Quem está mesmo no controle?
Essa matéria para aqueles que acreditam que têm total controle consciente sobre o seu comportamento. Você sabia que parasitas podem alterar o comportamento de seus hospedeiros para viabilizar o ciclo de vida programado pela evolução?
Todas as espécies têm pelo menos uma espécie de parasito, no entanto a maioria possui várias. Calcula-se que o número de espécies parasitas seja quatro vezes maior que as não-parasitas. Apesar da maioria das pesquisas se concentrarem em parasitas que causam dano a humanos ou a animais de criação, nos últimos anos muito se tem descoberto sobre essa relação decorrente da co-evolução e que tem um peso muito grande nos ecossistemas.
Alguns pesquisadores como Carl Zimmer (autor do livro Parasite Rex, 2000; Ed. Free Press – página pessoal: http://www.carlzimmer.com) apostam que os parasitas não pegam apenas “carona” no seu hospedeiro, mas que manipulam o comportamento, chegando a causar esterilidade e até mudança de sexo, os hospedeiros poderiam ser tecnicamente vistos como “parasitas disfarçados”. Um exemplo extraoridinário está no vídeo abaixo em que os parasitas de um caramujo vão até seus tentáculos e fazem com o que suba na vegetação e, então, mova-os para atrair as aves.
A fêmea da craca Sacculina carcini deposita os ovos no carangueijo através de um orifício no exoesqueleto. A larva forma um nódulo espalhando raízes por todo o corpo do hospedeiro, absorvendo nutrientes da hemolínfa. O macho livre encontra a fêmea fixada e a fecunda. A craca, então, toma emprestada a bolsa que a fêmea do caranguejo usa para carregar ovos e guarda lá os seus. Se o bicho infestado for um macho, a craca muda o formato do abdome dele, tornando-o capaz de transportar ovos. A vítima cuida dos ovos do parasita, protegendo-os contra algas, fungos e predação.
O verme Dicrocoelium dendriticum - uma espécie de fascíola – quando adulto, se aloja em ruminantes, os ovos são eliminados nas fezes e ingeridos por caramujos. Os parasitas se instala na glândula digestiva e vão para a superfície do corpo sendo envolvidas em bolas de muco e liberadas na grama. Então, formigas, ingerem centenas de fascíolas que formam cistos no abdome e na cabeça. Os parasitas ficam numa posição do cérebro que comanda o inseto para se afastar de suas colegas e subir na vegetação durante a noite. As formigas esperam ser devoradas por um herbívoro, porém se a formiga não for comida, volta a exibir esse comportamento na noite seguinte, uma vez que o sol direto mataria o hospedeiro, e o parasita junto com ele. Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=lGSUU3E9ZoM&NR=1
Aves marinhas soltam ovos da californiensis em suas fezes, que são ingeridas por caramujos, os quais são “castrados”. A não reprodução do caramujo previne a superpopulação e mantem as comunidades de algas. As larvas saem do caramujo e procuram por um peixe chamado killifish-da-Califórnia, prendendo-se em suas guelras, nadam pelas veias até o cérebro, instalando-se e esperando que o peixe seja comido por uma ave marinha fechando o ciclo. Os parasitas fazem com que o peixe se contorça mostrando a barriga, nade de lado e chegue perto da superfície – comportamentos perigosos se houver alguma ave por perto procurando comida, aumentando 30 vezes a chance de ser predado.
Toxoplasmose altera comportamento de ratos
O toxoplasma possui um ciclo de vida que passa por duas espécies de hospedeiros. A fase sexual ocorre no intestino dos gatos, os quais excretam em suas fezes os ovos do protozoário, que devem ser ingeridos por roedores, formando cistos que se alojam no cérebro, mais precisamente na amígdala – região que responde pela manipulação específica do comportamento do animal. Estudos atuais como de Robert Sapolsky, da Universidade de Stanford, na Califórnia (Vyas e colegas, PNAS 2007) têm mostrado que ratos infectados pelo Toxoplasma gondii, ficam menos cautelosos, correndo pelo meio da rua, em vez de se movimentar pelos cantos – tornando-se presas fáceis para gatos. Essa alteração do comportamento é comandada pelo verme, uma vez que ele depende do aparelho digestivo dos felinos para se reproduzir. Assim, o T. gondii bloqueia a aversão natural de ratos e camundongos ao cheiro da urina de gatos e produz no lugar uma espécie de atração ao feromônio. A equipe liderada por Ajai Vyas, da Universidade Stanford, comprovou que a infecção não diminui outros tipos de comportamentos aversivos dos ratos, manifestações de ansiedade e medos em geral que tenham sido aprendidos, nem tampouco afeta a capacidade olfativa, o sucesso reprodutivo e o status social dos roedores.
