"Às vezes acredito que há vida em outros planetas, às vezes eu acredito que não. Em qualquer dos casos, a conclusão é assombrosa." – Carl Sagan
Exobiologia (astrobiologia) foi uma palavra criada no início da década de 1960 por Joshua Lederberg (Ganhador do prêmio Nobel de 1958), um biólogo que trabalhou para NASA em programas experimentais para a busca de vida em Marte . É uma ciência relativamente nova e tenta responder três questões básicas. Como a vida se inicia e como evolui, existe vida em algum lugar do universo e qual o futuro da Terra e em outros lugares. Seus objetivos se sintetizam no entendimento da natureza e distribuição de ambientes no universo, determinar o potencial para planetas habitáveis e caracterizar aqueles que são observáveis. Observação da existência de química pré-biotica em outros planetas, ambientes habitáveis em nosso sistema solar e as prováveis estruturas físicas e químicas da vida, os mecanismos evolucionários, metabolismos e aclimatização da vida e determinar como reconhecer sinais de vida em outros planetas. Se houver vida em outro planeta esta será produto de bilhões de anos de evolução biológica independente, em pequenas etapas, cada uma envolvendo uma série de pequenos acidentes mutacionais, em planetas muito diferentes daquele que caracteriza a Terra.
Ernst Mayr, um dos mais importantes evolucionistas do século 20 acreditava que alguns projetos tais como o S.E.T.I. (Busca por Vida Inteligente Extraterrestre) através de sinais de rádio são perdas de tempo, pois baseiam-se no pressuposto de uma certa similaridade no desenvolvimento da vida em outros planetas, a vida que conhecemos e vemos, segundo ele é um evento específico de nosso planeta e de suas condições evolucionárias, aonde se existir vida em outros lugares do universo, provavelmente as formas de comunicação sejam totalmente diferentes e estranhas para nós.
Devemos evitar o chauvinismo de que a vida em outro lugar tem de ser muito parecida com a daqui. A evolução da vida na Terra é um resultado de acontecimentos aleatórios, mutações ao acaso e fases individualmente improváveis, pequenas diferenças no princípio da evolução e em suas etapas têm mais tarde uma importância profunda na evolução da vida. Se voltássemos a começar a terra de novo e se apenas os fatores aleatórios atuassem, quase certamente acabaríamos em algo que em nada se assemelhasse com os humanos e os outros tipos de vida existentes. Sendo muito menos provável que existissem semelhanças com seres de outros planetas.
Temos que melhorar muito ainda nossas percepções e não ficarmos presos em conceitos que julgamos essenciais para que exista vida e por isso restringirmos a existência a outros planetas que não sejam parecidos ou tenham condições similares a Terra. Em certa altura pensava-se que tinham sido detectados óxidos de azoto na atmosfera de Marte. Apareceu uma publicação cientifica sobre esta suposta descoberta. Os autores argumentaram então, que a vida em Marte era impossível, pois os óxidos de azoto são gases venenosos. Porém estes óxidos só são venenosos para certos organismos na terra. No livro “As ligações cósmicas” de Carl Sagan, o autor calcula que a quantidade obtida de óxidos de azoto na superfície de Marte é menos do que a quantidade média em Los Angeles. Observações posteriores mostraram que não haviam óxidos de azoto em Marte.
Segundo, Carl Sagan (Astrônomo e Biólogo), o chauvinismo do oxigênio é vulgar. Isto ignora o fato de que a vida na terra começou sem oxigênio. Fundamentalmente o oxigênio é um gás venenoso. Combina-se quimicamente com (e destrói) as moléculas orgânicas da qual é composta a vida na terra. Nenhum organismo inicial usou oxigênio molecular O2. Num conjunto de adaptações evolucionárias os organismos aprenderam não só a sobreviver em um meio com esse gás venenoso, mas a usá-lo efetivamente para aumentar a eficiência com que, por metabolismo, transformamos os alimentos. A ausência de oxigênio, por exemplo, em Júpiter, não é um argumento contra a vida nesses planetas. Os raios ultravioletas do sol são perigosos para as formas de vida na terra, mas isso porque a maior parte dessas formas de vida na terra evoluiu na ausência de um fluxo de raio ultravioleta elevado. Na verdade, o bronzeado solar e a elevada pigmentação da pele são adaptações nessa direção, possivelmente algum as formas de vida condicionada a essas condições desenvolveriam proteções, tais como cascos opacos, como tartarugas, tartarugas de marte, ou talvez seres vivos em um para-sol ultravioleta.
