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sábado, 26 de novembro de 2016
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
O animal de estimação como membro da família: repercussões sociais, éticas e jurídicas
Participação do Grupo de Bioética Ambiental no V Congresso Mundial de Bioética e Direito dos Animais
O ANIMAL DE ESTIMAÇÃO COMO MEMBRO DA
FAMÍLIA: REPERCUSSÕES SOCIAIS, ÉTICAS E JURÍDICAS
Jussara Maria Leal de Meirelles[1]
Marta Luciane Fischer[2]
Resumo: Fundada na necessidade de proteção, abrigo
e comida, a domesticação e a socialização de animais foi um processo interativo
de cooperação mútua e coevolução. O uso de animais para companhia constitui mecanismo
intrínseco da humanidade, tendo sido presente tanto nas sociedades tradicionais
quanto nas industriais. Mais recentemente, no entanto, tem-se observado óbvia
humanização de animais de estimação, com a sua inserção em famílias nas quais
ocupam o papel de filhos. Essa alteração na constituição das famílias contemporâneas
tem resultado em diversas consequências de cunho biopsicossocial, as quais
demandam estudo cauteloso que envolva tanto o bem-estar dos animais quanto das
pessoas. Em relação aos animais humanizados para ocuparem o papel de filhos, importa
lembrar que uma concepção utilitarista permite o abandono desse status, caso surjam frustrações,
inconveniências ou incompatibilidade de interesses. Paralelamente, no que se
refere às pessoas, tornam-se vulneráveis diante de uma indústria que se
aproveita dessa demanda emocional e também diante de problemas até então
inexistentes para o qual a sociedade precisa se adaptar, seja mediante recursos
morais ou jurídicos. Tendo em vista essa nova representação principalmente de
cães e gatos nas famílias contemporâneas e os problemas plurais e globais
resultantes dessa recente estrutura social que inclui o animal de estimação
como membro da família, o presente estudo tem como objetivo levantar as
consequências sociais, éticas e jurídicas e analisá-las sob a ótica da
Bioética, tendo como base o reconhecimento do aumento considerável de casos
levados ao Poder Judiciário e que dizem respeito à busca de solução de alguns
conflitos envolvendo animais de estimação.
Palavras-chave:
Bioética; Biodireito; Ética animal.
Implementação do projeto sobre viabilidade de utilização de métodos alternativos no ensino de Zoologia
Participação do Grupo de Pesquisa em Bioética Ambiental no Simpósio de Métodos Alternativos
Implementação do projeto sobre
viabilidade de utilização de métodos alternativos no ensino de Zoologia
Marta Luciane Fischer1 e Ana Laura Diniz Furlan2
A tradição acadêmica legitima
a utilização de animais como recurso didático alicerçada na indispensabilidade
para o aprendizado e na inadmissibilidade de sua senciência (PASSARINO et al.,
2013). Contudo constatações científicas antagônicas têm repercutido em
reformulações de paradigmas norteadores da valoração da vida animal (FEIJÓ et
al., 2008), aliadas à intervenção da Bioética e das normativas legais que
alumbram a viabilidade, efetividade e idoneidade dos métodos alternativos
promovendo formação técnica e ética (FISCHER; OLIVEIRA, 2012, FISCHER et al.,
2013, CONCEA, 2015). Embora incialmente tenha se direcionado esforços para
substituição de animais em procedimentos didáticos invasivos (PASSARINO et al.,
2013), o momento atual demanda atenção para as aulas de zoologia, as quais são
justificadas por argumentos de impossibilidade de substituição do animal em
estudos que visam o reconhecimento de estruturas morfológicas utilizadas na
taxonomia. Para tanto, instituições de ensino superior devem manter um acervo
diverso que necessita ser frequentemente renovado, tendo em vista a pouca
durabilidade face à contínua manipulação, principalmente de animais com corpos
mais frágeis, tais como muitos invertebrados. Desta forma, o presente projeto
referente a uma dissertação de mestrado em andamento no Programa de
Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, tem como objetivo sistematizar, elaborar,
