Série Ensaios – Ética na Experimentação Animal
Por: Amanda Deconto Mileo
Acadêmica do
Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas
Você comeria carne
artificial para salvar o mundo? Pois acreditem, já existem várias notícias
rodando na internet de que ela está sim sendo produzida. Como o criador dessa
ideia, podemos citar o projeto de pesquisadores da Universidade de Maastricht,
na Holanda, financiado pelo governo holandês. O líder do projeto é um
pesquisador Mark Post, que afirma o problema é a produção
para distribuição em longa escala. A carne artificial é produzida a partir de
células extraída de animais. Apesar de parecer mais ético, esse método ainda
utiliza sangue de animais que não nasceram, porém, pesquisadores já estão
desenvolvendo outro método para que isso não seja necessário. Apesar disso,
podemos averiguar que essa nova tecnologia irá nos ajudar a diminuir com os problemas
ambientais causados pela pecuária e também com a fome no mundo, sem
contar que há estimativas de redução de
emissões em até 96%.
Uma nova tecnologia está sendo desenvolvida pela BioBots para acabar
com os testes de produtos em animais, onde pretende recriar órgãos e tecidos
vivos através de uma impressora 3D e químicas. Eles estão desenvolvendo um
processo chamado de biofabricação,
que não é uma novidade dentre do universo das impressoras 3D. Hoje em dia, uma
impressora dessa pode ser comprada por 15 mil reais. O aparelho já foi aprovado
pelo setor farmacêutico ao ser testado em alguns testes que deram positivo.
Dentro do princípio
dos 3R’s (Reduction, Refinement e Replacement), estabelecido por Rex Burch, pesquisadores e
técnicos do laboratório de Ecotoxicologia e Biossegurança da EMBRAPA Meio
Ambiente realizam ensaios
com embriões do peixe zebrafish.
Ele vem sendo cada vez mais utilizado em pesquisas de neurociências
e farmacologia
e seus embriões permitem a análise de vários pontos de estudo que vão desde a
determinação da toxicidade aguda até ensaios de desenvolvimento para análise
genética e fisiológica. Esse tipo de teste é considerado um método alternativo
de acordo com a diretriz
da União Europeia, portanto não se enquadram na legislação que trata com a
experimentação animal.
A lei nº
11.794 de 8 de outubro de 2008, conhecida como Lei
Arouca, regulamenta a utilização de animais em atividade de ensino e
pesquisa no nosso país, garantindo a segurança e o controle nos experimentos. Graças
a essa lei, esta lei, os animais estão livres de sentir sofrimento físico, emocional,
medo, maus tratos, estresse, angústia, privação de alimento e etc.
Apesar da
comprovada importância dos modelos animais para a pesquisa científica, de
tempos em tempos a comunidade científica é cobrada pela sociedade quanto ao uso
de animais em experimentação. Historicamente, os questionamentos éticos
apresentados pelo inglês Jeremy
Bentham (1748-1832) acerca do sofrimento imposto aos animais podem ter dado
início às primeiras ações com relação à proteção aos animais no século XIX.
De acordo com uma publicação
feita pelo CenárioMT no sábado dia 23 de maio de 2015, o projeto que proíbe o
uso de animais em pesquisas será debatido em audiência pública no próximo dia
26. O projeto de Lei da Câmara (PLC) corresponde ao
nº 70/2014, que tramita em conjunto com o projeto de lei do Senado (PLS)
438/2013 e o PLS
45/2014. O PCL 70/2014 veda a utilização de animais de qualquer espécie em
atividades de ensino, pesquisa e testes laboratoriais que visem à produção e ao
desenvolvimento de produtos cosméticos, de higiene pessoal e perfumes quando os
ingredientes tenham feitos conhecidos e sabidamente seguros ao uso humano ou
quando se tratar de produto cosmético acabado nos termos
de regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A utilização de animais em pesquisas vem sendo muito discutida nos
últimos anos, devido aos resultados de cada vez mais as pesquisas com
comportamento animal resultarem que os animais são seres sencientes e possuem
sim capacidade de sentir dor e sofrimento. Porém métodos
alternativos já vêm sendo uma alternativa muito estudada dentro da
comunidade científica, só que seu conceito ainda não está muito bem definido.
Segundo Morales,
2008, o que está em questão é se “as técnicas in vitro e simulações
computacionais realmente podem substituir o uso de animais em pesquisa e prover
resultados relevantes e efetivos para melhoria da saúde humana e de outros
animais”.
Eu como futura bióloga acredito que
ainda é necessário o uso de animais para desenvolver pesquisas científicas e
que com essa nova e forte tecnologia que está surgindo, ocorra em breve a
substituição destes por modelos. O que eu não aceito e acho antiético, além de
desnecessário, é o uso de animais destinado para o entretenimento, como animais
em circo e rodeios, que além de serem mau tratados, não possui bem estar algum.
O presente
ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia I tendo como base as seguintes
referências:
CENARIO MT Projeto
que proíbe o uso de animais em pesquisas será debatido em audiência pública.
(2015). Disponível em: http://www.cenariomt.com.br/noticia/447194/projeto-que-proibe-o-uso-de-animais-em-pesquisas-sera-debatido-em-audiencia-publica.html
Acessado em: 25 MAI 2015.
ENVOLVEVERDE. Carne
artificial pode reduzir emissões em até 96%. (2011) Disponível em: http://www.envolverde.com.br/noticias/carne-artificial-pode-reduzir-emissoes-em-ate-96/
Acessado em: 26 MAI 2015.
OLHAR DIGITAL. Custo
da carne artificial despenca e fica próximo da realidade. (2015). Disponível em: http://olhardigital.uol.com.br/noticia/custo-da-carne-artificial-despenca-e-fica-proximo-da-realidade/47832
Acessado em: 26 MAI 2015.
PLANETA SUSTENTÁVEL. Você comeria carne para salvar o mundo? (2011). Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/voce-comeria-carne-artificial-salvar-mundo-632194.shtml
Acessado em: 26 MAI 2015.
TECMUNDO. Carne
artificial pode começar a ser produzida ainda em 2012. (2012). Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/ciencia/18023-carne-artificial-pode-comecar-a-ser-produzida-ainda-em-2012.htm
Acessado em: 26 MAI 2015.
TORRES, L, B. Sem
animais não há pesquisa. Disponível em: http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_animais.html
Acessado em: 25 MAI 2015.
MORALES, M. M. Métodos
alternativos à utilização de animais em pesquisa científica, mito ou realidade?
(2008). Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252008000200015&script=sci_arttext
Acessado em: 25 MAI 2015.
OLHAR ANIMAL. Nova
tecnologia promete acabar com testes em animais. (2015). Disponível em: http://www.olharanimal.org/testes-cientificos/5774-nova-tecnologia-promete-acabar-com-testes-em-animais
Acessado em: 25 MAI 2015.
PORTAL BRASIL. Embrapa
implanta alternativas ao uso de animais em pesquisa (2015). Disponível em: http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/01/embrapa-implanta-alternativas-ao-uso-de-animais-em-pesquisas
Acessado em: 25 MAI 2015.
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