Ao olhar para mim e para minha
trajetória após daquele verão de 1990 eu não me vejo só! Vejo nós e as meninas,
nossos sonhos, ideais e vidas cruzadas para sempre. Nós não compartilhamos
apenas o sonho de sermos Biólogas, compartilhamos as descobertas e surpresas da
vida! Decepções e Encantamento com o tal do Amor, com as Pessoas, com a Pesquisa.
Eu sempre tinha um olhar de admiração e surpresa por você. Você era tão
independente, decidida, lutadora... estava há anos luz na minha frente! Você
sempre tão alegre, criativa, antenada! Não tinha como não rir muitoooo com você!
E profissionalmente? A primeira pesquisa com capivaras, você ia para o mato
observar os bichos! Você sempre fazia estágios bacanas! Você conseguiu emprego
assim que se formou! Você falava inglês... UAU! Só quem foi colega de turma de
Marcia Cziulik sabe do que estou falando! Mas você era muito mais do que esses
títulos, você era minha amiga Márcia. Os anos se passaram e por mais que eu
tenha amadurecido não teve como deixar de te olhar admirada e estupefata com
suas “outras” histórias. Nós caminhamos paralelamente, sempre apoiando a outra,
e compartilhando o amor pelos animais e o ideal de proporcionar uma existência
melhor para eles, principalmente os que ainda estão sob a tutela do homem. Você
deve estar pensando que essas homenagens são sempre assim: uma rasgação de
ceda. É sim amiga! Você merece! E estou tranquila pois te bajulei, admirei e
agradeci sempre, e minha grande emoção foi te proporcionar o prêmio de bióloga
revelação dos 60 anos do Curso de Biologia da PUCPR. Estamos kits! E me dou o
direito sim de usar esse espaço e registrar para posteridade o grande ser
humano que você É!. A sua existência não foi em vão, você deixou muitos frutos
e muita história boa para contar. Até estava pensando em discorrer sobre sua
trajetória, o sucesso da implementação à gestão do Parque das Aves, do Zoo da
Argentina, as Peripécias com Tucanos e Araras e principalmente ao legado que
deixastes em Guarapoava! Mas pensando em você de repente estou me sentindo tão
sozinha. Nós ainda tínhamos muitos planos, né? Você nos deixou cedo demais!
Acho que é normal não ver sentido por um tempo. Mas o tempo passa e você vai
continuar eternamente loira, eternamente linda, eternamente alegre... Prometo
que nossa história continuará...
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
segunda-feira, 16 de março de 2015
quinta-feira, 5 de março de 2015
Compartilho, Logo existo!
Por Marta Luciane
Fischer
Docente do Programa de
Pós-Graduação em Bioética PUCPR
Nas últimas semanas todas as redes sociais e as demais mídias têm
se referido ao caso “de
que cor é esse vestido?” Incluindo o telejornal
de maior repercussão nacional cujos apresentadores discutiam ao vivo qual
era a sua percepção. O caso começou com uma solicitação de ajuda postada por
uma jovem escocesa no TumblrSwiked
questionando se os amigos percebiam o vestido branco com dourado ou azul com
preto. Devido ao efeito de uma ilusão
de ótica a resposta não é unanime, o que gerou uma massiva participação - digna
dos contemporâneos virais que
atingem o milhões de internautas no mundo todo em poucas horas. Segundo
especialista o Bevil
Conway em entrevista à Wired, a percepção da cor do vestido varia com o
horário do dia. Embora a cor original seja azul e preto, o cérebro percebe como
branco e dourado, uma vez que visa descontar o viés cromático do eixo da luz,
uma vez que a luz muda de cor ao longo do dia - sendo rosada ao amanhecer, azul
e branco ao meio dia e avermelhada no pôr do sol.
Para mim o mais interessante de todo esse
movimento não é a surpresa com o efeito natural, como o ser humano não tem
controle de suas percepções e pode ser enganado pelo seu próprio cérebro – os quais
são pontos que dariam uma ampla discussão -
mas a memética por traz da questão. Participar, opinar, compartilhar e reconhecer
o assunto quando levantado na TV, na rádio, nas postagens, nas conversas... O evolucionista Richard Dawkins
introduziu a terminologia memes para fragmentos de pensamentos que são
transmitidos entre as pessoas – tal como vírus – e que ao se estabelecerem em
um determinado número de mentes – são perpetuados por gerações dando origem à
cultura. Esse tema é estudado pela original sociobiologia
e atual psicológica evolucionista. Com a consolidação e ampliação da internet e
das redes sociais a propagação viral foi muito mais eficiente, transformando-se
em uma verdadeira pandemia
mimética: Milhões de infectados em segundos! E o que representa esse fenômeno? Quando
a pessoa identifica o meme sente-se inserida socialmente e isso traz uma
sensação de pertencimento – uma das sensações mais desejadas pelos animais
sociais – e um norteador das buscas existenciais de um cérebro que tem uma
autonomia maior do que desejávamos. A
linguagem simbólica nos diferencia dos nossos próximos irmãos animais, uma vez
que nos permite conceituar objetos reais e questões subjetivas – as “ideias” formadas
por junções de símbolos são como elementos que permeiam as mentes – conectando-se
e desconectando-se – quando um novo conceito “entra” na mente ele procura
outros similares para ver um sentido naquilo que se conceitua. Esses fragmentos
de “ideias” ou memes é que nos dão a compreensão do que somos e do que os
outros são. Assim ao propagar um meme cria-se uma conexão. Contudo, vejo que o
fenômeno proporcionado pela impiedosa internet traz a sensação de conexão de
uma forma estrondosa, mas digamos, um tanto “artificial”, parece-me que faltam
outros elementos. Então, assim como a intensidade é imensa, a duração é
terrivelmente curta. Obrigando ao indivíduo estar atento ao que acontece
naquele momento! Pois se ele não compreende o que se diz por estar à parte do
meme, é excluído ou se sente excluído do grupo e se passa a compartilhar logo
após o momento do clímax, é taxado de chato e desatualizado. Uau novos softwares
em hardwares antigos... e assim segue a humanidade com seu paradoxo
existencial: como rodar uma mente tão moderna em um corpinho de 100.000 anos?
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