selvagens.html

Site de Elena Jazin: http://www.fu.uu.se/devbiol/Jazin/jazin_index.html


Richard Dawkins – A verdade que os cães revelam acerca da evolução

-http://vsimoes.wordpress.com/2009/10/11/richard-dawkins-a-verdade-que-os-caes-revelam-acerca-da-evolucao/




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