terça-feira, 15 de julho de 2014

Nasci pra Te Servir...

Estudando os prós e contras dos animais de companhia me deparei com uma informação que eu desconhecia: o treinamento de macacos pregos para auxiliar nas atividades domésticas de pessoas tetraplégicas. Até então meu universo da utilização de animais para serviços nas sociedades modernas incluía os animais de tração, os co-terapeutas, cães-guias, cães de guarda e cães-policiais. Até tinha vista alguns vídeos que me indignaram de treinamento de cães para pegar cerveja por exemplo (veja vídeo) e até tinha ouvido do treinamento de cães para detectar manifestações como ataques epiléticos e cardíacos, indicar a hora de tomar medicamentos e até pedir ajuda por telefone. Porém, o treinamento de macacos-prego, relatados como cruéis, inclusive com a retirada dos dentes dos animais, me pareceu algo aos mesmo tempo arcaico, remetendo aos escravos humanos e cinematográfico. A primeira imagem que vi se tratava de um macaco puxando uma cadeira de rodas, mas pesquisas adicionais me mostraram que eles fazem sanduiche, lava a face, coloca e retira os óculos, veste e despe, manipula inúmeros objetos (Veja o site do projeto). Embora inúmeras pesquisas científicas têm sido conduzidas para embasar essa atividade, os ativistas se mobilizam contra essa prática. O treinamento ocorre em Boston e custa cerca de 80.000 reais, o que pode ser um bom investimento se considerar o custo de um cuidador em tempo integral. Contudo, questiona-se se o animal tem autonomia para cuidar da pessoa e de si, pois presume-se que o tetraplégico que mora sozinho não poderia prover os cuidados necessários. Se pesquisarmos as notícias a respeito dessa prática é extremamente desproporcional os prós e contra. O posicionamento beira a admiração tanto pela criatividade do homem moderno em prover um ajudante com mãos disparadamente melhor do que um cão. Assim como cultuam a inteligência do macaco em exibir habilidades para aprender a ser tão solicito. Não vejo um questionamento além dos custos do treinamento para o animal, como ele se sente ao estar servindo. Sabe-se, por exemplo, que cães-guias, cães-terapeutas e cães-policiais quando estão trabalhando possuem um sinal (coleira ou lenço) que indicam que a partir daquele momento devem estar concentrados na tarefa. Essa concentração gera um estresse que deve durar o menor tempo possível e gerar em um resultado favorável para que o corpo produza sensações que elevem o grau de bem-estar. Mas não para por aí não, na página do printerest é possível ver uma congregação de sites de animais treinados para servir o homem. Enquanto uma parte humanidade tenta se fazer ouvida clamando para uma mudança de atitude com relação à natureza, outra insiste em fortalecer e enaltecer os princípios de uma ética antropocêntrica utilitarista. Basta darmos uma rápida zapeada pelos sucessos logrados com a robótica nos últimos anos e vislumbramos de exoesqueletos aos ajudantes domésticos, provavelmente a um custo econômico e moral infinitamente menores. Pelo menos os robôs nós temos certeza que não sentem. Então por que o homem insiste em exercer o domínio e a subjugação sobre os outros seres vivos que ele julga ser menos merecedores de respeito?








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