Contextualização evolutiva
O papel principal da Etologia na análise do comportamento humano é responder o porquê determinados comportamentos foram incorporados pela evolução. Muitos desses comportamentos são explicados quando se avalia as condições da evolução humana. A espécie Homo sapiens tem certa de 200.000 anos, no entanto a grande mudança no rumo de sua história se deu a cerca de 12.000 anos quando os humanos passaram de caçadores/coletores nômades para agricultores com residência fixa. Logo, a maior parte da história humana se deu com o homem e a mulher tendo funções muito diferentes dentro da sociedade. As mulheres tinham órgãos e hormônios para gestar, o que as tornava não adequadas para a caça, então se limitavam a procurar raízes e tubérculos, criar os filhos, auxiliar os idosos e os arranjos sociais inter-tribais. Enquanto a caça, as grandes atividades de construção, bem como a proteção da tribo era responsabilidade dos homens, os quais se desenvolveram física, emocional e mentalmente mais livres para vagar e se deslocar, e relativamente dispensáveis do ponto de vista social. A evolução moldou o homem e a mulher para viver pouco tempo juntos, na maior parte da vida estavam cumprindo papéis distintos na manutenção da sociedade e quando se encontravam era para promover a sobrevivência da espécie. A fase da agricultura foi apenas recentemente substituída pela fase industrial. À medida que a população crescia, os recursos se escasseavam resultando em guerras, eram cada vez necessários mais edifícios e maiores civilizações. Nas cidades os homens se tornavam maiores e o cérebro se adequava a novas tecnologias sociais. Vida mais complexa exige cérebros toleráveis a mais pressões. À medida que as regras para acasalamento são rompidas, a competição por parceiros se torna mais complexa; a medida que os sistemas de famílias nucleares são destruídos cada criança deve competir pelo afeto de adultos, tudo isso resultando em um aumento de estresse neural (Gurian, 2003).
A explicação biológica – como as coisas se processam...
Um mecanismo muito evidente dentro da nossa sociedade, porém só apenas recentemente reconhecido e compreendido é a TPM, a famosa Tensão Pré-menstrual, que todo mês assola a vida de milhares de mulheres e das pessoas que convivem com ela socialmente. Segundo o Dr. Ricardo Teixeira (http://www.icbneuro.com.br/paginas/pdf/artigos/tpm.pdf) a TPM é atualmente reconhecida como síndrome de tensão pré-mestrual por englobar outros sintomas além da tensão pré-menstrual.
A explicação biológica é simples: a cerca de cada 15 dias o corpo da mulher muda as proporções hormonais abruptamente, quando passa de uma fase para outra. Enquanto está ocorrendo a descamação do endométrio (mestruação), o hormônio FSH (folículo estimulante) começa a ser secretado em maior quantidade pela hipófise, fazendo com que se desenvolvam os folículos ovarianos. Perto do 7º dia do ciclo, o FSH começa a diminuir e, com a falta desse hormônio, alguns folículos param de crescer e morrem. Por isso, em cada ciclo menstrual, de todos aqueles folículos recrutados, apenas um se desenvolve até o fim. Durante o crescimento do folículo há a secreção de quantidades cada vez maiores de estradiol, estimulando o crescimento do endométrio para a implantação do embrião e estimulando a secreção de muco receptivo ao espermatozóide. Quando a quantidade de estradiol no sangue é máxima estimula a secreção pela hipófise do hormônio luteinizante (LH), que aumenta muito depressa no sangue estimulando a ovulação horas depois. Após a ovulação, o folículo se transforma no corpo lúteo, e passa a fabricar, além do estradiol, o hormônio progesterona, que vai terminar o preparo do endométrio para a implantação do embrião. Mais ou menos entre o sexto e o oitavo dias após a ovulação, o nível de progesterona no sangue atinge o máximo. Se a implantação não ocorre, a progesterona e o estradiol param de ser fabricados pelo corpo lúteo e inicia outra menstruação.
E então... a TPM...
Apesar da causa exata do distúrbio TPM ser ainda desconhecida, é sabido que é decorrente de desequilíbrios fisiológicos decorrentes de desequilíbrio hormonal, deficiência nutricional e a oscilação de alguns neurotransmissores, provavelmente a serotonina e a noradrelania. Sabe-se que mesmo as pacientes que passaram por histerectomia (remoção do útero), podem continuar a apresentar os sintomas da TPM; porém, na maioria das vezes desaparecem com a chegada da menopausa.
