domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Bom Humor te deixa de Mau Humor?


A Psicologia Positivista tem disponibilizado cada vez mais pesquisas que comprovam o que vovó já sabia: bom humo faz bem! Melhora o sistema imunológico, a saúde, as relações e o trabalho. Todos querem estar ao lado de um bem-humorado, de alguém que ri de suas próprias desgraças, não se deixa abater com as perdas nem com as decepções. É revigorante ver alguém passando pela vida tão flet, é como se flutuasse sobre a vida. O bem humorado produz mais serotonina e endorfina, que mantem o corpo “relaxado” e de certa forma “anestesiado” propiciando resolver os problemas de uma forma mais criativa, flexível e cuidadosa.

O humor, ou estado de ânimo, funciona como uma diretriz de como percebemos os acontecimentos. Face a grande importância do tema a Edição especial da revista mente e cérebro desse mês (que eu acabei de ler) foi justamente sobre o bom humor, matérias excelentes mostrando como viver bem, brincar, se divertir, filtrar as preocupações relevantes, meditar, controlar as emoções, ter compaixão e solidariedade, enfim, tudo aquilo que almejamos e até nos esforçamos muito para alcançar. Mas uma nota bem pequena me chamou a atenção “o Mau humor aguça a inteligência” como eu sempre me enquadrei mais no lado dos melancólicos e ranzinzas resolvi ir atrás dessa informação. Ao contrário do bom humor, é sabido que o mau humor produz adrenalina que deixa o corpo agitado, e esse hormônio em excesso pode ser um veneno que vai minando o corpo aos poucos. Porém, começam a surgir no cenário acadêmico estudos que mostram as “vantagens” do mau humor, segundo uma pesquisa desenvolvida por Joseph Forgas da Universidade de New South Wales, na Austrália que trabalhadores mau humorados são mais críticos, mais prudentes e prestam mais atenção ao que acontece a seu redor do que as pessoas mais felizes, que tendem a acreditar em qualquer coisa que lhes dizem, uma vez que a tristeza promove estratégias de processamento de informações mais adequadas para lidar com situações mais exigentes, e colocam a memória em ação para fixar bem um “estímulo estressor”. O pesquisador mostrou que quanto mais rebaixado o estado de ânimo de uma pessoa, maior costuma ser sua capacidade de argumentar e sustentar opiniões. Outro Estudo desenvolvido nos EUA por Dustin Wood mostrou que a depressão faz as pessoas enxergarem com mais clareza seus defeitos e dos outros. Pessoas mais reclusas e com tendência a depressão percebiam com maior clareza tendências, comportamentos e intenções dissimulados, sendo esta uma tendência maior nos homens do que nas mulheres, as quais tendem a qualificar melhor os colegas. Na verdade há muito tempo os filósofos já refletiram sobre os caminhos da melancolia e da maior inteligência dos sarcásticos e irônicos. Obviamente que em alguns casos um mau humor exagerado pode levar a problemas mais sérios como isolamento, depressão e transtornos de ansiedade. Ruffie já pregava que nós humanos somos macaquinhos angustiados, pois se fossemos para continuar sendo macaquinhos alegres estaríamos até hoje pulando de galho em galho. Foi justamente a angustia de quere entender, de querer resolver, de querer alcançar a projeção que impulsionou nosso desenvolvimento tecnológico e racional. A autoconsciência permitiu criar mapas mentais de nós e dos outros e assim estabelecer parâmetros para compreensão. Obviamente aquele homem da caverna mais introspectivo e mais resistentes a aceitar os “problemas” propiciou a evolução. Os outros hominídeos mais alegres, resilientes e alternativos, mantinham o grupo unido e feliz. Ambos fundamentais para a evolução das sociedades. Assim, não precisamos obrigar o ranzinza a ser um bem-humorado, apenas entendê-lo, respeitá-lo e reconhecê-lo como o inteligente do grupo. Enquanto ele se preocupa com os fatos, os outros macaquinhos curtem as suas descobertas.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tem Carnaval no mundo animal?

Trabalhar o ano inteiro para se divertir no carnaval... vestindo a fantasia de ser quem não é, sem ser censurado ou discriminado. Essa seria uma definição que atravessa séculos da história do carnaval, mas que culmina em uma reflexão: um momento de homeostasia ou de fuga? Os animais sem uma consciência racional e moral, precisam de momentos de fuga e silêncio? Danças, festas e rituais nos acompanham ao longo da nossa história evolutiva. Existem teorias que dizem que o ritmo das musicas e danças fazem parte do nosso corpo natural e que os planetas ao se movimentarem emitem ondas semelhantes com as notas musicais. Assim, todos os seres do universo estão unidos pelo mesmo som (veja o livro a Dança do Universo). Dançar e cantar para unir o grupo e agradar aos deuses também permeou o universo dos nossos ancestrais, e provavelmente promoviam a transcendência (a saída do aqui e agora e a união com o infinito), como faz hoje (muitos transcendem facilmente apenas com uma boa música). Obviamente com um pouquinho de ajuda de substâncias que amenizam a ação do lobo pré-frontal tirando uma “visão” tão racional dos fatos. Pelo visto não mudou muita coisa. O carnaval dos gregos - como agradecimento à fertilidade do solo - o carnaval dos cristãos - para dar força para iniciar 40 dias de sacrifício da quaresma - o carnaval dos vitorianos com suas fantasias que garantiam o anonimato de fantasias mais pecaminosas ainda e, por fim, o culto à carne e por que não, ao lado “animal” dos seres humanos que das altamente cobertas fantasias dos cloves acabaram na nudez quase total – garante um momento em que o homem acredita que é feliz, dançando, cantando, ficando, amando, bebendo, dormindo, gritando - sem censura. Aqui no Brasil, parece ser um grande estímulo agregador de grupo, coitado daqueles que não se inserem nesse momento, não querem se desligar e ainda fica refletindo sobre um fato que é apenas para se viver!