aplicar, avaliar e validar a eficiência de métodos alternativos ao uso de
animais em aulas de zoologia. Para tal, tem-se atuado em frentes como: a)
elaboração, aplicação e validação de métodos alternativos em aulas curriculares
e curso de extensão; b) avaliação, por meio de questionário, da concepção de
biólogos, estudantes e professores de biologia a respeito da necessidade e
relevância do uso do animal nas aulas de zoologia; c) elaboração de uma
ferramenta de comunicação digital que congregue informações científicas e
populares a respeito de métodos alternativos e relatos de experiência. Até o
momento, o questionário detém 223 respondentes (82% estudante e biólogos e 18%
professores), os quais relacionaram a escolha do curso por amar a vida e
intencionar trabalhar em campo, contudo biólogos e estudantes valorizaram mais
o uso de animais em aulas práticas, do que os professores. Mais da metade dos
respondentes disseram ter coletado animais para aulas, não terem tido contato com
métodos alternativos, deterem conhecimento do princípio dos 3R’s e não terem
informações sobre objeção de consciência. Já foram aplicados métodos
alternativos em cinco aulas de zoologia, destacando aulas com invertebrados que
visou avaliar diferentes meios de conservação, focando na redução, no qual
utilizou-se exemplares conservados em álcool, resina e glicerina,
registrando-se o desempenho e aderência dos estudantes. Os acadêmicos atestaram
dificuldades em visualizar as estruturas morfológicas dos animais mantidos em
resina contrapondo com a preferência por não precisar manuseá-los. Os dados
parciais atestam a concordância dos estudantes com procedimentos éticos,
contudo os mesmos demandam por meios efetivos de aprendizado, incentivando o
investimento em pesquisa por métodos alternativos motivadores, efetivos e
éticos, em um processo gradativo que transcenda as determinações legais e
abarque todos os grupos taxonômicos, tais como invertebrados.
Pesquisa
aprovada pelo CEP-PUCPR parecer n. 1.682.944
Autores :
1. Bióloga,
Mestre e Doutora em Zoologia, Docente do Curso de Ciências Biológicas e do
Programa de Pós-Graduação em Bioética PUCPR. Coordenadora da CEUA-PUCPR.
2. Bióloga,
Especialista em Conservação da Natureza e Educação Ambiental, mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Bioética PUCPR. E-mail: ana.ldf@hotmail.com
(autora para correnpondência)
Referências:
CONCEA.
Normativas do CONCEA para
produção, manutenção ou utilização de amimais em atividades de ensino ou
pesquisa científica. Lei, decreto, portarias, resoluções normativas e
orientações técnicas. 2a ed. 2015.
Disponível em:
Acesso em 15 de setembro de 2016.
FEIJÓ; ANAMARIA, G. S., Sanders, A. L. I. N. E., Centurião, A.
D., Rodrigues, G. S., Schwanke, C. H... Análise de indicadores éticos do uso de
animais na investigação científica e no ensino em uma amostra universitária da
área da saúde e das ciências biológicas. Scientia
Medica, 18 (1): 10-19, 2008.
FISCHER, M. L; OLIVEIRA, G.
M. D. Ética no uso de animais: A experiência do Comitê de Ética no Uso de
Animais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Estud. Biol., Ambiente
Divers., 34(83): 247-260, 2012.
FISCHER, M.L; TAMIOSO, P. R. Perception and position of animals used in
education and experimentation by students and teachers of different academic
fields. Estud. Biol., Ambiente Divers., v. 35(84): 85-98, 2013.
FISCHER, M. L; OLIVEIRA, G.
M. D. Ética no uso de animais: a experiência do comitê de ética no uso de
animais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Estud.
Biol., Ambiente Divers., , v. 34, n. 83, p. 247-260, 2012.
PASSERINO, A. S. M. ; FEIJO, A. G. S. ; MALHEIRO, A. ;
MOLINARO, E. ; SILVA, L. L. C. ; PETERS, V. ; OLIVEIRA, G. M. D. E. ; FISCHER, M. L. ; MOLINARI, R. B. ;
QUINTANA, L. G. Workshop: Sucessos e Vicissitudes das Comissões de Ética no Uso
de Animais (CEUAs) Aulas práticas com animais vivos. Estud. Biol., Ambiente Divers., 36:
1-1, 2014.
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