Acredita-se que Júpiter e Saturno, no sistema solar exterior, devido a extrema temperatura baixa, tornam impossível a forma de vida. Mas estas baixas temperaturas não se aplicam a todas as parte destes mundos, mas referem-se apenas as camadas mais externas das nuvens, que são acessíveis aos telescópios no infravermelho. Há sempre uma região nas atmosferas de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno que possuem temperaturas bastante confortáveis para a vida na Terra. Mas porque será que nosso corpo se incomoda com oscilações de alguns 20º graus e de alguns outros animais. Seria porque estamos no único planeta do sistema solar que possui uma superfície com a temperatura correta para a vida? Ou a nossa química esta delicadamente sintonizada com a temperatura planetária em que evoluímos?. O caso é de quase certeza o ultimo. Outras temperaturas, outras bioquímicas. Em um planeta muito mais quente as nossas moléculas seriam desfeitas e em muito frios ficariam rígidas e as nossas reações químicas não continuariam em um ritmo útil. Existe a possibilidade que cadeias muito mais fortes em Vênus e muito mais fracas no sistema solar exterior desempenhem o mesmo papel das cadeias de hidrogênio na Terra.
Quase certamente em qualquer parte do universo, os sistemas biológicos serão construídos por moléculas de carbono, tal como a vida neste planeta. Há alternativas possíveis como o silício e o germânio que podem tomar parte em alguns dos mesmos tipos de reações químicas do carbono, porém a maioria dos compostos complexos pode ser formado geralmente pelo carbono e este é presente em quantidade maior no universo. Também existem o julgamento para que se procure vida perto das estrelas do mesmo tipo que a do Sol, aonde poderia haver vida. O que como foi constatado pela descoberta do Planeta Gliese em 2007 não é uma regra, este planeta órbita um tipo diferente de Sol, muito mais denso e possui condições parecidas com a Terra e possivelmente possui um mar gigantesco ou talvez todo o planeta seja um. Também a própria existência da vida em planetas, do mesmo modo que somos seres, completamente a vontade na terra, apesar de termos evoluído do mar, o universo pode estar povoado de possíveis sociedades e criaturas que cresceram em planetas e se adaptaram ao espaço interstelar. Muitos organismos aqui na Terra são descobertos vivendo em condições consideradas totalmente extremas, com em gêiseres , salinas, pressões gigantescas no fundo dos mares, e etc.
Se ocorrer a descoberta de um organismo, por exemplo, em Marte, mesmo este sendo extremamente simples, teria profundo significado biológico. Trazendo inúmeros benefícios práticos insuspeitos, como pesquisas no envelhecimento de células. Por outro lado se Marte não apresentar vida, uma experiência natural foi realizada nos dois planetas, semelhantes em muitos aspectos, mas em um se desenvolveu vida e em outro não. Muito se poderá descobrir sobre a origem da vida. Também a busca de produtos químicos orgânicos pré-biológicos na Lua, em Marte ou em Júpiter tem grande importância para compreender os degraus que levaram a ascensão da vida. Mas a procura de vida em outros planetas, trás algumas preocupações como infestação e contaminação biológica por organismos extraterrestres, aonde devemos ter um máximo cuidado, pois se realmente existir algo biológico fora do nosso planeta, ficaremos a frente de algo que estará possivelmente além do que compreendemos.
Bibliografia
SAGAN, Carl. As ligações cósmicas: uma perspectiva extraterrestre. Lisboa: Bertrand Brasil, 1987. 264 p.
Des Marais, David J. et al., The NASA Astrobiology Roadmap. Astrobiology, Mary Ann Liebert, Inc. Vol. 8 Number 4,2008.
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