Quem tem pena do Idi Amin - O Gorila?


Crontribuição De Mario D. dos Santos - Aluno Psicologia PUCPR - Noturno


Crônica Xico Sá
(http://colunistas.yahoo.net/posts/2440.html)

Mire-se no exemplo do gorila

Macho descendente direto de tal criatura, como reza a ciência, me bateu uma certa dó e solidariedade quando soube da história de Idi Amin, também conhecido como Grandão, 37 anos, 1,80m e 236 kg nas costas, o único gorila da América do Sul ainda virgem, donzelo, cabaço, queijudo, como se diz nas gírias Brasis afora.

Nosso amigo, de quem herdamos quase tudo, mora no zoológico de Belo Horizonte, onde chegou com apenas dois aninhos. Veio de outro zôo, da França, mas foi capturado, ainda bebê, na África.

O bicho desceu em Minas acompanhado de Dada, gorilinha fêmea da mesma idade. Quis o destino, porém, esse ingrato, que a moça não prosperasse, morrendo ainda criança. Ah, essas doenças dos tristes trópicos, velho Darwin, que abatem nossos mimosos ancestrais.

Não foi, todavia, a única fêmea que Idi Amin teve a honra de conhecer. O seu azar com o dito sexo oposto animal teria um novo capítulo. Aos 9 anos, sorriu qual um King Kong diante da atriz Jessica Lange. O motivo do brilho nos olhos era Cleópatra, bela e sensível mocinha que habitava o zôo de SP e foi transferida também para o zôo mineiro.

Cleópatra, ô meu Deus, morreria 14 sóis e 14 luas depois de chegar à nova casa. Grandão, ainda um abestalhado adolescente, mal sentiu o cheiro da candidata a legítima esposa. Pena.

O mais louco, e que também repete a fraqueza dos marmanjos, é o motivo da transferência da dublê símia de rainha do Egito: Virgulino, o ex-marido gorila em terras paulistanas, batia muito nela, coitada.
Desamparado qual um ser humano quando sai do útero, coube a Grandão cumprir a dolorosa e solitária sina.

Em alguns momentos, abraça e rola no chão com um pneu que mantém ao seu lado no zoológico, como relatou Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte.

Idi Amin, aos 37, é um velho para o seu mundo.

Embora sexualmente ativo, chegará, no máximo, aos 50, 55 anos. A tendência é que morra sem nunca ter experimentado um orgasmo na vida. Pena.

Pena? Reparo aqui, em um vídeo, que o bicho parece muito calmo, sereno, manso, pacato, numa nice, sem stress, tranquilo mesmo, nem aí para nossa comiseração ou piedade. Sem ninguém para azucriná-lo, sem as mitológicas D.R’s (discussões de relações), sem Dadás, sem Cleópatras, sem paqueras, que conforto!

Talvez não sinta inveja sequer do King-Kong. Afinal de contas, lembram o que a loiraça que contracenava com ele, disse, logo em um dos primeiros encontros do filme?

Ela deu mais ou menos o seguinte fora no gorilão da película: “Você não está vendo que isso não vai dar certo?”

Seja entre os racionais ou os sábios e ditos irracionais, a pergunta para o resto da vida será a mesma!