Os sintomas associados a esta síndrome são muitos, já são registrados mais de 150 sintomas, tais como: alterações comportamentais - ansiedade, aumento da irritabilidade, Agressividade, Nervosismo, tensão, Sensação de "estar de mal" com o mundo, fadiga, depressão, alterações no apetite; Sensação de falta de controle, Depressão, Vontade de chorar, Diminuição de concentração e Alterações de humor; sintomas físicos - retenção de líquido, Aumento de peso, dores musculares, dores de cabeça, sensibilidade nas mamas, espinhas, Dor e sensibilidade na região inferior do abdômen, Cansaço e Dores no corpo. Há mulheres que apresentam sintomas que acabam interferindo, inevitavelmente, em sua qualidade de vida. São reconhecidos quatro tipos de TPM: Tipo A – a ansiedade e suas conseqüências, são as características principais; Tipo C – há predominância da compulsão alimentar irresistível, principalmente, por doces e chocolate; Tipo D – há predominância de sintomas depressivos, nos quinze dias que antecedem a vinda da menstruação; Tipo H – ocorrência, principalmente, de inchaço nos seios (deixando as mamas extremamente dolorosas), distúrbio do sistema nervoso central causando dores de cabeça, gazes no abdomen e dores musculares nas pernas. Segundo o Dr. Geraldo Medeiros (http://www.gordoabsolvido.com.br/noticia19.htm) frases agressivas, sono interrompido, uma certa depressão sem motivo, alimentação compulsiva, sensação de "inchaço", sensibilidade dos seios, queda de serotonina e a flutuação do estrógeno e da progesterona torna a mulher mais agressiva. O reconhecimento desse fato faz com que A Justiça costuma eximir de culpa os eventuais atos de agressividade, mesmo física e corporal, cometidos por mulheres nesta fase do ciclo feminino. “Durante a TPM, a mulher está dotada de total "falta de culpa" pelo que foi dito e/ou praticado e por castigos físicos ou morais infligidos aos familiares”. Como o conhecimento nos liberta, podemos controlar a TPM com alimentação e exercícios (Diminuir café, chá preto e refrigerantes, Diminuir sal, Diminuir álcool e cigarro, Diminuir frituras, gorduras e temperos fortes, Diminuir carga de trabalho, Aumentar exercícios físicos, Aumentar horas de sono, Tentar dormir ou pelo menos descansar uns 15 minutos depois do almoço, Aumentar doces, principalmente chocolate) além de alguns laboratórios já oferecerem alternativas de remédios que prometem resolver de uma só vez todos os sintomas da síndrome
(http://www.barini.med.br/2006/adm/arqpub/arqpub_20062911_101248.SWF). (http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=247&sec=14)
Até aqui entendi... mas e a explicação evolutiva????
A primeira consideração que se deve ter em mente é que pelo fato da TPM ser tão freqüente (90% das mulheres) deve ter tido algum motivo evolutivo para ser incorporada em nossos genes. O Dr. Ricardo Teixeira faz uma conta interessante: se a menstruação começa com 12 ou 13 anos e termina por volta dos 50, mesmo descontando dois anos em mulheres que tem dois anos, somado com o período de amamentação, resulta em cerca de 450 ciclos menstruais durante fase fértil. Se considerar que uma TPM dura cerca de 7 dias, resulta em quase 3.000 dias, 8 anos ou 10% da vida em TPM!!!!!!. A explicação evolutiva dada pelo autor é que as fêmeas ancestrais aumentavam suas chances em gerar um descendente devido a um comportamento mais amigável na fase fértil e mais arisco na fase infértil. Entre os primatas os machos usam esses indicativos para escolher a melhor fêmea (http://www.icbneuro.com.br/paginas/pdf/artigos/tpm.pdf). O ponto principal é comparar as mulheres de hoje com as mulheres coletoras/caçadoras. Atualmente a primeira menstruação ocorre quatro anos mais cedo, as mulheres têm menos filhos e mais velhas, amamentam menos, tem menopausa mais tarde e vivem mais. As mulheres ancestrais passam bem pouco tempo menstruando (talvez três vezes menos que as mulheres atuais), a maior parte do tempo estavam grávidas ou amamentando (boa leitura é a Pré-história do sexo), além de terem uma longevidade de cerca de 20 anos (Na Roma antiga e idade medieval passou para 30 anos e no século XIX era de 37). Ou seja, a TPM é um dos comportamentos recentes que escapam da compreensão evolutiva por se manifestarem diante de condições novas.