((Alysson Muotri http://www.espiral.globolog.com.br/inde ... tId=315091) (http://www.bemparana.com.br/)
Toxoplasmose altera comportamento de humanos
Inúmeras pesquisas britânicas, tchecas e americanas têm verificado que homens infectados por toxoplasma tendem a ficar mais agressivos, anti-sociais e menos atraentes. As mulheres, por outro lado, se tornam mais desejáveis e divertidas, mas menos confiáveis e possivelmente mais promíscuas. Esses dados têm levantado a hipótese de que a contaminação endêmica da população de gatos está relacionada com a cultura de um país. A França, por exemplo, têm mais gatos infectados do que a Grã-Bretanha, o que explicaria por que as mulheres francesas são consideradas mais sensuais do que as britânicas. O estudo, patrocinado pelo Stanley Research Medical Institute of Maryland, um centro de estudos de doenças mentais, mostra que quase metade das pessoas na Grã-Bretanha carrega o parasita em seus cérebros, o que pode fazer com que elas passem por lentas, mas cruciais mudanças de comportamento. O instituto já publicou uma pesquisa mostrando que as pessoas infectadas com o protozoário têm mais risco de desenvolver esquizofrenia e maníaco-depressão. Nicky Bouter, da Universidade de Tecnologia de Sidney (Austrália) publicou (Australasian Science) um artigo onde demonstra que homens infectados com Toxoplasmose têm um QI mais baixo, não atingem um nível de educação muito alto e têm desvios de atenção. São mais propensos a burlarem regras e a correrem riscos. São mais ciumentos, anti-sociais, rabugentos, desconfiados e considerados pouco atraentes pelas mulheres”, mas por outro lado, “as mulheres infectadas têm um comportamento mais amigável e promíscuo, o que as fazem mais atraentes aos olhos dos homens”. Jaroslav Flegr, da Universidade Charles, em Praga, também concluiu que as mulheres infectadas eram mais simpáticas, tinham mais amigos e eram mais atentas sobre suas aparências. Mas elas eram também menos confiáveis e tinham mais relacionamentos com homens".
(BBC-Brasil - Dra. Shirley de Campos http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/6223) (http://mydejavu.wordpress.com/2006/12/27/parasita-transforma-mulheres-em-pervertidas-sexuais/)
“Quando Copérnico tirou a Terra do centro do universo e Darwin tirou do homem o privilégio da semelhança divina, continuamos pelo menos a sonhar que estávamos acima dos outros animais. Mas somos apenas uma coleção de células trabalhando juntas, cuja harmonia é mantida por sinais químicos. Se um organismo, por mais insignificante, é capaz de controlar esses sinais, pode nos escravizar. A conclusão é inescapável: os parasitas dominam o mundo” Por Carl Zimmer http://super.abril.com.br/superarquivo/2000/conteudo_154049.shtml http://www.superinteressante.com.br/superarquivo/2000/conteudo_154049.shtml
E você, o que acha disso?
Alguns pesquisadores como Carl Zimmer (autor do livro Parasite Rex, 2000; Ed. Free Press – página pessoal: http://www.carlzimmer.com) apostam que os parasitas não pegam apenas “carona” no seu hospedeiro, mas que manipulam o comportamento, chegando a causar esterilidade e até mudança de sexo, os hospedeiros poderiam ser tecnicamente vistos como “parasitas disfarçados”. Um exemplo extraoridinário está no vídeo abaixo em que os parasitas de um caramujo vão até seus tentáculos e fazem com o que suba na vegetação e, então, mova-os para atrair as aves.
A fêmea da craca Sacculina carcini deposita os ovos no carangueijo através de um orifício no exoesqueleto. A larva forma um nódulo espalhando raízes por todo o corpo do hospedeiro, absorvendo nutrientes da hemolínfa. O macho livre encontra a fêmea fixada e a fecunda. A craca, então, toma emprestada a bolsa que a fêmea do caranguejo usa para carregar ovos e guarda lá os seus. Se o bicho infestado for um macho, a craca muda o formato do abdome dele, tornando-o capaz de transportar ovos. A vítima cuida dos ovos do parasita, protegendo-os contra algas, fungos e predação.
O verme Dicrocoelium dendriticum - uma espécie de fascíola – quando adulto, se aloja em ruminantes, os ovos são eliminados nas fezes e ingeridos por caramujos. Os parasitas se instala na glândula digestiva e vão para a superfície do corpo sendo envolvidas em bolas de muco e liberadas na grama. Então, formigas, ingerem centenas de fascíolas que formam cistos no abdome e na cabeça. Os parasitas ficam numa posição do cérebro que comanda o inseto para se afastar de suas colegas e subir na vegetação durante a noite. As formigas esperam ser devoradas por um herbívoro, porém se a formiga não for comida, volta a exibir esse comportamento na noite seguinte, uma vez que o sol direto mataria o hospedeiro, e o parasita junto com ele. Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=lGSUU3E9ZoM&NR=1
Aves marinhas soltam ovos da californiensis em suas fezes, que são ingeridas por caramujos, os quais são “castrados”. A não reprodução do caramujo previne a superpopulação e mantem as comunidades de algas. As larvas saem do caramujo e procuram por um peixe chamado killifish-da-Califórnia, prendendo-se em suas guelras, nadam pelas veias até o cérebro, instalando-se e esperando que o peixe seja comido por uma ave marinha fechando o ciclo. Os parasitas fazem com que o peixe se contorça mostrando a barriga, nade de lado e chegue perto da superfície – comportamentos perigosos se houver alguma ave por perto procurando comida, aumentando 30 vezes a chance de ser predado.
