Estamos vivendo um momento histórico da humanidade,
um momento de mudanças de paradigmas e quem sabe mudança do rumo do planeta pro
bem ou pro mal. Parece fatalista demais? Pode até ser, mas, nessa condição,
melhor pecar para mais do que para menos... Nos últimos anos várias pesquisas
têm mostrado o efeito da “invasão” do Homo
sapiens pelo planeta e como consequência a homogeneização da biota, perda
de biodiversidade e modificação do clima global. Durante a Rio +20 além da
apresentação de dados que comprovam essa visão, apareceram muitos cientistas
quebrando algumas teorias, com dados históricos e tal. Tive até a oportunidade
de ver
a entrevista com o climatologista Luiz Carlos Molion, e até concordo que a
ação do homem seria pouca para mudar o clima global, o qual está vinculado com
movimentação do planeta, distância do sol, eletromagnetismo. Mas o problema que
vi foi à utilização desses dados para diminuir a importância do impacto do
homem no clima e biota local e que uma hora ou outra irá afetar a todos. Pelo
que entendi esses pesquisadores estão dizendo “vocês estão exagerando ao
relacionar toda movimentação do planeta com o homem” mas, não que devemos parar
de tentar amenizar nossos impactos. Outro dia vi uma reportagem dizendo que a econômica
que fazemos na água do banho é ridícula, e jamais irá resolver o problema da
água, pois o desperdício está na agricultura e nas indústrias. O mesmo vale
para o tão polêmico saquinho de plástico dos supermercados. Há muitos anos ele
foi abolido de países Europeus e do EUA, mas a resistência aqui foi tão grande,
que voltaram
atrás na decisão tomada em São Paulo, justificando que fez mais mal para o
ambiente do que bem, em decorrência do uso dos sacos mais grossos.
A
revista Mente
e Cérebro desse mês trouxe uma reportagem chamada Mente Ecológica e
utiliza termos contemporâneos - com raízes bem antigas em Jung – tais como: ecologia
profunda, inconsciente
ecológico, ecopsicologia,
psicossociologia,
Ecosofia, biocivilização,
inteligência
naturalista. A reportagem ilustra bem o cenário que qualquer educador
ambiental conhece muito bem, a importância da subjetividade do tema ecologia. Nós
sabemos que muitas ações não dão certo, não por falta de conhecimento técnico,
de um bom planejamento e até de verbas. O que derruba qualquer tentativa de
amenizar a ação do homem é que o principal ator de qualquer ação é o ser
humano, e se ele não se sentir responsável e inserido no contexto, não irá
contribuir para alcançar as metas estabelecidas. Sem dúvida nenhuma a transdisciplinaridade
é fundamental, e além dos biólogos e demais profissionais das áreas ambientais,
precisamos de psicólogos e profissionais da educação trabalhando juntos. Assim,
consciente ecológico passa a ser visto
como uma camada psíquica profunda que determinaria a conexão do sujeito com a
natureza, desta forma a natureza deixa de ser considerada como utilitário e
fundamental para sobrevivência do homem, e passa a ser vista como um sistema do
qual o homem participa. É notório que a saúde ecológica tem uma relação
estreita com a saúde mental. E uma descoberta muito interessante que é a Inteligência
Naturalista, ou seja, que algumas pessoas têm uma propensão natural a
entender a linguagem da natureza, como nós os Biólogos.
A questão passa, então, a ultrapassar o processo de
educação e atinge uma escala ética, em que o indivíduo procura modificar as
suas atitudes, entendendo a sua responsabilidade diante de fatos de interesse
de todos. É a concepção de cidadania através da articulação do ambientel,
sociedade e subjetividade através da ética e da política. E ele muda a sua
atitude não pelo julgamento moral ou imposição legal, mas apenas por que
considera errado na sua concepção ética não fazer o que está ao seu alcance
para melhorar o mundo para todos. E esse todos podem ser gerações bem longínquas,
que a principio ele não sabe se serão ou não gratas à sua dedicação. Por
enquanto ainda temos a atuação muito pautada na avaliação do outro, talvez seja
um começo. Até termino esse ensaio com a reportagem da semana a comovente
história da cadela “menina” que foi brincar com uma bombinha atirada por um
integrante da equipe do cantor Thiaginho e acabou tendo a mandíbula dilacerada.
Diante da polêmica e posicionamento da mídia, o cantor que não tinha nada haver
com a história aparece em todos os programas do domingo dizendo que demitiu o funcionário
e que está na fila da adoção da cadelinha. É
pro fantástico? (veja a reportagem)
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