terça-feira, 26 de maio de 2015

Precisamos de Animais para Testes ou Métodos Alternativos são Eficientes?



Série Ensaios – Ética na Experimentação Animal

Por: Amanda Deconto Mileo
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

Você comeria carne artificial para salvar o mundo? Pois acreditem, já existem várias notícias rodando na internet de que ela está sim sendo produzida. Como o criador dessa ideia, podemos citar o projeto de pesquisadores da Universidade de Maastricht, na Holanda, financiado pelo governo holandês. O líder do projeto é um pesquisador Mark Post, que afirma o problema é a produção para distribuição em longa escala. A carne artificial é produzida a partir de células extraída de animais. Apesar de parecer mais ético, esse método ainda utiliza sangue de animais que não nasceram, porém, pesquisadores já estão desenvolvendo outro método para que isso não seja necessário. Apesar disso, podemos averiguar que essa nova tecnologia irá nos ajudar a diminuir com os problemas ambientais causados pela pecuária e também com a fome no mundo, sem contar que há estimativas de redução de emissões em até 96%.

Uma nova tecnologia está sendo desenvolvida pela BioBots para acabar com os testes de produtos em animais, onde pretende recriar órgãos e tecidos vivos através de uma impressora 3D e químicas. Eles estão desenvolvendo um processo chamado de biofabricação, que não é uma novidade dentre do universo das impressoras 3D. Hoje em dia, uma impressora dessa pode ser comprada por 15 mil reais. O aparelho já foi aprovado pelo setor farmacêutico ao ser testado em alguns testes que deram positivo.
Dentro do princípio dos 3R’s (Reduction, Refinement e Replacement), estabelecido por Rex Burch, pesquisadores e técnicos do laboratório de Ecotoxicologia e Biossegurança da EMBRAPA Meio Ambiente realizam ensaios com embriões do peixe zebrafish. Ele vem sendo cada vez mais utilizado em pesquisas de neurociências e farmacologia e seus embriões permitem a análise de vários pontos de estudo que vão desde a determinação da toxicidade aguda até ensaios de desenvolvimento para análise genética e fisiológica. Esse tipo de teste é considerado um método alternativo de acordo com a diretriz da União Europeia, portanto não se enquadram na legislação que trata com a experimentação animal.
A lei nº 11.794 de 8 de outubro de 2008, conhecida como Lei Arouca, regulamenta a utilização de animais em atividade de ensino e pesquisa no nosso país, garantindo a segurança e o controle nos experimentos. Graças a essa lei, esta lei, os animais estão livres de sentir sofrimento físico, emocional, medo, maus tratos, estresse, angústia, privação de alimento e etc.
Apesar da comprovada importância dos modelos animais para a pesquisa científica, de tempos em tempos a comunidade científica é cobrada pela sociedade quanto ao uso de animais em experimentação. Historicamente, os questionamentos éticos apresentados pelo inglês Jeremy Bentham (1748-1832) acerca do sofrimento imposto aos animais podem ter dado início às primeiras ações com relação à proteção aos animais no século XIX.
De acordo com uma publicação feita pelo CenárioMT no sábado dia 23 de maio de 2015, o projeto que proíbe o uso de animais em pesquisas será debatido em audiência pública no próximo dia 26. O projeto de Lei da Câmara (PLC) corresponde ao nº 70/2014, que tramita em conjunto com o projeto de lei do Senado (PLS) 438/2013 e o PLS 45/2014. O PCL 70/2014 veda a utilização de animais de qualquer espécie em atividades de ensino, pesquisa e testes laboratoriais que visem à produção e ao desenvolvimento de produtos cosméticos, de higiene pessoal e perfumes quando os ingredientes tenham feitos conhecidos e sabidamente seguros ao uso humano ou quando se tratar de produto cosmético acabado nos termos de regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A utilização de animais em pesquisas vem sendo muito discutida nos últimos anos, devido aos resultados de cada vez mais as pesquisas com comportamento animal resultarem que os animais são seres sencientes e possuem sim capacidade de sentir dor e sofrimento. Porém métodos alternativos já vêm sendo uma alternativa muito estudada dentro da comunidade científica, só que seu conceito ainda não está muito bem definido. Segundo Morales, 2008, o que está em questão é se “as técnicas in vitro e simulações computacionais realmente podem substituir o uso de animais em pesquisa e prover resultados relevantes e efetivos para melhoria da saúde humana e de outros animais”.
            Eu como futura bióloga acredito que ainda é necessário o uso de animais para desenvolver pesquisas científicas e que com essa nova e forte tecnologia que está surgindo, ocorra em breve a substituição destes por modelos. O que eu não aceito e acho antiético, além de desnecessário, é o uso de animais destinado para o entretenimento, como animais em circo e rodeios, que além de serem mau tratados, não possui bem estar algum.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia I tendo como base as seguintes referências:

CENARIO MT Projeto que proíbe o uso de animais em pesquisas será debatido em audiência pública. (2015). Disponível em: http://www.cenariomt.com.br/noticia/447194/projeto-que-proibe-o-uso-de-animais-em-pesquisas-sera-debatido-em-audiencia-publica.html Acessado em: 25 MAI 2015.
ENVOLVEVERDE. Carne artificial pode reduzir emissões em até 96%. (2011) Disponível em: http://www.envolverde.com.br/noticias/carne-artificial-pode-reduzir-emissoes-em-ate-96/ Acessado em: 26 MAI 2015.
OLHAR DIGITAL. Custo da carne artificial despenca e fica próximo da realidade. (2015). Disponível em: http://olhardigital.uol.com.br/noticia/custo-da-carne-artificial-despenca-e-fica-proximo-da-realidade/47832 Acessado em: 26 MAI 2015.
PLANETA SUSTENTÁVEL. Você comeria carne para salvar o mundo? (2011). Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/voce-comeria-carne-artificial-salvar-mundo-632194.shtml Acessado em: 26 MAI 2015.
TECMUNDO. Carne artificial pode começar a ser produzida ainda em 2012. (2012). Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/ciencia/18023-carne-artificial-pode-comecar-a-ser-produzida-ainda-em-2012.htm Acessado em: 26 MAI 2015.
TORRES, L, B. Sem animais não há pesquisa. Disponível em: http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_animais.html Acessado em: 25 MAI 2015.
MORALES, M. M. Métodos alternativos à utilização de animais em pesquisa científica, mito ou realidade? (2008). Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252008000200015&script=sci_arttext Acessado em: 25 MAI 2015.
OLHAR ANIMAL. Nova tecnologia promete acabar com testes em animais. (2015). Disponível em: http://www.olharanimal.org/testes-cientificos/5774-nova-tecnologia-promete-acabar-com-testes-em-animais Acessado em: 25 MAI 2015.
PORTAL BRASIL. Embrapa implanta alternativas ao uso de animais em pesquisa (2015). Disponível em: http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/01/embrapa-implanta-alternativas-ao-uso-de-animais-em-pesquisas Acessado em: 25 MAI 2015.

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