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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Será que vai chover? Eita, que papo mais antigo...

Eu sou normalmente intolerante aos comentários a respeito do clima, principalmente em locais onde queremos passar despercebidos, como no elevador. Mas essa semana foi especialmente difícil! Talvez eu estivesse mais sensível por conta do início das aulas. Por todos os lugares por onde passei as pessoas só conversavam sobre o clima: ai que calor! Nossa que chuva! Ai esfriou! Nessa cidade ou a gente vira sapo ou uva passa! Será que vai chover no Carnaval? Não importa a idade, nível intelectual, credo, time de futebol ou posicionamento político, as pessoas naturalmente conversam sobre o clima e, acredito eu, deva ser mais intenso em locais como Curitiba, em que temos todas as estações em um mesmo dia.
Pelo tamanho da amostra, podemos concluir que esse é um comportamento inato do homem. O homem pré-histórico temia as imprevisibilidades climáticas, pois a sua sobrevivência estava diretamente ligada com os limites térmicos naturalmente toleráveis pelo seu corpo biológico. Ao longo da história evolutiva do homem ele deparou com algumas mudanças, como o aquecimento global que assolou a Terra afetando principalmente a África, mudando paisagens e determinando a natureza errante, sempre em busca de locais com melhores recursos, e mudando a morfologia como a postura bípede, a diminuição de pelos e o formato do nariz. Os hominídeos que vivam no hemisfério norte, se protegiam do frio vivendo em cavernas e aprendendo a trabalhar o couro dos animais para produção de roupas. Sem dúvida nenhuma que a melhor descoberta foi o fogo, pois este, além de propiciar noites mais quentes, também ofereceu noites mais claras, afastamento dos predadores, cozimento dos alimentos e socialização (Sugiro a leitura do livro “Pegando Fogo” ). A caminhada do homem o levou à região do Rio Eufrades , um local com temperatura estável e excelentes condições climáticas que desencadeou nessas populações, provavelmente pela primeira vez na sua história, um desejo de ficar. Há cerca de 12.000 anos deu início o domínio da técnica de domesticação de animais e plantas, o homem se tornou um agricultor. A partir de então, o clima passa a ser mais preocupante ainda. Do clima dependem as plantações, as propriedades e a vida. Até então incompreensível à mente humana, chuvas, trovões, raios, seca eram considerados “castigos” dos Deuses, e o homem ficava totalmente vulnerável diante dessas intempéries. Então, a melhor maneira de dominar o clima, além de acalmar os Deuses com ofertas e temor, era a previsibilidade . Se trabalhasse com a possibilidade de vir uma grande chuva, poderia planejar suas ações e não ser pego de surpresa, enquanto isso poderia alterar o ambiente para amenizar os seus impactos. O ser humano trabalhou duro nesses últimos 10.000 anos, consolidou as religiões, alterou o ambiente, aprimorou as técnicas de cultivo, das construções e dos aparelhos para auxiliar nas previsões .
Atualmente, mesmo diante do assoberbante desenvolvimento tecnológico, as catástrofes naturais são os maiores inimigos do homem. Ele tenta! Constroem prédios a prova de terremotos, que caem. Cria aparelhos para detecção de tsunamis, que chegam sem avisar. Sabe que no verão chove, mas constroem casas na beira de rios e de morros que são destruídas pela chuva, ou casas em regiões naturais para o fogo, que são incendiadas todos os anos. A ânsia em dominar a natureza levou o ser humano ao universo e à nanotecnologia, mas o coloca vulnerável diante dela. Teorias como Gaia, acreditam que seja nada mais do que a resposta da mãe terra ao que o homem faz com ela. O homem se indigna diante da sua impotência, e então todos os dias nos noticiários, nas ruas, elevadores, escolas, as pessoas falam sobre o clima. O nosso desejo em dominar o clima, nos levou a modificar o ambiente, a tal ponto, que hoje nos deparamos com uma situação jamais vista no planeta. Uma única espécie está conseguindo alterar globalmente e talvez definitivamente o clima do planeta, a ponto dele não ser mais dominado nem driblado. Seja em uma escala pequena - como nós dizemos a nós mesmos “ai que frio” como se isso pudesse nos esquentar - até uma escala maior - como movimentos ambientalistas e políticos que tentam minimizar os efeitos do avanço tecnológico do homem (ver uma verdade inconveniente) – nós estamos todos ligados no clima, exatamente como nosso ancestral há mais de 200.000 anos. Será que vai chover hoje?