Toxoplasmose altera comportamento de ratos
O toxoplasma possui um ciclo de vida que passa por duas espécies de hospedeiros. A fase sexual ocorre no intestino dos gatos, os quais excretam em suas fezes os ovos do protozoário, que devem ser ingeridos por roedores, formando cistos que se alojam no cérebro, mais precisamente na amígdala – região que responde pela manipulação específica do comportamento do animal. Estudos atuais como de Robert Sapolsky, da Universidade de Stanford, na Califórnia (Vyas e colegas, PNAS 2007) têm mostrado que ratos infectados pelo Toxoplasma gondii, ficam menos cautelosos, correndo pelo meio da rua, em vez de se movimentar pelos cantos – tornando-se presas fáceis para gatos. Essa alteração do comportamento é comandada pelo verme, uma vez que ele depende do aparelho digestivo dos felinos para se reproduzir. Assim, o T. gondii bloqueia a aversão natural de ratos e camundongos ao cheiro da urina de gatos e produz no lugar uma espécie de atração ao feromônio. A equipe liderada por Ajai Vyas, da Universidade Stanford, comprovou que a infecção não diminui outros tipos de comportamentos aversivos dos ratos, manifestações de ansiedade e medos em geral que tenham sido aprendidos, nem tampouco afeta a capacidade olfativa, o sucesso reprodutivo e o status social dos roedores.
((Alysson Muotri http://www.espiral.globolog.com.br/inde ... tId=315091) (http://www.bemparana.com.br/)
Toxoplasmose altera comportamento de humanos
Inúmeras pesquisas britânicas, tchecas e americanas têm verificado que homens infectados por toxoplasma tendem a ficar mais agressivos, anti-sociais e menos atraentes. As mulheres, por outro lado, se tornam mais desejáveis e divertidas, mas menos confiáveis e possivelmente mais promíscuas. Esses dados têm levantado a hipótese de que a contaminação endêmica da população de gatos está relacionada com a cultura de um país. A França, por exemplo, têm mais gatos infectados do que a Grã-Bretanha, o que explicaria por que as mulheres francesas são consideradas mais sensuais do que as britânicas. O estudo, patrocinado pelo Stanley Research Medical Institute of Maryland, um centro de estudos de doenças mentais, mostra que quase metade das pessoas na Grã-Bretanha carrega o parasita em seus cérebros, o que pode fazer com que elas passem por lentas, mas cruciais mudanças de comportamento. O instituto já publicou uma pesquisa mostrando que as pessoas infectadas com o protozoário têm mais risco de desenvolver esquizofrenia e maníaco-depressão. Nicky Bouter, da Universidade de Tecnologia de Sidney (Austrália) publicou (Australasian Science) um artigo onde demonstra que homens infectados com Toxoplasmose têm um QI mais baixo, não atingem um nível de educação muito alto e têm desvios de atenção. São mais propensos a burlarem regras e a correrem riscos. São mais ciumentos, anti-sociais, rabugentos, desconfiados e considerados pouco atraentes pelas mulheres”, mas por outro lado, “as mulheres infectadas têm um comportamento mais amigável e promíscuo, o que as fazem mais atraentes aos olhos dos homens”. Jaroslav Flegr, da Universidade Charles, em Praga, também concluiu que as mulheres infectadas eram mais simpáticas, tinham mais amigos e eram mais atentas sobre suas aparências. Mas elas eram também menos confiáveis e tinham mais relacionamentos com homens".
(BBC-Brasil - Dra. Shirley de Campos http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/6223) (http://mydejavu.wordpress.com/2006/12/27/parasita-transforma-mulheres-em-pervertidas-sexuais/)
“Quando Copérnico tirou a Terra do centro do universo e Darwin tirou do homem o privilégio da semelhança divina, continuamos pelo menos a sonhar que estávamos acima dos outros animais. Mas somos apenas uma coleção de células trabalhando juntas, cuja harmonia é mantida por sinais químicos. Se um organismo, por mais insignificante, é capaz de controlar esses sinais, pode nos escravizar. A conclusão é inescapável: os parasitas dominam o mundo” Por Carl Zimmer http://super.abril.com.br/superarquivo/2000/conteudo_154049.shtml http://www.superinteressante.com.br/superarquivo/2000/conteudo_154049.shtml
E você, o que acha disso?
Achei pouco enteressante pela falta de um vídeo que nos esclarecesse melhor a assunto e o conteúdo escrito também nos esclarece pouco sendo o tema tão enteressante ficou muito a desejar.
ResponderExcluirUm texto abrangente que nos leva a refletir sobre nossas próprias relações ecológicas, enquanto seres vivos em relação com outros organismos da biosfera, e dos prejuízos que causamos e sofremos nestas interações. Imaginar que somos "comandados" por parasitas não é muito confortável para os humanos que se consideram os "donos" da Natureza, ou talvez até de todo o Universo.
ResponderExcluirO texto é muito interessante, porém senti fala das referências, pois gostaria de ler os textos originai.
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