Estudando os prós e contras dos
animais de companhia me deparei com uma informação que eu desconhecia: o
treinamento de macacos pregos
para auxiliar nas atividades domésticas de pessoas tetraplégicas. Até então
meu universo da utilização de animais para serviços nas sociedades modernas incluía
os animais de tração, os co-terapeutas, cães-guias, cães de guarda e
cães-policiais. Até tinha vista alguns vídeos que me indignaram de treinamento
de cães para pegar cerveja por exemplo (veja vídeo) e até tinha
ouvido do treinamento de cães para detectar manifestações como ataques
epiléticos e cardíacos, indicar a hora de tomar medicamentos e até pedir
ajuda por telefone. Porém, o treinamento de macacos-prego, relatados como
cruéis, inclusive com a retirada dos dentes dos animais, me pareceu algo aos
mesmo tempo arcaico, remetendo aos escravos humanos e cinematográfico. A
primeira imagem que vi se tratava de um macaco puxando uma cadeira de rodas,
mas pesquisas adicionais me mostraram que eles fazem sanduiche, lava a face, coloca
e retira os óculos, veste e despe, manipula inúmeros objetos (Veja o site do projeto). Embora
inúmeras pesquisas científicas têm sido conduzidas para embasar essa atividade,
os ativistas se mobilizam
contra essa prática. O treinamento ocorre em Boston e custa cerca de 80.000
reais, o que pode ser um bom investimento se considerar o custo de um cuidador
em tempo integral. Contudo, questiona-se se o animal tem autonomia para cuidar
da pessoa e de si, pois presume-se que o tetraplégico que mora sozinho não
poderia prover os cuidados necessários. Se pesquisarmos as notícias a respeito
dessa prática é extremamente desproporcional os prós e contra. O posicionamento
beira a admiração tanto pela criatividade do homem moderno em prover um
ajudante com mãos disparadamente melhor do que um cão. Assim como cultuam a inteligência
do macaco em exibir habilidades para aprender a ser tão solicito. Não vejo um
questionamento além dos custos do treinamento para o animal, como ele se sente
ao estar servindo. Sabe-se, por exemplo, que cães-guias,
cães-terapeutas e cães-policiais quando estão trabalhando possuem um sinal (coleira
ou lenço) que indicam que a partir daquele momento devem estar concentrados na
tarefa. Essa concentração gera um estresse que deve durar o menor tempo
possível e gerar em um resultado favorável para que o corpo produza sensações
que elevem o grau de bem-estar. Mas não para por aí não, na página do printerest é
possível ver uma congregação de sites de animais treinados para servir o homem.
Enquanto uma parte humanidade tenta se fazer ouvida clamando para uma mudança
de atitude com relação à natureza, outra insiste em fortalecer e enaltecer os princípios
de uma ética antropocêntrica utilitarista. Basta darmos uma rápida zapeada
pelos sucessos logrados com a robótica nos últimos anos e vislumbramos de exoesqueletos
aos ajudantes
domésticos, provavelmente a um custo econômico e moral infinitamente
menores. Pelo menos os robôs nós temos certeza que não sentem. Então por que o
homem insiste em exercer o domínio e a subjugação sobre os outros seres vivos
que ele julga ser menos merecedores de respeito?
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
terça-feira, 15 de julho de 2014
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