Antecipação da menstruação
Um estudo feito na Califórnia, EUA, com 17 mil garotas evidenciou que as meninas estão menstruando cada vez mais cedo, sendo a maioria aos 9 anos. Até final do século 19 mulheres ocidentais e urbanas menstruavam aos 17 anos. Dentre os indícios que mostram que o corpo esta se preparando para primeira menstruação tem o desenvolvimento dos seios, vistos, atualmente em garotas que com 7 ou 8 anos. Parece que nos países mais quentes a menstruação ocorre mais cedo do em lugares mais frios, provavelmente devido à ação da luz e do calor sobre as glândulas do corpo. É possível que meninas que estão acima do peso – principalmente entre 6 e 11 anos – amadureçam mais rápido. Outro fator que deve ser considerado é o tipo de alimentação, contendo excesso de hormônios usados nas rações para animais de granja e fertilizantes aplicados no cultivo de alimentos, os quais possivelmente interferem no organismo, aumentando a produção de hormônios.
http://www.klickeducacao.com.br/2006/conteudo/pagina/0,6313,POR-926-4916-,00.html
Parar de menstruar????
Atualmente muitas mulheres estão optando pela supressão da menstruacao como uma forma para controlar a TPM, inclusive recentemente houve o lançamento de um livro chamado Vivendo sem Regras e sem TPM (Landscape) do o endocrinologista baiano Elsimar Coutinho. Segundo o autor a supressão da ovulação e da menstruação mantém afastadas a anemia, a TPM, as cólicas, a cefaléia, a queda de cabelo, as variações de humor e o sexo doloroso. Além disso, diminui a incidência de cânceres de mama, útero, ovários e, ainda, doenças que provocam infertilidade, como a endometriose e a miomatose. No entanto, alguns médicos consideram o processo de menstruação como algo natural e sua supressão poderia causar danos em longo prazo ainda não conhecidos pela ciência.
E você? O que acha disso???
Uma situação tão incoveniente ( só nós mulheres sabemos o QUANTO!)quanto a mesntruação nos dá uma suscetibilidade à idéia de controle.
ResponderExcluirPorém partilho do conceito de que sendo algo natural suprimir totalmente a menstruação seria algo perigoso, apesar de improvável (por enquanto).
por que mestruar 2x ao mes ?
ResponderExcluiré esforso fisico ou doente
ou preucupações ou etc...
Tenho um casamento maravilhoso. Uma mulher linda, bem sucedida, que me ama, me respeita e etc. É uma pessoa maravilhosa, porém quando está com TPM torna-se o oposto de tudo isto. Eu sei o que é a TPM mas gostaria de enfatizar que a mulher precisa se cuidar para não jogar no lixo tudo aquilo que construiu. Vejo como se a minha esposa estivesse "drogada", com agressividade, total mal-humor, comportamento perigoso, etc. Quase meu casamento se foi. Queria dizer que por mais que ame uma mulher, ela deve tambem entender que se não tem culpa, o marido tem menos ainda. Sim, perdoei minha mulher pelo descontrole, etc, mas algumas coisas que ela disse nestes momentos infelizmente não esqueço. Perdoamos muitas coisas na vida, mas não podemos ser obrigados a esquecer. Minha esposa tomou fluoxetina, 20 mg, os sintomas melhoraram porém ela parecia um robô, sem emoções, sem vida. Hoje não sei o que é pior. Então resolvi cuidar mais dela, com alimentação, com carinho e exercícios. Ainda estudo um pouco o assunto, é incrível a mudança. Lembram-se de filme do incrível Hulk ? É por aí. Espero que os casais procurem ajuda, pois se para a mulher é difícil, digo que para o homem é pior ainda...
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