Frustração… uma forma amena de raiva! Pra nós tem remédio, e pra eles?


Ah! A previsibilidade do futuro... nossa grande “sacada evolutiva”! Capacitou nossos ancestrais a se precaverem antes no mal chegar e assim driblarem o destino! Lógico que não somos apenas nós que temos a capacidade de transcender pelo passado e futuro, muitos animais também o fazem, desde os esquilos que armazenam seus alimentos prevendo um duro inverno, até um cão que ansioso espera seu dono (como no filme baseado em uma história real sempre ao seu lado). Mas nós aprimoramos essa ferramenta e o que era para gerar confiança culminou na ansiedade. E como se só a ansiedade não bastasse para detonar nossa saúde mental e física nós também precisamos conviver com a frustação. E qualquer um de nós humanos já vivenciou as emoções associadas a esses mecanismos e sabemos que não é nada bom. A manifestação extrema leva a doenças sérias como transtornos obsessivos compulsivos e à raiva descontrolada. Animais que são impedidos de exibirem seus comportamentos naturais – aqueles modelados pela evolução para eles sobreviverem no ambiente natural – também apresentam as manifestações extremas da ansiedade através dos comportamentos estereotipados e automutilação.
Daí vem a pergunta: como saber quando extrapolamos o limite? O quanto de ansiedade e frustação é saudável para ajustarmos nosso comportamento e voltar ao equilíbrio da homeostase? A neurocientista Suzana Herculano-Houzel na sua coluna mensal na revista mente e cérebro apresentou a explicação. Quando nós projetamos uma meta e não conseguimos alcançar o nosso cérebro nos presenteia com a “deliciosa” sensação de frustação, na verdade a ideia não é punição, mas sim que nós ajustemos e atualizemos nossas expectativas, pois se algo deu errado, é um sinal de que estamos com a percepção errada.  Desta forma nosso sistema de recompensa é acionado, o cérebro fica repleto de expectativas negativas, contamina nossas emoções e modifica nosso comportamento nos conduzindo para a autossabotagem.  É como se o botãozinho de auto eject começasse a piscar e passamos a ter a sensação que é melhor começar tudo do zero. E eis que a expectativa pessimista de que tudo daria errado se cumpre! Segundo Suzana é possível reverter esse final trágico, basta ao primeiro sinal do auto detonador ser acionado você buscar outras fontes de prazer para estimular seu centro de recompensa e mostrar para o seu cérebro que nem tudo está perdido. 
Parece fácil, né? Acredito que com um pouco de exercício e dedicação é possível! Conheço várias pessoas otimistas e que consegue rir de seus problemas com uma facilidade incrível. Fico pensando nos animais, que mantidos cativo muitas vezes sem nenhum motivo justificável, se encontram num estado de frustação e ansiedade, com o cérebro repleto de expectativas negativas, conduzindo a mudança de comportamento para alcançar as metas de sobrevivências naturais e não conseguem fazer essa reprogramação. Também não sei se a nossa capacidade de simbolizar nossas emoções e buscar um sentido para elas está tão a nosso favor. Será que um porco confinado em uma baia de cimento, sem espaço para se mexer, sem terra para fuçar, sem estímulos para provocar seu curioso cérebro, consegue conviver mais facilmente com a frustação e ansiedade do que nós nesse mundo também artificial, e tão confuso, pois se a cada frustação  tivermos que mudar de rumo, iremos andar em círculos. É isso que está acontecendo?